quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

D E U S

É infinitamente ousado da minha parte fazer uma tentativa de abordar uma questão que não é uma questão - pois trata-se Da Questão. É o ponto Ômega. Assunto Máximo em nosso universo. Tema que supera nosso concebível - e de criaturas muito mais elevadas do que nós. É algo tão arrebatador, tão fantástico, tão sublime, que a alma se despedaça apenas de início. Há uma sensação de destruição por querer adentrar em terreno tão fora de nosso grau vibratório. Aliás: um 'terreno' que não é 'terreno' (indo além de todos 'terrenos'). O conceito do Criador, que é inconceituável, indefinível e portanto indescritível. No entanto, não é possível avançar mais em todos outros assuntos (dos mais vastos e profundos aos mais particulares e cotidianos) sem se refrescar na Fonte da qual tudo emana.

Uma criação única que se faz contínua em nosso universo. Um evolucionismo profundo cujo motor genético está no âmago dos fenômenos, campo do pensamento puro, Reino do Espírito. A não-localidade nos físicos. O imponderável dos filósofos. O sagrado dos religiosos. Não interessa que termos são usados, quais métodos são adotados, quais rituais são seguidos (sim, a ciência também tem os seus): sempre, no fundo, estamos em busca de Deus. 

Logo, qualquer atividade nossa (qualquer) expressa essa ânsia pela ascensão, que se realiza através da evolução. 

Por isso começo falando um pouco sobre vórtices.

Fig.1: Está vendo Deus? Não? Sentindo-o pulsar nos motos fenomênicos? Não? Então você deve viver mais à fundo. 
Depois, ler mais textos aqui (e ali) e compreender o que vêm sendo mostrado. Você imaginava uma imagem de um velho barbudo? Esqueça. Fonte: corttombro studio (Pexels).

Os vórtices são fenômenos que assumem uma 'cara' muito peculiar. Em seu aspecto geométrico (=forma) nos lembra um funil. Se projetarmos num plano, teremos uma espiral. Em seu aspecto cinemático (=movimento) percebemos um movimento de assimilação e eliminação. Em seu aspecto dinâmico (=forças) percebemos um transformismo incessante que é regido por um princípio diretor - seu aspecto mecânico, no sentido de lei que rege o transformismo. Então, quando observamos o vórtice, estamos captando - consciente ou inconscientemente - a estrutura e funcionamento de nosso universo. 

O estudo de Deus nada mais é do que uma aberração para quem já percebe a verdadeira natureza Dele. Não é possível abordar o Criador a partir de referências bibliográficas, buscando o histórico das elucubrações feitas por 'autoridades' no 'assunto'. Isso seria reduzir o Infinito ao finito. Despedaçar a Eternidade no tempo; Relativizar o Absoluto. Tornar Deus objeto de estudos egoísticos. 

A aproximação das criaturas ao Criador deve ser individual, apoiada numa subjetividade que escapou das limitações de uma vida superficial, ditada pela objetividade em todas suas avaliações. Deve ser calcada num sentimento puro e num pensamento profundo

Pensamento que sintetizou a complexidade fenomênica numa simples equação. 

Sentimento que se depurou a tal nível que é capaz de fazer o ser se tranquilizar em meio aos infernos terrestres.

O modelo de abordagem mais adequado (até o momento), me parece aquele do Apóstolo de Gubbio. Por exemplo, em seu 10º volume (Deus e Universo), não há uma única referência bibliográfica envolvida na elaboração dos vinte capítulos. Nenhuma. Toda a visão, todos os conceitos e todas as exemplificações em nosso mundo 'real' são produto de um contato direto com o Absoluto, via intuição, através da própria experiência de vida na dor, unindo os conhecimentos do mundo para formar o quadro geral. 

Sem se deixar contaminar por uma receita de um teórico, ou por uma experiência particular de um ego, é possível atingir a verdade. Uma realidade profunda que explica de forma magistral todos os casos específicos. Uma realidade profunda que circunscreve a realidade superficial, plena de casos de estudo e carente de orientação universal.

Numa humanidade mais evoluída, prestes a nascer, Deus ocupará o primeiro lugar em todas as  atividades humanas. Não será objeto de crença ou refém de religiões, mas princípio supremo que embala o espírito científico, a direção de coletividades, a organização econômica, a produção, o consumo, as formas de expressão, as relações e a evolução do ser. 

Porque Deus não é objeto de um campo humano do saber, mas o Todo que anima Tudo.

Enclausuramos a Divindade em igrejas. Muitos vivem uma vida cindida, dualística, quebrada por completo em seu íntimo viver. Chaveiam do religioso para o científico e vice-versa, crendo com isso que conseguiram resolver o conflito entre ciência e fé. Mas o que fizeram foi apenas aprofundar o abismo entre o relativo (Anti-Sistema) e o Absoluto (Sistema), pois que o reino de satanás é justamente o da divisão bem definida, com dois extremos inconciliáveis, em agressão perpétua e feroz, ignorando-se mutuamente, numa pulverização em série que se prolonga até o aniquilamento completo do ser. Rompe-se assim a integridade (daí o termo des-integração). As relações não se dão, impossibilitando o fenômeno admirável e essencial de emergência (daí o termo des-conexão).

A respeito do termo 'emergência', um vídeo explicativo dará uma ideia de como ela tem tudo a ver com Deus.


Se tornar visível após ter sido escondida pode ser traduzido por restaurar o estado originário da substância após essa ter sido emborcada. De modo que se trata de um salto quântico no processo evolutivo contínuo do cosmos, em que uma combinação de fenômenos / seres gera algo que está além da mera soma de seus elementos constituintes. De repente é possível perceber que 1 + 1 = 3 ou mais (muito mais). Trata-se de uma soma qualitativa, não quantitativa - como nos acostumamos a perceber tudo.

Para quem atingiu um grau de maturação suficiente, o vídeo (fenômeno) por si só já é suficiente para constatar que Deus é não apenas uma realidade, mas A Realidade. Aquilo que tudo permeia, anima e dirige.

Mas...(infelizmente), do mesmo modo que 1+1 pode ser igual a 5 ou 8 ou 100, também pode ser o caso de ser menor do que 2, ou seja 1+1=1 ou 1+1=-5, por exemplo. Nesse caso temos uma relação destrutiva para o todo, para o íntimo do ser. Uma relação em que não há neutralidade (quantitativa) ou sinergia (qualitativa para o positivo), mas destruição de possibilidades (qualitativa para o negativo). Nesse sentido é importante darmos importância tremenda ao modo com o qual nos relacionamos com o mundo.

O que define o sucesso ou insucesso de um indivíduo não é a coletânea de suas vitórias momentâneas, mas o agregado de derrotas integralmente absorvidas e assimiladas, que preparam o ser para o momento mais decisivo de sua vida: o momento em que ele será alçado ao alto para dar seu máximo rendimento. No enanto, para realizar esse tipo de preparo, é imperativo que se saiba como opera a vida. É preciso estar sintonizado com algo que não seja deste mundo, ou seja, o sensório, o aparente, o efêmero, o barulhento. É necessário ter fé, que não é crença (algo cego, não compreendido) e sim essa sintonização (algo consciente, de alguém que sabe porque vive já parcialmente em outro plano de vida). 

Deus assim vai sendo compreendido com um relampejo de visões que se traduzem em ideias que explicam conceitos sofisticados de nosso mundo moderno. É com a vivência integral e contínua, exemplificada através de nossa vida e obras, que Deus se torna mais próximo dos outros. É um Deus mais compreensível do que aquele dos filósofos eruditos cheios de vazio interior; ou dos cientistas desorientados que só sabem sistematizar de modo complicado; ou dos religiosos ritualísticos tarados pelas tradições, regras e interpretações de seu grupo. Isso sem falar nos burocratas que nem sequer tem a coragem de tangenciar o Criador...

Há também outras barreiras que nos 'afastam' de Deus como, por exemplo, a misteriosa relação entre pensamento e realidade física, tão bem colocada por David Chalmers (ver vídeo abaixo)


Como algo que não faz parte do mundo físico (consciência) interagir com o mundo físico (matéria, energia)?

Por muito tempo a ciência vem se remoendo para responder a essa questão (sem sucesso). Mas o problema é que os cientistas ainda não foram capazes de perceber que, em sua essência, pensamento e matéria são constituídos da mesma substância (essência), sendo ambas manifestações extremas dessa substância. Isso é o que nos revela a Grande Equação das Substância (GES). A partir desa premissa será possível avançar nas pesquisas envolvendo pensamento e matéria. 

Puxo para a relação entre o físico (matéria) e o não-físico (consciência) porque apenas uma visão unitária será capaz de resolver esse problema. E apenas possuir essa visão já é uma afirmação de Deus. A partir daí, sob um novo paradigma, modificando as hipóteses de trabalho, o trabalho será cada vez mais fecundo. Porque orientado. E assim, estimulado.

