É interessante. Existem coisas que podemos dizer sem sermos minimamente compreendidos. O único significado captado pelos outros será a forma da mensagem. Esse mecanismo humano, do ponto de vista de quem passa a mensagem, é uma redução brutal do simbolizado transmitido (essência) para se adaptar ao símbolo captado (forma).
Nada que exceda o grau de consciência, incluindo a capacidade de vislumbre (intuir), será transmitido com eficácia. Dessa forma começa-se a perceber que muitos conceitos e percepções profundas da vida somente poderão ser compartilhados por um círculo muito restrito de amigos. Uma fraternidade minúscula numericamente falando. Mas muito diversa em termos de sensibilidade. Trata-se de uma questão de sensibilidade. Poucas pessoas ainda tem desenvolvido esse sentido interior.
Meu destino preestabelecido foi abandonado em busca de um maior sentido para minha existência individual. Minha profissão fatal era e seria a de engenheiro. Mudei os rumos do meu carma, não desviando dele, mas compreendendo-o e superando-o. O milagre ocorreu e eis me aqui. No entanto, como o místico moderno da Umbria, o ambiente está muito longe do ideal. Mas a rotina diferenciada, com mais e maiores graus de liberdade, permite que a alma se expanda de forma mais sadia. Essa alma tem muito a dar - eu o sinto. Uma missão a realizar. Uma tarefa a executar. Um destino mais nobre a ser escrito no mármore da História.
Estou forjando meu ser com a dor da incompreensão e da solidão. Tenho a (persistente) sensação de telefinalismo da vida terrena. Esta é apenas um característica transitória de uma vivência mais profunda, com poderes de percepção além do concebível. Falar desses assuntos é raríssimo hoje em dia. Se esses temas emergem no cotidiano vazio e estúpido humano, ele é encarado como tópico de lazer, visando gerar assunto na horizontalidade social, de forma a preencher as lacunas que sobram das repetições enfastiantes de temas formais, desnecessários, engessados e repetitivos - em sua larga maioria. Isso causa desespero agudo às alma ardentes por significados mais plenos. Tão agudo que o desespero domina tanto o espírito quanto o corpo, se traduzindo em gestos de perturbação, falta de concentração e fatal estreitamento dos portais de atuação e sentidos. Porque percebe-se que a atuação praticada tem efeito mínimo - por vezes deletério, prejudicando a vida do ser. Essa é a chaga do julgamento sem conhecimento de causa. Deve-se criar o ambiente que poderá atrair certos tipos de seres. O autor busca fazê-lo em termos reais (oficialmente) e virtuais (aqui). Num o público é pequeno mas a vivência é mais íntima. Noutro o público se expande, com os tentáculos conceituais se estendendo pelo mundo todo - mas a vivência é menos intensa.
Agora mesmo me encontro em sala, auxiliando uma colega a aplicar prova. Há necessidade de controle rígido, terror e ameaças, para conseguir certo nível de comportamento. Mas a imensa maioria só permanece enquadrada por astúcia. O tipo médio é o mesmo, seja ele aluno ou professor.
Buscamos o caminho mais fácil na vida. Qualquer atividade que demande um esforço sem compensação proporcional é visto como inútil. Alguns até se interessam ao ver seu semelhante fazendo esse tipo de epopéia, persistentemente, ao longo dos anos. Assim tem um assunto para falar, alguém para caçoar, uma lacuna a preencher - de seu imenso vazio interior. Simplesmente assistem de longe. Outros acham bonito, mas jamais fariam algo parecido. É uma bela teoria a ser contemplada para satisfação do ego. Quando essa teoria - que para quem a implementa é uma vivência intensa - é esmagada ou sofre ataques cruéis, logo a admiração some. Ajuda, nem se fala. E assim o ser se vê diante da incompreensão humana.
"Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem"
Jesus, o Cristo
Os trechos do Evangelho que pareciam apenas belas frases soltas começam a se fundir com todos aqueles sentimentos de perdição, angústia e busca alucinada daquele que não aceita uma realidade tão falsa. Assim essas palavras assumem aspecto mais translúcido. Elas são mais vívidas a cada leitura. Adentram nas entranhas espirituais para serem elaboradas. Assim o ser é cada vez mais impelido à prática. Ganha-se potência e coragem. Persiste-se.
O místico não estuda o fenômeno. Vive em sinceridade consigo e em harmonia com os aspectos fundamentais da vida (cinco A's). Faz disso o seu reino e assim se torna um fenômeno. Há ainda aqueles que possuem um germe de genialidade e conseguem, a partir de sínteses, formular obras fantásticas que vão sendo compreendidas gradativamente.
