A Tese de Doutorado e o curso de Graduação em Licenciatura estão drenando muito do meu (precioso!) tempo ultimamente. Somado às provas múltiplas a serem elaboradas, aplicadas e corrigidas em tempo hábil; diários a serem preenchidos; aulas ministradas; dúvidas a serem esclarecidas; ouvir reclamações de alunos; dar sermões em turmas; e cuidar dos afazeres domésticos, resta pouquíssimo tempo para desenvolver conceitos profundos que venho amadurecendo. Somado a isso decidiram por me colocar numa comissão de inventário, na qual devo listar item por item em certas salas da escola.
Sinto ter entrado num 2º ciclo de parada. As impiedosas e férreas obrigações do mundo forçam a parada completa das atividades textuais inspirativas. O tempo de leituras diminuiu também. Pouco convívio com os amigos próximos (poucos). As ideias para cursos de extensão fervilham. Vontade não falta.
Há dias não saio do quarto pelas manhãs. Permaneço conectado ao computador, formatando e documentando meu trabalho de doutorado. E esse não é sequer o maior dos problemas: há alguns problemas sendo solucionados apenas agora, referentes às cadeias de processo (de desenvolvimento) que venho criando e testando nos últimos meses. De forma que apenas nesse quesito (desenvolvimento de tese) me encontro em duas frentes: documentar e resolver problemas. O tempo é curto para quem pretende adquirir o título em breve. A depender de minha pessoa, comemorarei o Natal como Doutor.
Uma pessoa que tem firme convicção a algo levará um projeto de vida até as últimas consequências. Fará proveito das condições. Mas nesses últimos momentos de 2018 o ímpeto por derramar conceitos e lançar ideias teve de ser desviado inteiramente para questões do mundo. Não é necessariamente ruim - mas é sempre triste não poder cantar o canto do espírito ardente.
Às vezes o mundo exige e o dever pelas coisas terrenas fala mais alto. Nesse momento o espírito deve (infelizmente) ser deixado em segundo plano - e as obrigações do mundo, que se acumulam, devem ser resolvidas. Toda essa avalanche não impede o espírito de continuar seu trabalho. O registro de experiências é contínuo e intenso. A tensão se converte em outras coisas. Ideias brotam e conversam entre si. Se chocam e buscam encaixes. Encaixes impossíveis à princípio. Nesses momentos deve se perceber que toda experiência pode ser traduzida em conceito profundo.
Hoje revi um amigo que não via há tempos. Melhor: três. Dois deles há muito tempo sem ver. Nos 4 dias pude assistir três filmes bons que tratam temas diversos*. Iniciei a leitura de "A Era do Capital Improdutivo", de Ladislau Dowbor. E ainda imprimi um ritmo vertiginoso à minha pesquisa de tese. As atividades de licenciatura e o trabalho em grupo progridem - apesar de todas dificuldades.
Há momentos em que não há explicação plausível para a realização de certas coisas. Elas simplesmente ocorrem.
Quando iniciei certas coisas na vida nunca me prendi a resultados. Mas cumpria meu dever ao longo do desenrolar dos processos. Meu foco era no presente. Afastava as preocupações do momento e as incertezas do futuro. Esquecia o passado para não viver reproduzindo-o. Lembrava apenas daquilo que poderia ser usado para me projetar para frente. E assim as coisas caminhavam (e caminham).
Às vezes parece que algo não irá dar certo - mas tudo é concluído e os resultados são muito além do imaginado. Já saí da consciência de "esperar". Apenas imagino as possibilidades. Esperar algo é ter esperança de que esse algo ocorra. É ao mesmo tempo um medo de que o "algo" esperado não ocorra. Isso nos paralisa. Viver cristalizado pelos medos é o pior que pode acontecer numa época que clama por um dinamismo interior. Por isso o espírito arde. Ele puxa o organismo para as fronteiras e este o acompanha, exausto mas obediente. As forças do Alto reverberam nas almas mais inquietas e apaixonadas. São almas que estão numa busca infinita num mundo finito. Uma tragédia muito bela - que não se deseja trocar por nada. É a única tragédia digna de ser vivida.
Mas em breve haverá uma paz. E retomar-se-à a escalada rumo ao infinito. Uma escalada que se torna mais vertiginosa com o passar dos anos. Sem tréguas. Porque o objetivo é supremo e a ânsia por libertação é enorme. Assim a alma canta.
É quando nos tornamos sérios e eficientes que começamos a ser colocados à prova. Percebe-se que é dever de quem mais percebe e compreende a tarefa de fazer as coisas avançarem. O desafio é titânico: dizer de maneira indizível o que nunca foi dito por pessoas sem habilidade de dizer. Essa falta de habilidade é por serem muito sinceras. Esse dizer é a atuação mais poderosa, unificadora de tudo em torno de um ideal.
Observações:
* https://www.youtube.com/watch?v=UyjnzhXJlHU
https://www.youtube.com/watch?v=4oTYlDRuvqI
https://www.youtube.com/watch?v=OvK1xpnlDM8
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