Os avanços atuais (seja na ciência, nas religião, na política, nas relações humanas) são penosos. Há muito desgaste para pouco (ou nenhum) resultado efetivo. E cada vez menos se obtém. Porque a humanidade se apoia, majoritariamente, em premissas caducas. 

Exemplos: 
(1) interesses privados levarão ao bem coletivo (Adam Smith); 
(2) nossos mais elevados pensamentos são produto de um mero acaso, ou seja, uma fortuita interação de elementos inertes, a matéria (materialismo científico); 
(3) a humanidade é um perpétuo conflito entre classes sociais, e seu embate é um produto cultural, ditado por interesses limitados, e nada mais (materialismo histórico); 
(4) o ensino técnico não deve ter em seus componentes curriculares e seus métodos elementos contextualizantes, rotinas diferenciadas, o fator humanístico e filosófico, o aspecto intangível e transcendente, a arte e as diversas relações entre o evoluir e o desenvolver (cegueira do sistema educacional); 
(5) ciência e religião são como óleo e água: não se misturam jamais (dualismo férreo que impede a cooperação).

Poderiam ser citados muitos outros casos, mas estes já dão uma boa ideia das travas do mundo moderno.

Observa-se um mundo despedaçado que, repleto de criaturas perdidas, buscam afanosamente por gozos de todos os tipos. Burocracias sem fim, falatórios vazios, fofocas imbecis, teorias dogmatizadas, vivências superficiais, aparências virtuais, movimentos sem sentido e buscas por vitórias falsas.

Isso o autor tem constatado nos ambientes em que vagueia. No trabalho, que deveria ter um mínimo de orientação, não há muita diferença. Aqueles que possuem renda boa, cargos, títulos, experiência profissional, responsabilidades e tempo de vida, vacilam. Só que, fazendo isso em grupo - e estando alinhado com instituições caducas - têm-se a sensação de tudo estar indo bem. 

Isso me lembra um bando de cegos se conduzindo mutuamente rumo a um abismo.

Deixo esse clarão num universo de trevas para que aqueles que buscam, no futuro, possam se tranquilizar e perceber que estão no caminho rumo à perfeição, reconstruindo o que foi despedaçado, ou desemborcando a grande nave de seu universo interior - e de todo universo.

Abaixo, mais um vídeo que revela Deus em seu aspecto imanente - acessível à nossa compreensão.


A criação é contínua - assim como o trabalho daqueles que tem uma missão a cumprir neste mundo.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

A origem e o fim do mal e da dor

Para a humanidade continuar avançando será necessário ver sentido em todas as neuroses do presente, em todos os horrores do passado - e em todas utopias do futuro. Isso me foi dito pela minha intuição. E assim tenho conduzido minha vida: me observando e orientando meu ser

O mal é um fato em nosso universo e em nossas vidas. Isso não podemos negar. Resta então sabermos: por que ele existe? (e insiste!) Qual sua origem? Sua causa mais profunda? O que o 'acionou'? Quem o acionou? Como ele funciona em seus mecanismos mais profundos? Isto é, qual sua lógica de operação.

Fig.1: Por que bem e mal coexistem em nosso universo (e em nosso ser)? Por que tantas contradições? 
Essa luta incessante entre tantas antíteses? Como a evolução se dá? Por quê se dá? Qual a finalidade de tudo isso?
Isso tem a ver com nossas vidas cotidianas?

Por anos vivi e sofri em busca de explicações para isso. Grande parte dessa busca foi inconsciente. Buscava sem saber que buscava. Então muito sofria inconscientemente. Mas sempre senti que agia de modo muito diverso dos outros. A mim interessava resolver os problemas máximos antes de começar a atuar no mundo concreto, participando de atividades de fins imediatos e visíveis. De coisas valorizadas pelo mundo. E com isso ficava atrás nessa louca corrida pelas posições sociais, pela visibilidade, pela atenção e consideração dos outros, pelos prêmios e pela subida na hierarquia humana.

"Ele sentia algo imenso dentro de si mesmo, no seu passado; percebia uma tão vasta complexidade no próprio eu, que levou muito tempo para reencontrar-se, e não pôde fazê-lo senão lentamente, laboriosamente, parecendo, enquanto isso, inepto, tímido, medíocre. A sua consciência devia ser encontrada não apenas na superfície, mas também em profundidade."

História de um Homem

Depois de Ubaldi, continuo sofrendo - só que conscientemente, o que muda tudo. Ressignificação é a palavra-chave aqui. 

E mais: a busca é cada vez mais orientada e energizada. Ou seja, apontada na direção correta e alimentada por coisas que estão além das recompensas humanas - que são cada vez mais insignificantes para mim. Isso dá um senso de independência das superficialidades humanas, e ao mesmo tempo, um sentimento de conexão com pensamentos mais elevados, situados no inconcebível. Há, de fato, uma sensação de arrebatamento (toda subjetiva e portanto não compreensível para baixos níveis de sensibilidade) ao ver certos filmes, ouvir certas músicas, estudar certos assuntos, observar certas relações entre pessoas ou fenômenos, que não é possível negar a existência de Deus imanente atuando continuamente e majestosamente nas profundezas desse mundo caótico. 

Mas a vida continua dura. Aliás, perceber esse esquema mais amplo da realidade não trará a ninguém prêmios ou coisas do tipo. Nenhuma facilidade. E (mais desesperador) se a pessoa começa a praticar esses princípios, permeando sua vida com eles, haverão mais assaltos. A luta estará armada e toda resistência se dará - de muitas formas, com toda força, e tão mais cruel quanto mais você ameaçar libertar pessoas da ignorância. 

Tudo isso foi intensamente vivenciado pelo autor ao longo deste ano de 2022. É mais uma marca em sua alma. Uma experiência adquirida. Indestrutível por estar fincada no espírito, dono da consciência latente - aquela que sobrevive à morte física, nossa essência.

Eis como aqui não se trata de um simples espaço virtual que despeja uma bela e sofisticada erudição, com conceitos científicos, pensamentos filosóficos, textos poéticos e sequenciamento de ideias harmônicas, com musicalidade divina. Não. Aqui também se vive o que se repassa. 

A vida cotidiana é laboratório de experimentação. É campo de tentativas e erros (cada vez mais orientadas), no qual o autor vive a realidade cruel, imposta a tudo e todos, num sistema falimentar que não é mais capaz de viabilizar o progresso humano. Um sistema ultrapassado que só se sustenta devido à falta de ousadia criativa dos seres que o forjaram (inconscientemente). Um sistema que pode ser visto como o último grande bastião do Anti-Sistema (AS), temeroso com a ascensão do Sistema (S), isto é, uma natureza humana que superou o pior do passado e se lança destemidamente ao melhor do futuro. 

Sobre esse 'melhor do futuro', posso afirmar sem medo aqui que a Grande Equação da Substância (GES) oferece uma cabeça-de-ponte para os próximos séculos (e quem sabe milênios), que será capaz de dar apoio a uma humanidade mais amadurecida, que já superou seus piores instintos e teve seus mais atrasados elementos expurgados (via Lei) para orbes mais condizentes ao seu grau evolutivo. 

É uma 'equação' tão magnífica que Gilson Freire escreveu um livro inteiro (verdadeira obra prima) para mostrar como essa 'equação' explica toda nossa vida e nosso universo. O livro é A Física do Espírito.

Vejamos ela num de seus aspectos - só para dar um aperitivo ao leitor ávido por vencer o mundo (e não vencer no mundo).

Fig.2: A Grande Equação da Substância aplicada às teorias científicas, de forma resumida. 
Fonte: Gilson Freire. 

O que ela nos diz?

Que o nascimento do nosso universo (físico) foi na verdade uma queda que sofremos, a partir de outro universo, não-físico. E que a morte do primeiro representa a restituição do segundo. E que a substância de que somos feitos se manifesta em sua forma mais rebaixada através da matéria, evoluindo gradativamente para formas dinâmicas (energia), vida orgânica, pensamento e além, numa evolução contínua e incessante, na qual todos indivíduos ascendem e se arrastam através de sua interdependência. 

Ela revela que vivemos numa bolha espaço-tempo. E que nosso pensamento (aqui) é pautado e limitado por essa bolha. E que essa bolha é constituída de dimensões pautadas pela 'criação' da matéria, da energia e de todos seus processos - ditados por suas leis específicas. 

Ela confirma tudo e mostra que a degradação (2ª Lei da Termodinâmica, aumento de entropia, dS>0) não é destruição, mas sim ressurreição. Que os ciclos se abrem aos poucos, adquirindo tom de progressão, formando uma espiral (2D) que se revela um vórtice (3D), esquema fundamental de evolução neste universo. Universo decaído que só extinguirá (=reerguimento do ser decaído) com a evolução - que nada mais é do que um nome diferente para salvação. 

