Creio
que apenas um ser suficientemente maduro possa compreender essa frase
tanto em sua plenitude universal quanto em sua profundidade abissal.
Não há intelectualidade analítica capaz de desvenda-lá sem cair
em alguma contradição. Os métodos do mundo – da imensa maioria –
são impotentes diante de afirmações tão profundas e sublimes.
Afirmações aparentemente loucas (a loucura contém a 'cura'...mas
apenas a loucura supra-normal) e paradoxais ganham sentido quando
vivenciadas. A intuição supera a razão. O espírito engloba a
mente, mas não vice-versa.
Alguns
professores que tive diziam – inconscientemente, através de
inúmeras observações provavelmente – que o aprendizado era um
processo doloroso. Isso assusta o aluno e dificulta o trabalho do
mestre. No entanto, vemos que as maiores transformações ocorrem
APENAS após um período de sacrifícios, renúncias e dores. Não
apenas esses tormentos, mas igualmente saber lidar com eles de forma
receptiva, é o meio de realizar o que grandes mestres denominam
'ascensões humanas'. E saber se dirigir a eles conscientemente
quando estamos preparados interiormente.
Convido
o leitor a observar os detalhes da vida de alguns expoentes da
sabedoria cósmica como Sócrates, Mahatma Ghandhi, Albert Schweitzer, Pietro Ubaldi,
Blaise Pascal, Francisco de Assis e Jesus. Observar-se-á que: 1)
todos esses seres poderiam triunfar materialmente no mundo, e 2)
igualmente, com suas capacidades, poderiam esses mesmos seres dominar
mentalmente (intelecto) seus semelhantes, impondo sua forma mental a
um mundo e ganhando honras e títulos com isso. Condições de vencer
no físico e na mente. Mas eles preferiram renunciar a isso. Ou
melhor, optaram por usar os bens, o físico, o sentimento e o
intelecto apenas para servir o espírito.
Observe
todos os fatos. A fundo.
Por
que Jesus se deixou levar à cruz, com calma, serenidade,
determinado?
Por
que Sócrates discursou no seu julgamento com calma, firmeza e
afirmou uma Verdade universal – vencendo todos ignorantes com suas
limitações conceituais – bebendo cicuta sem grandes preocupações?
Por
que Pietro Ubaldi, nascido em família rica, saudável, forte, com
estudos, títulos e posses, deixou tudo para viver o Evangelho de
forma integral, colocando em risco apenas sua vida e espírito? E
mais: deixou TODA herança, tudo, e ainda, para não ser peso para
sociedade, arranjou emprego, realizando a sua verdadeira missão
(escrever a Obra de 24 volumes, um tratado
filosófico-espiritual-científico sobre o Todo, realizando a Síntese
do Saber), dos 41 aos 85 anos?
Por
que o jovem Francisco, filho de família riquíssima, largou tudo
para servir ao mundo – e com satisfação e alegria?
De
longe, ao vermos todos empecilhos e superações, admiramos cada uma
dessas figuras. De perto, pessoas invejosas se incomodavam.
Geralmente pessoas não do povo, mas dos eruditos, com títulos e
fama e saúde e planos egocêntricos. Pessoas contaminadas pelo
intelecto que não encontraram a consciência.
A inteligência não é o máximo grau evolutivo.
Ela
deve ser guiada por algo maior. E a humanidade, no seu íntimo, sente
isso. Especialmente aqueles que tudo (deste mundo) conseguiram.
A
consciência não pensa, mas sabe.
Ela
é sábia e resolve as últimas questões, sem passar pelo laborioso
processo mental-analítico. Ela intui e resolve. Ela é adquirida por
vivência. Ela guiará o intelecto, colocando-o como servo.
A
Consciência Absoluta está para o nosso Superconsciente.
O
Intelecto está para o nosso Consciente.
Os
instintos estão para nosso Subconsciente.
Cuidado: A consciência plena (absoluta) não é a nossa consciência humana! Esta é vista como ponto final pelo grosso “educado” do mundo, mas deve ser considerada como um intelecto-analítico. Um estágio sub-consciente em termos absolutos.
Sem Dor não há Salvação.
Mudar sem esforço é mudar permanentemente por fora OU mudar temporariamente por dentro.
De
uma forma ou outra, não é mudar de fato.
Mudar
com esforço é se transformar permanentemente por dentro.
Isso
é mudar de fato, seja você um farrapo humano ou um bem de vida.
Mas
quando a potência da vertical mística interior atinge o ápice, há
transbordamento em forma de atuação ética. E com isso inicia-se o
verdadeiro trabalho de ascensão coletiva. Eis a missão das
personalidades citadas.
Mudar
de fato profundamente transborda numa liberdade em servir.
Ser
feliz no sofrimento ou ser infeliz no gozo?
Muitos
afirmam veementemente serem felizes por dentro, e atuam com esforço
tremendo para demonstrar isso, mas recorrem frequentemente a
entorpecentes, relações superficiais, demandam elogios e acumulam
bens e títulos e posses para mostrar e demonstrar ao mundo o seu
sucesso e exemplo. Para se sentirem seguros. Nada mais, nada menos...
Afirmar
e provar e mostrar não convence o íntimo de ninguém.
Por
isso, quando alguém afirma algo (eu ou você ou outro), raras vezes
devemos dar peso a isso.
Por
isso, quando alguém demonstra algo (eu ou você ou outro), raras
vezes devemos nos impressionar com isso.
Mas
quando alguém simplesmente É, pouco afirmando e pouco fazendo, uma
influência imponderável estará presente. Um Ser nesse grau de
conscientização dificilmente recorre ao mundo externo para se
manter seguro. Seu SER superou todos seus TERES e PARECERES, tornando
estes servos daquele. Se faz, fá-lo de forma sólida e orientada. Se
diz, diz de forma calma e convincente.
A
dor não é buscada gratuitamente. Ela é encarada como deve ser:
oportunidade no momento adequado para iniciarmos um processo de
micro-ascensão (para nós, ainda pouco conscientes) ou
macro-ascensão (para expoentes que buscam os infernos
conscientemente).
Mas
não se trata de salvar os outros.
Isso
é consequência.
Trata-se
de se auto-realizar após atingir o autoconhecimento.
Seria
muito cômodo termos nossa Salvação garantida apenas com o
sofrimento homérico de uns poucos seres.
A dor é individual. A Salvação é individual.
Mas
podemos nos ajudar. Guiamos ou nos deixamos guiar.
Sem Dor não há Salvação.
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