sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Positividade calcada na Realidade

Fala-se muito em ser positivo. De fato, é preciso que nosso agir esteja enraizado numa positividade. Apresentar alternativas ao modelo predominante. A práticas velhas, em desuso. A leis não mais adequadas. Etc. No entanto de pouco adianta uma postura positiva apoiada no terreno movediço das ilusões. É preciso antes uma negatividade áspera e incisiva, que negue o mundo mas o enxergue em sua profundidade instintiva. Em sua natureza mais verídica. É a partir desse abismo que pode-se falar em construção de positividade. Sustentável em seu aspecto de jornada; Equitativa em sua dinamicidade; Inclusiva em seu aspecto de universalidade. 

A onda só se propaga se há a queda da gota num ponto.
Ela dinamiza o entorno. Energia se propaga. A matéria
não se move. Qual seria o equivalente no campo do
pensamento?
Para chegar à luz é preciso antes ter atravessado um longo túnel de escuridão, cheio de monstros e dores que atormentam a alma. Não apenas atravessar, mas chegar ao fim de cabeça erguida, pronto para começar a construção de um novo homem - e assim, de um novo mundo. Isso é o que me revela a vida. Isso é o que os grandes iluminados vieram nos ensinar, de formas diversas. Cristo com sua vivência máxima; Buda com sua postura interior; Gandhi com seu misticismo político; Madre Teresa com sua fraternidade maternal; Vicente de Paulo com seu esforço enorme; Pascal com sua santidade genial e genialidade santa; Einstein com sua dedicação amorosamente científica e cientificamente amorosa; Schweitzer com seus senso de desprendimento e trabalho; Rohden com seu palavreado fantástico e sintetizante; Francisco de Assis com sua intensidade de paixão e integração, Da Vinci com sua multiplicidade criativa; Ubaldi com sua maturação e síntese suprema do conhecimento; e agora Gilson Freire, continuando o trabalho deste último, avançando na compreensão do monismo. Os exemplos abundam mas são ainda poucos. Há de se "criar" mais. O mundo necessita da difusão de uma corrente de pensamento que conduza a superações cada vez maiores na música, na escrita, nas pesquisas, nos trabalhos manuais, na dedicação, no amor e compreensão, na coragem,...

O mundo é muito vasto em sua extensão.
Muito misterioso em sua manifestação.
Muito inspirador em seu devenir...
Preciso escrever. Preciso falar. Preciso difundir conceitos e me expor ao fracasso. Para incorporá-lo e remodelar minha mente e meus sentimentos. Preciso estudar. Trabalhar. Aprender e apreender os aspectos mais cruciais da existência. Interiorizar a todo momento - exteriorizar construções elaboradas, sistematizadas, criativas. Não se pode parar. O trabalho não existe quando só há trabalho. Passa-se a integrar a dimensão crucial da evolução. Ampliá-la num sentido tão vasto, de envergadura capaz de formar, num um amplexo universal, o núcleo do que virá a ser o paraíso. Integração é a chave. A verdadeira alegria só virá quando o dever que odiamos passa a ser o prazer. Essa é a solução definitiva dos problemas externos humanos. A gênese de novos sistemas. O princípio condutor das políticas públicas. Das investigações científicas. Das tergiversações filosóficas. 

Não podemos partir de uma positividade de superfície crendo ser ela definitiva e sustentável. Um pequeno abalo da realidade será suficiente para isolá-la e enfraquecê-la. Já vi isso. Vejo isso. E continuarei vendo. É preciso ousar. Ousar inteligentemente. Como Lawrence (da Arábia), quando decidiu atacar Àqaba de supetão, em ponto e momento inesperados, de modo incisivo e direto - mas não irrefletido. Uma intuição lhe veio? Talvez...O feito foi fantástico, capaz de deixar todas as partes boquiabertas: turcos, britânicos e árabes. Os primeiros, por se apoiarem apenas na realidade histórica e na razão; os segundos, por senso de arrogância; os terceiros, por senso de inferioridade. Todos erram e fracassam quando se prendem a um conceito do mundo. Apenas quem tem fé pode elevar os feitos concretos, fazendo a humanidade avançar positivamente em terreno sólido. O Cinema - o cinema de verdade ! - revela isso. As Escrituras Sagradas. A vivência sincera. Tudo aponta para um princípio. 