Ela revela que nosso universo, nossas vidas, nossas posições sociais e títulos e corpos e etc., são transitórios. E que isso é bom! Porque apenas o desgaste da forma pode viabilizar o renascimento do ser, alternado o centro de gravidade da consciência do indivíduo, que se coloca cada vez mais alto - em termos dimensionais, não espaciais. 

A ciência (a verdadeira ciência, que preze pelo seu título) está chegando, aos poucos, a essa visão. Cautelosamente, mas firmemente. Ao menos os cientistas menos preconceituosos estão avançando. Sara Imari Walker é uma dessas grandes mentes da ciência que está constatando que a informação é subjacente a todos processos físicos - sejam eles da matéria inerte ou da vida. O vídeo abaixo (um TED Talk que ela fez) pode dar uma ideia disso.

Se você deseja se aprofundar nessa questão - a meu ver central para compreender o mecanismo de funcionamento de tudo que existe - recomendo um outro vídeo que ela apresentou sobre vida e consciência.

"A Vida está onde a física da informação é a física dominante" 

WALKER, Sara Imari

Percebe-se que existe sempre um co-operação, uma co-evolução, entre entidades capturáveis pela nossa mente (e/ou nossos instrumentos). Mas quem coordena esses agentes do campo dualístico não se revela nesse campo. Parece não fazer parte dele (apesar de atuar nele). Vive no mundo sem ser do mundo...

"A nossa biologia é de substância, não de forma. Alcançamos não a veste orgânica, que se modifica, mas o princípio, que não morre; não a aparência exterior dos corpos físicos, mas a realidade íntima que os anima; não o que se desfaz, mas o que permanece; não o indivíduo nem as espécies em que as formas se reagrupam e se encadeiam em desenvolvimentos orgânicos, mas a expansão do conceito dirigente do fenômeno do psiquismo que vos preside; não a evolução dos órgãos, mas a evolução do eu que os melhora e os plasma para si, como meios para sua própria ascensão."

AGS, Cap. 51

Então percebe-se que existe um princípio da Vida, que é sempre íntegro, intangível, imortal e único; e uma manifestação da Vida, que pode assumir diversas formas, a depender do ambiente (ex.: tipos de átomos que formam moléculas disponíveis, condições atmosféricas, etc.) e das circunstâncias. Então tudo fica mais claro, e se enxerga que a vida tal qual a conhecemos pode assumir outras formas. 

Se alguém acha que isso não tem sentido, recomendo a leitura deste artigo, publicado na BBC Brasil.

Não poderia deixar de captar outra evidência clara, vindo de outra pessoa da academia, desta vez da área de filosofia e humanidades, que é o Prof. Clóvis de Barros Filho, da USP. No podcast da Flow ele fala sobre sua crença em Deus e fé.

É interessante notar que ele afirma que sua razão não dá conta de chegar onde ele precisaria chegar, e que por isso o seu vínculo com o Divino é um vínculo de fé. Justamente o que a teoria de Ubaldi revela e sistematiza de modo tão formidável. 

Continuando alimentando essa crença (que ele chama de fé) chegar-se-á a intuição, produto de uma profunda maturação interior - que vem através das árduas experiências da vida.

"Habituai aos poucos vosso pensamento a seguir esta nova ordem de ideias. Se souberdes transferir o centro de vossa personalidade para essas camadas profundas, sentireis revelar-se em vós novos sentidos, uma percepção anímica, uma faculdade de visão direta; esta é a intuição da qual vos falei. Purificai-vos moralmente e refinai a sensibilidade do instrumento de pesquisa que sois vós, e só então podereis ver."

AGS, Cap. 2

Tudo isso foi necessário desenvolver para apresentar esse último vídeo (a visão máxima, o menos palatável ao homem comum), que trata esse aspecto sob uma ótica mais vasta, fazendo jus à visão de Ubaldi.

"Os místicos afirmam que o mal é insubstancial e tudo que existe é bom" 

Priscila Buchholz

Eis que através de evidências diversas no campo da perquirição filosófica, das últimas teorias e orientações da ciência, da arte e dos inúmeros casos de vida, é possível atingir uma visão máxima do fenômeno. Tudo se torna unitário e com significado. Tudo possui um íntimo e imortal princípio de funcionamento, com uma direção amorosa.

Viver, pensar e sofrer -  conscientemente. 

Esse é o primeiro passo para resolvermos o problema do mal e da dor.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Monistas sem saberem que o são

À medida que percorro as estradas da vida me deparo com criaturas bem interessantes - tanto presencialmente quanto através de leituras, vídeos e etc. É através de buscas sem pré-planejamento, feitas de modo rápido, varrendo vários tópicos de meu interesse do momento, que periodicamente me vejo diante de pessoas que estão numa busca muito semelhante à minha. E que a tendência geral é (nessa busca) essas pessoas se aproximarem da cosmovisão do Apóstolo de Gubbio (1).

Isso é o mais interessante. Essas pessoas, em sua maioria desconhecidas pela sociedade, possuem uma visão que se encaixa como uma luva na cosmovisão de Ubaldi. Eles só não chegaram ao ponto máximo, isto é, às afirmações categóricas, fortes (não definitivas, porém integralmente seguras), como o missionário de Cristo. Porque este adota o método intuitivo, desenvolvimento máximo do nível de consciência de um ser para nossos parâmetros, via maturação interior aliada ao método dedutivo.

Phil Braham é um dos primeiros que encontrei. Ele me fisgou no momento em que falou sobre uma nova teoria da consciência. E essa visão é muito próxima daquela colocada em A Grande Síntese. É realmente impressionante como esse homem chegou a essa percepção sobre as dimensões (a relação entre elas, sua progressão, seu significado, etc.) sem jamais ter tido contato com a obra de Ubaldi.

Fig.1: Phil Braham é psicólogo da Austrália. E muito, muito mais.

Sua página pessoal possui muitos artigos interessantes, cuja abordagem é (nota-se) original. Também possui vídeos em seu canal no YouTube. Visões de mundo próprias dele. Ideias puras, que partem de seu pensamento, ou seja, que não são mera reprodução ou adaptação de dizeres de pensadores antigos (ou recentes) de destaque. Em suma, é um homem que pensa por si mesmo.

O mesmo pode-se dizer de Valdemar Setzer (abaixo). Ele também possui inúmeros escritos sobre os mais diversos temas - todos muito interessantes. Sua página pessoal é verdadeiro manancial de ideias próprias, cada uma delas focada numa dimensão humana, versando sobre questões de interesse geral. Seu enfoque é fortemente calcado na realidade concreta - mas nem por isso deixa de ensaiar voos nos altiplanos de níveis superiores de vida e consciência. Aborda indiretamente questões como 'Deus', 'Espírito', 'Imortalidade', 'Sublimação', entre outras. 

É um homem de idade que através de uma vida acadêmica foi capaz de reunir uma série de evidências para tudo que afirma. 

Fig.2: Valdemar Setzer é professor do IME-USP, já aposentado. E muito, muito mais.

Mas talvez aquele que seja mais interessante a meu ver seja o Eduardo Marinho. Esse homem ficou muito conhecido por 'acaso' (no fundo nada é por acaso e ele possui uma missão a cumprir com a sua visão e vivência através de uma vida vetorizada para o valor), após ser filmado nas ruas enquanto exibia sua arte. O vídeo foi carregado no YouTube e acabou 'viralizando', como dizem. E uma coisa levou a outra.

Fig.3: Eduardo Marinho é artista, filósofo de rua, e muito muito mais.

Ele fala coisas óbvias, de forma direta e simples. É incisivo, porém de modo correto. Admite o transcendente, mas de modo não fantasioso, não ritualístico. Admite sua ignorância em certos pontos, o que acaba dinamizando sua alma a absorver de modo mais intenso novos conceitos, saberes e experiências. Ele caminha de modo orientado, colocando a intuição à frente da razão. E seguindo os instintos até o ponto em que garante-se a segurança da sobrevivência e a efetividade das construções afetivas nos estágios basilares. 

Percebe que o sentimento é um campo-chave que, se unido ao pensamento puro (não-dogmático, não-condicionado, dedutivo e não indutivo), pode gerar o que Ubaldi denomina de intuição consciente. É nessa característica que reside um verdadeiro diferencial. Diferencial que as pessoas já sentem fazerem parte delas também. 

Pode ser visto como um precursor de uma nova era, pautada por uma nova visão de mundo. Uma visão tão forte, tão poderosa e plena de sentido, que sustentará uma forma de agir completamente nova, capaz de por si só fundar as diretrizes de uma nova civilização: a do espírito.