Para quem conquistou certa sensibilidade, uma vida sem sentido é mais dolorosa do que todas as ameaças e prazeres do mundo - pois as duas coisas, no fundo, partem da mesma essência (ilusão) e colimam no mesmo fim (dor). Gozo e prazer se complementam no magnetismo que deixa a humanidade ancorada no lodaçal do isolamento. As aproximações são tímidas e lentas. Os partidarismos se revelam de forma clara. Os adiamentos acabam deixando o ser cada vez mais determinado: deve fazer tudo de per si. A iniciativa deve partir dele, pois o mundo está perdido anseia difusamente pela meta - a evolução.
Quando comprimimos algo as possibilidades de escape desenfreado são múltiplas. Quanto mais intensa essa compressão, mais desesperador. No entanto, é a determinação no sentido dessa dor (pressão das circunstâncias) que possibilita o alargamento do campo das possibilidades. Assim a criatividade eclode e logo permeia todos os cantos. O ser cria uma conexão com os fenômenos e vê o significado dos atos. Vê a mentalidade que forja a atitude. Vê os longos horizontes de tempo e de espaço, percebendo que por mais que se expanda um finito, o infinito domina e coordena. Quando o aperto é tão grande e é inexorável a expulsão do ser do campo de forças que o comprime, ele já sabe para onde vai: para cima. Pois se moldou de forma adequada, de modo a permitir a manifestação da dor até sua exaustão. Mas esta, focada apenas nas agressão, não controla o que dela fazemos. A nossa reação à dor é o que definirá nosso estofo espiritual.
Esses textos não param. Nem mesmo em períodos de grande desolação e tensão. Isso é o que o autor é incapaz de explicar. A lógica existe mas está fora do campo da racionalidade cerebral. Eles fluem como ímpeto. Jorram pela desolação.
Seguir conselhos é garantia de reprodução. Pode ser confortável e socialmente interessante. Mas a solução está em conectar-se com forças imponderáveis através da maturação evolutiva. Autores já apontam para isso de forma cada vez mais clara [1]. É impressionante como as visões de mundo que venho esboçando se tornam cada vez mais claras e justificadas.
Adquirir sensibilidade para reconhecer os milagres que se operam na natureza é poeticamente iluminado. Mas forjar um destino capaz de acionar as engrenagens da Lei e superar seu atavismo é arrebatador. O caminho se transmuda.
O místico busca a solidão para compreender melhor como lidar com os fatos da vida. Não se isola por medo, por ódio ou por desprezo. Isola-se apenas porque o respeito pelo próximo aumenta. Porque compreende-se a impossibilidade de uma vida mais conectada, que pode mais causar problemas do que compreensões. A escalada rumo ao misticismo é a trajetória do evoluído. O retorno do místico ao mundo é a santificação do ser, cuja natureza se plasma, adquirindo magnetismo fora do comum que está preparado para ascender.
Meu destino preestabelecido foi abandonado em busca de um maior sentido para minha existência individual. Minha profissão fatal era e seria a de engenheiro. Mudei os rumos do meu carma, não desviando dele, mas compreendendo-o e superando-o. O milagre ocorreu e eis me aqui. No entanto, como o místico moderno da Umbria, o ambiente está muito longe do ideal. Mas a rotina diferenciada, com mais e maiores graus de liberdade, permite que a alma se expanda de forma mais sadia. Essa alma tem muito a dar - eu o sinto. Uma missão a realizar. Uma tarefa a executar. Um destino mais nobre a ser escrito no mármore da História.
Estou forjando meu ser com a dor da incompreensão e da solidão. Tenho a (persistente) sensação de telefinalismo da vida terrena. Esta é apenas um característica transitória de uma vivência mais profunda, com poderes de percepção além do concebível. Falar desses assuntos é raríssimo hoje em dia. Se esses temas emergem no cotidiano vazio e estúpido humano, ele é encarado como tópico de lazer, visando gerar assunto na horizontalidade social, de forma a preencher as lacunas que sobram das repetições enfastiantes de temas formais, desnecessários, engessados e repetitivos - em sua larga maioria. Isso causa desespero agudo às alma ardentes por significados mais plenos. Tão agudo que o desespero domina tanto o espírito quanto o corpo, se traduzindo em gestos de perturbação, falta de concentração e fatal estreitamento dos portais de atuação e sentidos. Porque percebe-se que a atuação praticada tem efeito mínimo - por vezes deletério, prejudicando a vida do ser. Essa é a chaga do julgamento sem conhecimento de causa. Deve-se criar o ambiente que poderá atrair certos tipos de seres. O autor busca fazê-lo em termos reais (oficialmente) e virtuais (aqui). Num o público é pequeno mas a vivência é mais íntima. Noutro o público se expande, com os tentáculos conceituais se estendendo pelo mundo todo - mas a vivência é menos intensa.