Progredir dá trabalho e parece inútil. Mas somente conseguiremos transformar as pessoas - e nós mesmos - se realmente acreditarmos nas palavras e conceitos que propagamos. O relato é apenas um transbordamento de uma vivência fora do comum. É o seu aspecto implícito que irá ditar o poder explícito de seu palavreado. A harmonia das palavras; coerência de discurso; profundidade dos conceitos; e dedicação do autor.  

Momentos de tranquilidade bem vivenciados
são combustível para criações fantásticas.
Devemos focar no processo de crescimento -
jamais nos resultados. Estes virão a seu tempo.
Assim funciona a Lei,
Eu sou incisivo e intenso. Sincero e sério. Há um preço a se pagar. Deve-se portanto exceder as referências máximas nos diversos campos. É necessário ter uma comunicação mais elaborada. Estudar mais do que se estuda. Se dedicar mais do que o normal. Sustentar de forma mais compromissada. Se expor além da conta. E reagir de forma mais positiva a tudo. Criatividade nasce. Desperdício morre. 

"O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido", segundo Bertrand Russell. O próprio pai do racionalismo supremo aponta para aspectos da intuição e misticismo. 

Nos momentos de maior clareza expelimos as maiores chispas de luz. Isso é engraçado a princípio. Mas com as repetições das constatações, passa a ser um cimento de unificação utilíssimo para os fatos mais misteriosos da vida. Quanto maior a fascinação por um tema, menor a preocupação com as exterioridades transitórias e ilusórias. Mas para essa fascinação existir, há de se focar numa coisa que não se esgote. Temas do mundo não se sustentam. Carecem de potência de penetração. Poder de persuasão. A causa da dor é tema central no progresso humano.

A construção do positivo não pode ser efetuada em terreno vazio, árido de experiências, vazio de sentido, sem capacidade de lidar com a complexidade do ser humano e com os eventos do mundo moderno. Assim edifica-se um castelo de areia: bonito por fora, frágil em sua estrutura. Desmoronado, se reconstrói de forma dolorosa e esforçada. No curto e médio prazo se tranquiliza com a bela construção - no longo prazo e na eternidade se perde.

A consciência monista consolidar-se-á até
o final do terceiro milênio. Será o milênio
da maior conquista... 
É preciso sofrer e experimentar. É preciso insistir consigo mesmo e persistir apesar de tudo. É preciso viver o dia a dia, sem saber exatamente o que está sendo erguido. É mister se desprender de títulos e conquistas. Não falar o que se deveria estar fazendo e simplesmente fazer as coisas. É preciso não ter expectativas de reconhecimento. É essencial ser capaz de aceitar os eventos do mundo. É preciso aprender a lidar com as relatividades, e a partir da incorporação (aceitação) das mesmas, apresentar horizontes mais vastos, capaz de enquadrá-las numa ordem maior, de significado mais vasto. Que dê confiança e instigue todos a irem além do imaginado. 

O universo do inimaginável e belo não está na simples expansão quantitativa dos métodos da mente e dos processos tecnológicos, porém na sinceridade das relações e na fé inabalável. Está na qualidade das atitudes e no uso do que foi conquistado até o momento. Está no dinamismo que dá aceleração ao pensamento e aflora a sensibilidade. 

Deus é um conceito que nem sequer imaginamos. Nossa humanidade, até o momento, ensaia aproximações maiores. Faz uso de toda história de dores, de todas correntes de pensamento, de um amplo repertório de teorias consolidadas da ciência e de uma curiosidade que jamais cessa - para atingir uma compreensão um pouco mais completa do Divino. 

Força e Fé !

Nenhum comentário:

Postar um comentário