Por 'civilização do espírito' me refiro a uma sociedade em que o aspecto transcendente da realidade será admitido tanto pela academia quanto pelo senso comum; uma sociedade que irá se equilibrar com o planeta, buscando formas de relação mais ricas (por dentro), mais plenas e sustentáveis (que evoluem e se propagam); uma sociedade em que as pessoas terão nojo do que hoje é difundido pela mídia e buscado pela maioria; uma sociedade em que a prioridade serão as coisas imateriais (que consolidam uma relação saudável com as coisas materiais); uma sociedade que respeite ideias diferentes e se alinhe a uma justiça superior; uma sociedade de altas diferenciações individuais (o que a enriquece) mas de igualdades de oportunidades (o que a torna menos violenta); uma sociedade que se coloca no lugar justo na escala evolutiva (não no topo), percebendo que há muito mais do que ela é capaz de conceber, e que para isso é preciso ter a mente aberta e o coração ativo. 

Há muitas pessoas por aí que já estão ganhando essa visão (que é A Visão). Não se trata de uma bolinha a ser inserida (e imposta) num mar de bolinhas que se digladiam loucamente. Se trata de oferecer ao mundo, ou melhor, fazê-lo perceber, que existe uma arquitetura universal (framework) capaz de oferecer a tudo e a todos uma base sólida na qual todos possamos colaborar um com os outros, todos possamos evoluir interiormente e exteriormente; na qual todos possamos expandir nossos campos de pesquisa e resolver paradoxos multimilenares, unificando correntes filosóficas, teorias, formas de sentir, viver, pessoas, culturas, nações...

Elegi essas três personalidades (duas delas muito próximas a nós, linguisticamente, culturalmente geograficamente e, principalmente, consciencialmente) para demonstrar que o importante não é saber sobre o monismo substancial, mas sim de viver alinhado à Lei (o que esses três fazem), isto é, vivê-lo integralmente, em contínua marcha evolutiva, com criatividade e superações sem cessar.

É isso.

Notas:

* A denominação que Gilson Freire, em seu último livro, A Física do Espírito, deu a pessoa de Pietro Ubaldi.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Direitos Humanos e Deveres Divinos

Há séculos a humanidade se digladia entre questões elementares. Os pares de opostos que se combatem parecem não ter fim: criacionismo-evolucionismo, espírito-matéria, queda-salvação, amor-ódio, análise-síntese, conservação-progresso, direitos-deveres. Esse conflito se torna tanto mais intenso quanto mais as partes anseiam por superações. Trata-se de novas formas de viver, de se expressar, de conceber a vida, de sentir, de fazer. Por vezes o desespero fala mais alto e o ser sofre uma queda sem limites. Outras, há espaço para uma descoberta íntima. Essa é uma jornada. Uma jornada longa (muito longa) por domínios tão vastos que não são maiores do que um grão de mostarda.

Fig.1: Fé (sintonização) é imperceptível à mente e aos sentidos humanos. 
Por isso é pequena como um grão de mostarda. 

Um dualismo muito forte de nossos tempos, que remete à reforma íntima, é justamente o de direitos-deveres. Somos incapazes de compreender e coordenar ambos. Pendemos para um lado ou outro da balança, incorporando todos vocábulos e teorias e rituais do pólo que elegemos como o certo. Parece ser uma característica do ser decaído. Isso venho observando a todo momento: nas aulas, dos diálogos de colegas, nas pessoas nas ruas, nos pensamentos difundidos desmedidamente pela rede. E quando é feita uma tentativa de mostrar que esse comportamento possui limitações, ninguém quer aceitar. 

A mente trabalha a partir do contraste. O dualismo, nesse sentido, é muito propício como elemento basilar de desenvolvimento das capacidades intelectuais. E muitas coisas boas são desenvolvidas a partir disso. Mas a partir de certo ponto - em que esse modo de operação começa a se tornar absoluto - tudo começa a emperrar. Nada mais funciona do jeito que queremos. Minimamente. Há muito esforço para pouco resultado - às vezes, resultados contrários ao que desejamos.

(qualquer semelhança com nossas vidas e nosso mundo é mera coincidência)

Mas a história nos revela: as grandes criações sempre foram embaladas por um elemento genético que está para além da compreensão da mente. Nas grandes obras de todos os campos, o impulso inicial sempre se deu no campo da intuição. Uma região situada no superconcebível. O processo exaustivo de pensamento pode servir de condição para acionar as engrenagens intuitivas - a verdadeira causa das grandes descobertas, criações, formas de vida. Mas esse processo laborioso (da racionalização, da esquematização, dos métodos da sistematização) serve apenas como algo que desgasta e deprime. E com isso cava um sulco na alma. Ficamos cada vez mais desesperados, decepcionados com um pensar que não leva a lugar nenhum. Tendemos a adotar caminhos diversos. Mais derrotas. Mais decepções. Começamos a repetir ideias e métodos, com ligeiras alterações, julgando com isso ter a possibilidade de chegar à solução de um problema nunca dantes enfrentado. Mas descobrimos - após um tempo, que pode ser horas ou semanas ou meses ou anos ou décadas - que só andamos em círculo.

Quando o desespero é total e a vontade de solucionar é questão de vida ou morte. Quando os métodos conhecidos são insuficientes. Quando o comprometimento é total e o resto não interessa. Aí - e somente aí - há uma real possibilidade de verdadeira descoberta. 

A intuição surge como a conquista de um processo de maturação bem conduzido.

Estamos aqui falando de perseverança nos caminhos e métodos do mundo aliada a uma vontade de superar (=transcender) este mesmo mundo. A junção desses dois termos (perseverança horizontal e aspiração vertical) coloca o indivíduo em xeque tão mais rápido quanto mais intenso o ritmo do ser em busca. E isso pode atingir níveis insuportáveis. É preciso arrefecer o espírito ardente de alguma forma. E um pouco de loucura é uma boa alternativa - um pouco, não em demasia, para não perder o a orientação suprema e o controle. Como a do Galante Sr. Deeds!

Fig.2: Bastidores do filme de Frank Capra (1936). Jean Arthur e Gary Cooper conversando.

É interessante ter citado esse filme tão belo. Porque ele vem justamente servir de ponto de apoio para tudo que eu vou desenvolver aqui, que é a questão dos direitos (de um ser humano e de tudo que existe) e dos deveres (que todo ser consciente tem para com tudo e todos).

Não se trata de uma questão de princípios mutuamente exclusivos (um OU outro), e sim de princípio intrinsecamente inclusivos (um E outro), colocados numa hierarquia progressiva de importância (dever acima do direito). Compreender isso é estar munido com estofo para desvendar os mais profundos mistérios do universo e do ser. 

No filme em questão (O Galante Sr. Deeds), vemos como um evento de grande impacto material (morte de um milionário) abala a vida de um indivíduo em todas suas dimensões (Longfellow Deeds, um homem simples de uma cidade do interior dos EUA, que herda 20 milhões de dólares do dia para a noite). Mas esse abalo, que na imensa maioria dos casos se dá num sentido, é muito peculiar para esse  simples cidadão do interior, que leva uma vida pacata, equilibrada, baseada em princípios universais e sem complicações desnecessárias. 

O Sr. Deeds é, num primeiro momento, uma pessoa (parcialmente) ingênua, simples, direta e vivendo (n)o seu ritmo. Está em estado de fluxo em muitos momentos, o que lhe garante capacidade de discernimento e determinação nos atos. A herança não lhe causa abalos. Isso choca os advogados e contadores e ajudantes destes, que começam a se sentirem incomodados com o fato - e logo depois, aliviados, pois creem se tratar de um idiota que poderá lhes dar muito lucro. No entanto, com o tempo percebem que esse não é o caso e logo começa uma relação muito peculiar. Um conflito entre um homem que está direcionado para um ideal (orientado por um dever intrínseco) e uma sociedade levada por interesses (direitos para mim quando convém, deveres para os outros quando convém também).

Através de uma série de desentendimentos, causados por má interpretações dos atos de um homem profundamente antenado com princípios superiores, o personagem principal é levado a um estado extremo, que culmina numa audiência com as autoridades da cidade. Esses desentendimentos tem como causa genética algo bem simples: a incapacidade das massas de compreenderem a psicologia de um homem que, vivendo de acordo com um plano de vida superior (que não nega e portanto não combate o inferior), realiza atos com o objetivo de efetivamente resolver problemas fundamentais. 

"Ansiamos pela verdade mas somos incapazes de vivê-la"

disse Judas Iscariotes nas cenas finais do filme "O Rei dos Reis" (1961), logo após ter traído Jesus, o Cristo, seu mestre até o momento que lhe era útil.

Essa fala traz um significado profundo. Diz tudo a respeito da humanidade em sua fase atual - e todas precedentes. Mas hoje em dia ela é mais gritante, pois os meios de comunicação, o conhecimento desenvolvido e a história acumulada não nos permite mais fazer uso de nossa violência de forma tão explicita e desmedida. Por isso foi preciso desenvolver a astúcia a fim de continuar a exploração (da natureza, do semelhante e...de si mesmo). Com isso surge a erudição sofisticada, a argumentação complexa, as incontáveis normas que levam a uma infindável burocracia, entre outros entraves ao desenvolvimento do ser. 