Agora mesmo me encontro em sala, auxiliando uma colega a aplicar prova. Há necessidade de controle rígido, terror e ameaças, para conseguir certo nível de comportamento. Mas a imensa maioria só permanece enquadrada por astúcia. O tipo médio é o mesmo, seja ele aluno ou professor.
Buscamos o caminho mais fácil na vida. Qualquer atividade que demande um esforço sem compensação proporcional é visto como inútil. Alguns até se interessam ao ver seu semelhante fazendo esse tipo de epopéia, persistentemente, ao longo dos anos. Assim tem um assunto para falar, alguém para caçoar, uma lacuna a preencher - de seu imenso vazio interior. Simplesmente assistem de longe. Outros acham bonito, mas jamais fariam algo parecido. É uma bela teoria a ser contemplada para satisfação do ego. Quando essa teoria - que para quem a implementa é uma vivência intensa - é esmagada ou sofre ataques cruéis, logo a admiração some. Ajuda, nem se fala. E assim o ser se vê diante da incompreensão humana.
"Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem"
Jesus, o Cristo
Os trechos do Evangelho que pareciam apenas belas frases soltas começam a se fundir com todos aqueles sentimentos de perdição, angústia e busca alucinada daquele que não aceita uma realidade tão falsa. Assim essas palavras assumem aspecto mais translúcido. Elas são mais vívidas a cada leitura. Adentram nas entranhas espirituais para serem elaboradas. Assim o ser é cada vez mais impelido à prática. Ganha-se potência e coragem. Persiste-se.
O místico não estuda o fenômeno. Vive em sinceridade consigo e em harmonia com os aspectos fundamentais da vida (cinco A's). Faz disso o seu reino e assim se torna um fenômeno. Há ainda aqueles que possuem um germe de genialidade e conseguem, a partir de sínteses, formular obras fantásticas que vão sendo compreendidas gradativamente.
Para quem conquistou certa sensibilidade, uma vida sem sentido é mais dolorosa do que todas as ameaças e prazeres do mundo - pois as duas coisas, no fundo, partem da mesma essência (ilusão) e colimam no mesmo fim (dor). Gozo e prazer se complementam no magnetismo que deixa a humanidade ancorada no lodaçal do isolamento. As aproximações são tímidas e lentas. Os partidarismos se revelam de forma clara. Os adiamentos acabam deixando o ser cada vez mais determinado: deve fazer tudo de per si. A iniciativa deve partir dele, pois o mundo está perdido anseia difusamente pela meta - a evolução.
Quando comprimimos algo as possibilidades de escape desenfreado são múltiplas. Quanto mais intensa essa compressão, mais desesperador. No entanto, é a determinação no sentido dessa dor (pressão das circunstâncias) que possibilita o alargamento do campo das possibilidades. Assim a criatividade eclode e logo permeia todos os cantos. O ser cria uma conexão com os fenômenos e vê o significado dos atos. Vê a mentalidade que forja a atitude. Vê os longos horizontes de tempo e de espaço, percebendo que por mais que se expanda um finito, o infinito domina e coordena. Quando o aperto é tão grande e é inexorável a expulsão do ser do campo de forças que o comprime, ele já sabe para onde vai: para cima. Pois se moldou de forma adequada, de modo a permitir a manifestação da dor até sua exaustão. Mas esta, focada apenas nas agressão, não controla o que dela fazemos. A nossa reação à dor é o que definirá nosso estofo espiritual.
Esses textos não param. Nem mesmo em períodos de grande desolação e tensão. Isso é o que o autor é incapaz de explicar. A lógica existe mas está fora do campo da racionalidade cerebral. Eles fluem como ímpeto. Jorram pela desolação.
Se soubermos viver de forma sincera e plena, gerando ideias e formas de vida vetorizadas para ascensões, teremos um dia-a-dia assim, belo, natural e cheio de inspiração. |
Adquirir sensibilidade para reconhecer os milagres que se operam na natureza é poeticamente iluminado. Mas forjar um destino capaz de acionar as engrenagens da Lei e superar seu atavismo é arrebatador. O caminho se transmuda.
O místico busca a solidão para compreender melhor como lidar com os fatos da vida. Não se isola por medo, por ódio ou por desprezo. Isola-se apenas porque o respeito pelo próximo aumenta. Porque compreende-se a impossibilidade de uma vida mais conectada, que pode mais causar problemas do que compreensões. A escalada rumo ao misticismo é a trajetória do evoluído. O retorno do místico ao mundo é a santificação do ser, cuja natureza se plasma, adquirindo magnetismo fora do comum que está preparado para ascender.
Referências:
[1] https://medium.com/swlh/why-you-shouldnt-take-advice-from-almost-anyone-2961b8d9fb8
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