Voltando ao Sr. Deeds.

O filme é fantástico se visto a partir de um prisma (que eu denomino) monístico. Porque tudo ganha significado profundo. Nós nos vemos tanto no personagem principal (em momentos de descoberta da divindade em nós) quanto nos outros (aspectos mundanos nossos). E o interessante é notar que a  direitos e deveres se digladiam continuamente, conforme interesses terrenos, para todos personagens. Mas num deles, as coisas estão mais bem definidas: Longfellow Deeds. 

O dever de realizar uma justiça que vai além da capacidade de compreensão consciente das pessoas é como um tambor que bate forte na cabeça de Deeds. Aliás, ele parece sentir em todo seu ser (físico, energético, sensações, sentimentos e vontade) a necessidade de continuar agindo a seu modo, sem distorcer seus princípios mas sempre disposto a moldar seu comportamento exterior. É interessante como essa batalha interior se dá através da interação com um mundo que ainda não quer enxergar as maravilhas de um modo de vida superior.

A quem já estiver preparado, deixo (abaixo) o filme, disponível gratuitamente na plataforma YouTube:


Como professor de uma instituição nascente (IFSP) tenho a oportunidade única de realizar uma missão de vida. Atuo com saberes específicos (ciência e engenharia) e pedagogia (ensino, aprendizagem, comunicação); tenho oportunidade de criar cursos voltados a questões importantes (pensamento sistêmico, energia e desenvolvimento, ecologia e sustentabilidade, modelagem e simulação, monismo, etc.) e usar eventos para difundir uma visão de mundo pouco compreendida mas vital para a ascensão da humanidade. Em suma: a oportunidade de cumprir meu dever (=missão de vida) é ideal. Buscada por um ser que foi se construindo ao longo de longos anos. 

Apesar de ser ignorado por muitos, desvalorizado por quem deveria valorizar, julgado por quem deveria antes assimilar o que está sendo feito, há muitas possibilidades. Pois as forças do AS que dormitam nas almas adormecidas não são capazes de atuar (=impedir) além de sua zona de consciência - ao passo que quem é embalado pelas forças do S sempre conseguirá se renovar, reinventando-se após cada golpe, cada impedimento, cada obstáculo, cada decepção. Esse reto agir garante a vitória final das forças que querem a evolução da humanidade e do planeta como um todo. 

Reclamemos ao direito de cumprirmos nossos deveres!

Nada mais, nada menos. 

É triste constatar que o modus operandi da imensa maioria ainda está voltado para o trato das pessoas como objetos. Tudo isso disfarçado com inúmeras comemorações, papos superficiais, festinhas, sorrisos, desvios discretos de temas centrais e toda parafernália psiquica típica do astuto.

Querer realizar um trabalho de ordem elevada, que use os elementos do mundo, dos saberes aí disponíveis, das riquíssimas histórias individuais, da arte, das teorias e dos pensamentos mais díspares, parece constituir uma ofensa a muitos. 

E quem mais será responsabilizado são aqueles que detêm o poder de fazer algo. 

Ai de quem possui os meios e as condições (poder = responsabilidade) e se deixa levar pelas bur(r)ocracias do (anti-)sistema, pelos maus elementos - que aliciam massas a partir de premissas superficiais e infundadas. 

Direitos são uma conquista que, se não usada de modo adequado, pode abrir portas para uma nova idade das trevas. Porque os deveres são um imperativo categórico que conduz a alma humana (e todo universo) rumo a uma forma de organização cada vez mais sistêmica. Que sublima o ser, tornando-o mais efetivo em suas ações, orientado em sua busca, afiado em seu pensamento e refinado em seu sentimento.  

Deveres são uma característica bela que embala os seres mais alinhados à Lei Suprema (que coordena todas as outras leis). É um motor íntimo, 'situado' no imponderável do ser, inconcebível para aqueles que vivem apenas nas coisas do mundo, pelas coisas do mundo.

O único direito que eu reclamo é aquele de cumprir o meu dever cósmico.

Se os homens não compreendem, eu sei que Deus compreende.

Não há como exigir direitos sem cumprir um dever íntimo. Assim como todo cumprimento desse dever (íntimo, ou seja, apontado para o Alto) exige a garantia de direitos.

É o Chefe (o único Chefe, o Chefe de verdade) que irá permitir (ou não) a realização dos meus potenciais divinos neste mundo que anseia por superações - mas ainda não o sabe plenamente. 

Você igualmente deve reclamar por esse direito - pois é o único que verdadeiramente temos.

Os demais serão consequência.

É isso. 

sábado, 24 de dezembro de 2022

Precisamos de líderes - não de gestores do caos

Esse texto é em homenagem a todos que deveriam (e poderiam, a meu ver) serem grandes líderes, mas sucumbiram às aparências e aos métodos de tempos caducos, não cumprindo sua função.

É um alerta benévolo que visa tirar a pessoa da zona de conforto - antes que seja tarde e os braços da História fulminem certas criaturas, cegas pela sensação e desespero.

Aí vai...

Um tour de force de vivências foi realizado pelo autor nos últimos meses. Para conseguir realizar tal feito - uma verdadeira volta ao mundo na psique humana! - foi necessário mobilizar uma energia e vontade ímpar. Reunidas num único homem, num único corpo, numa única mente. Num ponto da história de um homem. Um acúmulo tão grande de forças psíquicas que quase houve um colapso nervoso. E após o uso de todos recursos, uma sensação de queda fortíssima. 

Por vezes a alma se sente tão dilacerada que as pessoas à volta, que vivem dramas mundanos - pautados por causas mundanas - não compreendem o motivo de tanta dor e tristeza. Não se trata de dor por não ter conseguido almejar um cargo, ou ganho de bem, ou reconhecimento. Trata-se de dor por não ter conseguido ter cumprido uma missão. Uma tarefa que visa ao bem dos outros. Uma unificação. O início de um processo que poderia levar a abertura de novos caminhos. 

Nosso mundo só irá mudar se uma massa crítica tiver atingido um grau mínimo de consciência. Isso não é algo abstrato. Nem restrito ao campo espiritual. Aliás, este campo engloba todos os outros (isso é monismo, pelo que estou percebendo). Se engloba, não os nega, mas os valoriza, preenchendo cada particularidade da vida - dos grupos, das nações, dos métodos, dos saberes, das histórias, dos afetos, das teorias, etc. - com um significado que vai além de um objetivo humano,de curto prazo, que visa meramente um bem-estar.

Aliás, todo bem-estar é, no fundo, um desejo egoístico. Passar bem. Conforto. Tranquilidade. Mas sempre restrita, às custas dos outros e (especialmente) da traição de um ideal que reside no próprio indivíduo, em estado latente. Esquecer a dimensão profunda de sua existência é como amputar a única parte de seu ser que é imortal, infinita, invencível e eterna.  

É véspera de Natal e escrevo. 

Não porque tenho de produzir mais um texto para ganhar seguidores. 

Não para exercitar uma habilidade.

Não para descarregar ódio.

Não para mostrar erudição.

Porque não viso a quantidade, mas sim a realização de algo mais profundo em mim.

Porque as habilidades não devem estar sujeita a planejamentos para florescerem e se desenvolverem.  

Porque o ódio corrói e turva a mente, impedindo o pensamento e corroendo o sentimento puro.

Porque a erudição é exibicionismo bestial sem prática vivificante, disfarçada, atraente, mas sem vida.

A questão é registrar tudo, da forma mais fiel, profunda, e completa possível, a título de dar a oportunidade para aqueles que já estejam preparados de prosseguir o caminho para o Alto. E isso transcende as barreiras de espaço e de tempo. Isso significa escrever a vida inteira. Desenvolver conceitos, gerar ideias, poetizar sentimentos abissais e harmonizar os mais díspares e conflitantes assuntos num único sistema, através de um fluxo ordenado e belo de palavras. Palavras que somente exprimem algo muito além delas. 

A escrita é um meio, não um fim. É o modo que encontrei de difundir aquilo que considero (e é) a coisa mais importante: ascender, evoluir, transcender, transformar, dinamizar ordenadamente, se salvar, unificar...Permear tudo e todos com isso. Pensamento e atos. 

E o trabalho é o outro meio que venho buscando de realizar tal feito. Tarefa titânica, pois o mundo (AS) tem pavor de tudo aquilo que pode seus métodos para permanecer se chafurdando na ilusão. 

As palavras são fortes porque a sensação é suprema. 

Mas vamos ao que interessa aqui: o chefe.

Fig.1: o chefe lidera e é destemido. Ousa inteligentemente. Sente o fluir da história e adere ao ímpeto transformista. 
Ele avança por intuição. Ele persiste no que vale a pena avançar e insiste no que deve sobreviver. 
Símon Bolívar neste sentido, foi um chefe tal qual é descrito pela Sua Voz. 

Para isso recorro (como quase sempre) ao penúltimo capítulo de A Grande Síntese, intitulado O Chefe.

"Quem será o chefe desse novo organismo para o qual se dirige toda a vida? Como a história o escolherá e o evidenciará? Há momentos em que a história atravessa curvas decisivas, preparando a fase conclusiva de um ciclo milenar, no qual imensas maturações sociais estão iminentes na aurora de novas civilizações."

AGS, Cap. 99 (grifos meus)

Estamos num momento histórico, de inflexão. Só não vê quem não quer - como uma avestruz, que enterra sua cabeça na terra e julga com isso que todos os acontecimentos do universo deixam de ocorrer. E não ver não é apenas não falar sobre os temas supremos e centrais: é não permear sua vida com atos mais efetivos e profundos e ousados; é não fazer todas tentativas para superar a si mesmo; é se isolar da fonte da vida (não da sociedade que está apodrecendo em larga medida); é se acovardar perante o chamado. 

Infelizmente, os chefes de nossos dias estão perdendo o bonde da história. E esta os julgará de acordo com sua cegueira. 

Estamos numa era de corrosão de tudo que acreditávamos (e mutos ainda acreditam) ser definitivo e certo, ou seja, absoluto. Mas (observe bem) tudo está ruindo, desmoronando, sem que nos demos conta. Porque enquanto houver artifícios para ilusão (novidades das redes sociais, tecnologias 5G, 6G 10G,...prazeres gastronômicos e gozos sensuais e notas não merecidas e cargos não merecidos e etc.) continuar-se-á a fugir do ponto central: precisamos mudar radicalmente nosso modo de conceber tudo e todos.

Simples assim...

A humanidade sente-se então perder-se em crises e conflitos, onde todo o passado parece ruir. Nesse momento, o gênio é conclamado pelas forças da vida, para que interprete e crie, sendo trazido à luz pelos equilíbrios da Lei, que o valorizam em plena eficiência.

AGS, idem

As forças da vida comprimem a sociedade, ainda cega, para que desta saia o que verdadeiramente poderá salvá-la: chefes que estão à altura dos desafios de nosso tempo. 

As forças do imponderável convergem no sentido de sustentá-lo, para que ele se erga e construa. Então o homem que, através de um íntimo trabalho, realizou intensamente sua maturação biológica, é chamado, atraído por meio da linha de sua maior especialização, para dar todo o seu rendimento à obra coletiva, que lhe é confiada e se torna sua. A vida do chefe é missão suprema.

AGS, idem

Chegamos ao ponto! Missão suprema.

Um chefe de verdade é um líder. Não no sentido empresarial, que é egoístico e restrito ao lucro e ao sucesso de um conglomerado - às custas dos empregados, dos consumidores, da sociedade, do meio ambiente, da cultura, dos valores, do eterno...E sim no sentido mais profundo do termo. 

É um ser que, através de uma maturação evolutiva longa, que perpassa existências incontáveis e dolorosas, constrói um modo de ser, de agir, de pensar, todo único e adaptado aos tempo futuros. É um ser que prepara o terreno para futuros progressos substanciais, no nível biológicos. É aquele que abre caminhos, impondo às massas o máximo de elevação sem que estas se sintam ofendidas, para assim coordenar uma marcha coletiva ascensional - evento belo e raro na história da humanidade, porém sempre existente em épocas críticas.

Nesse sentido, podemos afirmar com segurança que em nosso dias não temos líderes, e sim gestores do caos. 

Fig.2: o chefe de verdade auxilia todos, valoriza todos, não se deixa levar pelas aparências (das redes, por exemplo), mas pela essência. Ele está a par das ondas históricas e vê à fundo cada ser sob seu comando. O gestor do caos é, por outro lado, um burocrata que age dentro de regras ultrapassadas.

Os povos, os empregados, todos os subordinados sentem isso. É raro, raríssimo, nos depararmos com grandes exemplos que são capazes de agir corretamente nos momentos críticos da história. Na imensa maioria das situações, quem está no cargo, no poder, na liderança, sucumbe às coisas mais ridículas. Se deixam levar pelo que é apresentado a eles, de forma automática, através de telas e dados distorcidos - que não revelam causas profundas. Se deixam levar pelo que fala mais alto, ou melhor, pelo que grita e atinge-o no único ponto que lhe interessa: as regras rígidas e as normas sufocantes. 

Os gestores do caos são excelentes no que fazem. Mas todo seu modo de ser é uma ofensa a um mundo que anseia por evoluir, isto é, superar suas misérias. Eles não sentem o que seus empregados mais sensíveis, competentes e criativos estão lhe oferecendo. Eles preferem pautar suas atitudes e ações em aparências - não na realidade substancial. E assim ficam escravos dos piores elementos, deixando a escória da sociedade ditar os rumos da humanidade. Eles, de certo modo, se deixam levar pelas regras que são tão bem manuseadas por elementos astutos que não desejam crescer - e que outros cresçam. 

É bem triste ter de lidar com esse tipo de indivíduo. É deprimente ter criaturas limitadas e limitantes no comando, com responsabilidades supremas sendo jogadas ao lado porque são incapazes de conceber uma outra forma de fazer.

Mas quem almeja subir a postos altos deveria estar apto à natureza do cargo. E todos cargos de chefia apontam para uma coisa: unificar, harmonizar, valorizar, conduzir e exercer a autoridade (não o autoritarismo). 

Eles exigem inteligência - não automatismos sofisticados. 

Eles demandam sensibilidade - não robotização de atitudes.

Eles exigem visão - não cegueira. 

Eles demandam coragem - não covardia disfarçada de profissionalismo. 

Nossa era é cheia de possibilidades. E por isso, de horrores a cada esquina também.

Os chefes estão em sintonia com seus tempos. Não devemos julgá-los sob o prisma de nossos tempos, mas sob as condições de sua época. Eles representam um impulso que só seres com estofo interior são capazes de fornecer, conduzindo almas de modo a gerar uma trajetória mais fiel ao roteiro evolutivo.

Roteiro que a humanidade ainda não enxerga com clareza.

Nossos tempos exigem um chefe nos moldes de A Grande Síntese. 

Enquanto não há pessoas com tal estofo, permaneçamos seguindo o Chefe Supremo: Deus.

Abaixo o trailer de O Libertador, com Édgar Ramírez, para inspirar, informar - e divertir. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Um reino que morre - e outro que nasce

O nosso mundo - isto é, a forma de vida que temos como ideal - está em seus últimos dias. O reinado da força está prestes a acabar. Não hoje, nem amanhã, nem ano que vem. Mas nas próximas décadas (e séculos), um processo irreversível de maturação cinética da substância irá tomar corpo na coletividade humana. Já há vários precursores disso nos dias atuais. Eles anunciam uma nova civilização. Civilização que será pautada por diretrizes supremas, na qual a aparência será secundária e a essência estará em primeiro lugar. Em todas as dimensões. E com isso, todo o planeta, com suas infindáveis espécies e fenômenos, irá interagir de modo inesperado, mais profundo. 

Fig.1: O fim aponta para um novo início. Esse mundo será destruído. Não o mundo - mas este mundo...materialista.
Os germes de uma nova civilização estão se formando. Há núcleos de pensamentos que apontam de forma
 ainda difusa para o porvir. As pessoas buscam. Muitos de modo negativo - mas alguns de modo positivo. 
Fonte: JonathanPeterson(Pexels).

Hoje a astúcia vigora em todas as esferas. Os que estão contaminados dela repassam (com facilidade) a muitos outros, próximos. Proximidade não em sentido espacial, mas em termos de sintonização vibratória, que acaba vencendo barreiras de espaço-tempo, levando o vírus para além das fronteiras tangíveis. Isso demonstra o quão suscetível está o ser humano às más influências. Em pleno século XXI, apesar de todo bem-estar, de toda tecnologia e de um histórico e personalidades que apontam os erros e os caminhos, o ser humano ainda insiste nos caminhos do mundo - isto é, dos cálculos egoísticos, das aparências, do acúmulo de bens e papéis sem significado intrínseco. 

O mundo está saturado de desespero. Qualquer um com um mínimo de sensibilidade sente a tensão e o vazio no ar. A atmosfera psíquica é carregada de dissabores. Os pensamentos são vazios; os atos, repetitivos; as ideias, cópias degradadas de grandes iluminações de séculos passados. A tecnologia aprisionou as pessoas num vórtice de trevas que está levando a um esgotamento total das faculdades mentais, emocionais e físicas. Do espírito nem se fala então.

Cada final de ano trás uma reflexão. É feito um balanço do que se passou - e de tudo que se passou - e das possibilidades do futuro. Esse final de 2022 trouxe a mim desespero profundo. Desânimo e decepção. Tudo foi registrado aqui, em detalhes. Na substância. Os aspectos de forma não interessam porque facilmente levam a julgamentos e má interpretações (causa dos julgamentos). Por isso é imperativo registrar no campo abstrato, em que o fenômeno é puro e somente quem amadureceu suficientemente a alma será capaz de compreender à fundo. Porque viveu e sofreu os dramas do autor - em outros tempos, de outros modos,em outro ritmo. Mas sofreu.

Os registros que ficam impressos aqui, se propagando pela rede mundial digital, são para pessoas de outros tempos, outros locais. É algo para o futuro, sobre o futuro - e em prol do futuro. E o futuro aponta para a unificação. São para aqueles desconhecidos sofredores, quietos em seus cantos. Menosprezados porque suas formas de expressão não se moldam aos requisitos do mundo. Ignorados, porque acham interessante (interessantíssimo) questões dificilmente abordadas por alguém - seja em família, em grupo de trabalho, em roda social. Desprezados, porque (por vezes) insistem em 'coisas inúteis'. Batem sempre no mesmo ponto - e por isso são taxados de repetitivos. Mas esse ponto é O ponto.

Qual ponto?

As causas primordiais que se desdobram em efeitos visíveis e caóticos. Que geram uma lógica de funcionamento sistêmica que é por si anti-sistêmica. Regras que jamais irão permitir soluções definitivas. E por isso nos arrastamos cada vez mais.

Nos últimos decênios surgem vozes que trazem à tona os problemas fundamentais de nossas espécie. Não cito mais nomes, pois este blog, que completou nove anos e caminha para uma década de vida própria, já apontou para muitos caminhos (alinhado ao Grande Caminho) e profetas. Os problemas fundamentais são cada vez mais difíceis de driblar (ou varrer para baixo do tapete). Porque as contradições tendem a se fortificar com o que fazemos, que é escondê-las e dar novos nomes aos mesmos bois. Julgamos que com isso somem os problemas. Porque estamos tão imersos na caducidade da forma - isto é, em seu ritmo frenético que gera sensações - que ancoramos nossas condutas a partir do meio exterior. 

O que é feito pela maioria tende a ser adotado pelo indivíduo. Se destacar é crime. Especialmente se esse destaque for uma diferenciação de substância (atitude perante tudo), não de forma (cultura, moda). 

A humanidade está tão imersa em seu lufa lufa quotidiano que não suporta pessoas que, a partir de temáticas universais e comuns (de entendimento de todos), desenvolvam pensamentos seus, todos próprios, porque estamos numa era de repetições. 

Pensamentos envolventes pela sua poesia; revolucionários por sua filosofia; ameaçadores por sua sistematização científica e racional. Perigosíssimos ainda mais se colocados em prática, de modo ordenado, firme e destemido. Isso ofende porque arrasta as pessoas para o único 'local' do qual não conseguem escapar: seu interior. 

O que é esse interior?

São seus sonhos jamais realizados. Sonhos belos, de união, eficiência, superação, paz e trabalho real. Sonhos bonitos e impulsionadores. 

São seu potenciais enterrados por uma sociedade drogada de tecnologia, falatórios, aparências, escapismos, fofocas, imediatismos e intelectualismo sofisticado - que nos coloca numa teia cada vez mais limitadora. Potenciais que indivíduo nega para ser  aceito a todos momentos. Pois uma única negação ou olhar de dúvida do outro é insuportável.

São suas ideias revolucionárias. Ideias que partem de premissas um tanto incabíveis. Mas que, se desenvolvidas com a intenção de resolver os problemas 'insolúveis',  acabam ganhando corpo e, através de erros e erros, vão construindo soluções e descobrindo caminhos. O que estimula o ser a persistir e insistir. De modo cada vez mais criativo.

São seus sentimentos que vão além do sensório. É um afloramento da sensibilidade. É a capacidade de captar as maravilhas que sempre estiveram aí. E que revelam a Lei de Deus. No cinema, na música, na literatura, na ciência, na filosofia, na sociedade, nos afetos, nas crenças, na história, nas vidas sofridas belamente...em tudo e todos. 

Hoje não se pensa: se reproduz coisas do passado. Nem sequer se é capaz de refletir sobre o que foi dito por grandes nomes. Isso venho constatando em meu ambiente de trabalho. E mais grave: a desorientação é maior da parte daqueles que deveriam conduzir o processo educacional. 

Nos habituamos a colocar para dentro e vomitar para fora fórmulas prontas. No modo de conduta, de pensar, de conversar, de agir. O que não pode não pode porque ninguém assim o faz ou é algo 'absurdo'. Nossos chefes são prisioneiros de métodos burocráticos obsoletos. De ferramentas de comunicação que não explicitam os reais problemas. De modos arcaicos de conceber o trabalho. Como algo a ser cansativo - e quanto mais assim, mais se está trabalhando.  

Nesse ano de desgastes muito foi constatado. Percebeu-se a natureza humana à fundo. E mesmo com muito mais derrotas do que vitórias, uma coisa: as vitórias foram o início de um processo que deverá se desenvolver cada vez mais - mesmo que de outra forma; ao passo que as derrotas foram pequenas e sem causar dano real ao viajor da verticalidade mística. 

Esse ano de 2022 foi o ano do impacto. 

Ação e reação! 

Muito se disse, muito se tentou, muito se inovou, muito se criou (ação do indivíduo).

Muitos escapismos, muitas falsas promessas, muita insensibilidade e muitas contradições (reação do mundo).

Conclusão: as pessoas que deveriam ajudar os outros a encontrarem o seu caminho não enxergam a realidade. 

Estar na posição de professor exige visão mais do que erudição. É necessário permear a aprendizagem com o fator moral. E a partir daí iniciar uma série de atitudes e práticas que gerem interconectividade entre saberes, inteligências, formas de apreender e se comunicar. 

As massas sempre tem razão - ao menos em seu plano de vida. Elas vencem pela força do número, que afoga as vozes que não participam de sua cacofonia. Com a quantidade sempre é possível escapar da realidade: a ignorância vence pelas normas que impedem o transformismo. Vence pelo  auto-isolamento, com pessoas esquecendo o mais importante (dito por um ou dois ou poucos) e repetindo sempre as mesmas coisas, de formas mais ou menos iguais. Vence pela falta de percepção do que poderia resolver seus problemas. Vence pela insensibilidade gritante e pela falta da capacidade de pensar - a ignorância é uma bênção dizem. 

Porque pensar é algo diverso de assimilar passivamente algo (mesmo que muito sofisticado e longo) e reproduzir esse algo de uma maneira mais ou menos palatável para outros. Aí não há sentimento, não há comprometimento, não há amor pela essência e influência do conhecimento sendo (simplesmente) repassado. Não há tesão! - como diria Clóvis de Barros Filho.

Como esperar a mudança do mundo, das pessoas, se você não tem a coragem de fazer algo verdadeiramente diferente, que exija esforço e risco e te coloque por isso em destaque?

Sem bondade, inteligência e coragem, não há meios de sairmos dessa (situação) da melhor forma.

Já dissertei sobre esses três pilares alhures. Não irei me repetir. Os interessados que busquem pelo conhecimento, pois o esforço é um imperativo da vida.

É preciso tocar o abismo de sua natureza infernal (AS) para se lançar aos esplendores de suas capacidades celestiais (S).

Fig.2: Se sou louco tenho um exército de grandes ao meu lado. Eu sinto eles vivos em mim nos momentos mais críticos de minha vida. Tudo que conquistei foi devido a um alinhamento que transcende os motivos mundanos. 
Compreenda quem o puder...

Como eu sempre digo: as coisas proferidas aqui sempre entram em ressonância com correntes de pensamentos grandiosas. 

E reverberam em almas já preparadas para a ascensão.

Que Deus te abençoe por ter chegado até aqui amigo - você é raríssimo.

Paz e ascensão!

sábado, 10 de dezembro de 2022

Um Universo Absoluto que conduz os universos relativos

Lendo o livro A Ciência e o Campo Akáshico: uma teoria integral de tudo, de Ervin Laszlo, estou me deparando com uma série de afirmativas que apontam para aquilo que os estudiosos da obra de Ubaldi já sabem de antemão: vivemos num universo (num sistema de universos) criados por outro, um único universo uno, além de todas as suas criações. Um Metaverso, nas palavras de Lazslo - que nada tem a ver com o termo usado pelo criador do facebook. Esse seria, na definição de Ubaldi, o Sistema.

Vamos aqui iniciar um esboço de unificação entre as últimas teorias e orientações da ciência e a visão do Apóstolo de Gubio. Para isso terei de recorrer ao livro de Ervin Laszlo e algumas informações a respeito das últimas descobertas científicas no campo da física teórica e da psicologia transpessoal.

Nós sabemos que existem quatro forças fundamentais que agem no nosso cosmos: a gravitacional, a eletromagnética, a nuclear forte e a nuclear fraca. As duas primeiras tem seus tentáculos de influência se estendendo ao infinito, enquanto as duas últimas atuam somente a nível atômico. 

Fig.1: As quatro forças fundamentais partiram de um único impulso primordial. Isso a ciência está percebendo. 
Mais: para explicar as origens (e o destino) do nosso universo, é preciso encontrar uma Teoria Unificada de Tudo (TUT). 
Não apenas na Física, mas em todos os níveis (químico, biológico, psíquico).

A gravitacional age em tudo que existe, enquanto a eletromagnética atua em partículas com alguma carga elétrica. As outras atuam em partículas elementares apenas. Essas forças são causadas por partículas elementares responsáveis pela geração de forças, denominadas bósons (fótons, glúons e partículas W e Z). As partículas constitutivas da matéria, por outro lado (quarks e elétrons), classificamos como férmions

Talvez o mais interessante seja perceber a imensa variação de cada uma em relação às outras.

A força gravitacional é fraca em relação às outras (10E-39 vezes menor do que a força nuclear forte). Por isso ela só é influente e considerada no estudo de corpos massivos - objeto de estudo da cosmologia. Trata-se de uma força de atração fortemente vinculada à matéria, que surge como primeiro produto da série das formas dinâmicas (energias).

"Eis como ocorre a transformação: o movimento, primeiro produto da evolução físico-dinâmica, é força centrífuga e, por isso, tende à difusão, à expansão, à desagregação da matéria. Expansão em todas as dimensões é, com efeito, a direção da evolução. Mas, em determinado ponto, essa direção se inverte, por lei de equilíbrio, numa direção centrípeta (contraimpulso involutivo), e as forças de expansão se complementam com as de atração. Assim, a primeira explosão cinética encontra seu ritmo, pois, tão logo a desordem se manifesta, o princípio da Lei a reorganiza em nova ordem, equilibrando o movimento num par de forças antagônicas. Dessa forma, a gravitação vos aparece como energia cinética da matéria, estando, pelo fato de ter nascido diretamente desta, tão inerente e estreitamente ligada a ela, que não vos é possível isolá-las uma da outra."

AGS, Cap. 38 (grifos meus)

Explica-se assim a dificuldade de detecção das ondas gravitacionais (descobertas apenas em 2015, como podemos ver aqui): elas são um produto direto da matéria. Um contraimpulso ao impulso expansionista da radioatividade. E pé interessante constatar que ela atua em todos os objetos do universo - apesar de ser a mais fraca.

Por outro lado, a força eletromagnética, 10E37 vezes mais forte do que a gravitacional, também tem atuação ilimitada em termos de distâncias e partículas. Porém, só exerce seu "papel" se as partículas estão carregadas eletricamente. Essa atração-repulsão é o que impede a interpenetração de objetos. E mais: ela também tem forte influência a nível atômico (fenômeno não constatado no caso da força gravitacional). 

As forças nucleares atuam apenas na escala atômica, sendo a fraca influente em partículas elementares como os elétrons; e a forte influente em partículas mais pesadas, localizadas no núcleo atômico. Estas últimas são as mais fortes e dão coesão aos átomos. 

Já foram feitas unificações entre três dessas quatro forças (ver figura abaixo).
Fig.2: As quatro forças fundamentais, para serem unificadas (=relacionadas em nível profundo), dependem 
do que sabemos sobre o que ocorreu no início de nosso universo. 

É interessante constatar que a ordem das unificações na história da física coincide com o tempo mais ou menos próximo das ocorrências e com a familiaridade aparente entre elas. De modo que a força eletromagnética e nuclear fraca, por envolverem partículas leves, que por sua vez se relacionam com o eletromagnetismo (num nível), foram unificadas antes. Depois, estas duas com a nuclear forte. Hoje busca-se algo denominado de teoria quântica da gravitação, que seria a condição necessária para explicar os estágios iniciais (primeiros instantes, 10E-42 s) da formação do universo. Ou seja, para compreender nossa origem (em pensamento, não em vivência ainda) seria necessário ter uma base conceitual (teoria) capaz de clarear nossas mentes. 

Tudo aponta para o fato de que houve uma origem unitária para a multiplicidade fenomênica - filha da dualidade, estado de cisão que nos acompanha há 13,8 bilhões de anos. E que a única maneira de explicar a coerência entre fenômenos tão díspares e as comunicações instantâneas - que atordoa nossas mentes, habituadas a conceber tudo na base dimensional espaço-tempo - seria a existência de um campo informacional, ou Campo A (de Akáshico), de acordo com Laszlo. De modo que o que unificaria tudo seria algo imaterial, não mensurável por nossos instrumentos ou sentidos. Porém perceptível pela nossa intuição. 

O Campo A ainda é capaz de permitir que qualquer ser possa acessar todo o conhecimento universal (no e além do nosso universo) devido à sua característica imaterial. Nele tudo é simultâneo e intangível. Ele é de certo modo o campo não-local dos físicos. Domínio das variáveis ocultas de David Bohm. Mas esse acesso não se dá através dos meios e métodos convencionais. Ele se dá através da vivência profunda, que leva à sensibilização do ser, cujos 'sentidos ocultos' despertam a conseguem detectar, gradativamente, aspectos mais profundos sobre a causa do oceano fenomênico universal. 

Esse campo, ao que tudo parece, é indestrutível e portanto está ligado à eternidade (=ausência da dimensão tempo e portanto da influência desta sobre ele) e à infinitude (=ausência das barreiras espaciais para sua plena atuação). É sem dúvida uma das 'partes' do Absoluto.

"O fenômeno que os cosmólogos chamam de “sintonia fina das constantes universais” é particularmente incômodo. Os parâmetros físicos do universo — há três dúzias ou mais desses parâmetros — estão ajustados de maneira tão precisa que, juntos, eles criam as condições altamente improváveis sob as quais a vida pode emergir na Terra — e presumivelmente também sobre outros planetas — e evoluir até níveis de complexidade progressivamente mais elevados."

Laszlo, E. A Ciência e o Campo Akáshico (grifos meus)

É interessante como alguns atribuem a um acaso feliz o fato da complexidade ter surgido em nosso universo. Não querendo ver uma causa inteligente, ou seja, um motivo para essa ocorrência, travam o ímpeto investigativo deles mesmos e - pior - dos outros. 

Interessante também é percebermos que existe uma progressão geral que aponta para desmaterialização e morte (de um lado) mas para ressurreição, vida e consciência (de outro). A questão de perceber esse morrer-renascer depende 'apenas' de nossa capacidade de conceber e sentir planos de vida superiores. 

"Todos esses são quebra-cabeças de coerência, e levantam a possibilidade de que este universo não surgiu no contexto de uma flutuação aleatória do vácuo quântico subjacente. Em vez disso, pode ser que ele tenha nascido no útero de um metauniverso anterior: um Metaverso. (O prefixo meta vem do grego clássico, e significa “atrás” ou “além”; então, Metaverso é um universo mais vasto e mais fundamental, que está atrás ou além do universo em que habitamos.)"

 Idem (grifos meus)

Qualquer semelhança com a revelação de Ubaldi é mera coincidência (brincadeira).

Você percebe, meu amigo? Uma hora todos nós teremos de lidar com essas questões. Tudo está convergindo para o ponto ômega. Fugir disso só causa mais desorientação, mais dor. É a negação da vida, das inesgotáveis e maravilhosas possibilidades, da evolução em seu próximo nível. Não podemos nos furtar desse dever. 

Abaixo uma breve descrição do Campo A.


Toda essa busca da ciência, da vida, dos avanços e regressos, é uma busca por um tesouro oculto. Um tesouro que enterramos no âmago de nosso ser, cobrindo ele cheio de coisas grosseiras, transitórias, ilusórias, viciantes.

E para auxiliar-nos é imprescindível aceitarmos a presença desse Absoluto que nos guia nessa oceano tormentoso de relatividades que sangram, agridem, lutam, choram e gozam. Ele sempre está aí, acessível a qualquer um que tenha a fé (=sintonização com planos superiores): único pré-requisito para desfrutar de suas benesses. Benesses indescritíveis e indestrutíveis, que sempre superam as adversidades do mundo, impressionando os poderosos, chocando os incrédulos, conduzindo a criatura. 

Não se trata de multiplicar o que se tem. De estender no campo do intelecto. De acumular fatos e diplomas e cargos. De despejar palavras, numa verborragia insana. De vencer no mundo. Nada disso. 

O ponto é superar nosso baixo nível evolutivo.

E superar, após ter chegado a determinado nível de consciência, é transcender.

E transcender é conhecer a verdade, que nos liberta das amarras do AS, 

Para seguirmos obedientemente as vastidões do S.

Gilson Freire nos ajuda a compreender essa realidade - que é A Realidade.


Referências

https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/boson-de-higgs.htm

https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-51215323

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/08/conheca-4-forcas-fundamentais-da-fisica-e-por-que-elas-sao-importantes.html

http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20032/Humberto/#:~:text=Esta%20unifica%C3%A7%C3%A3o%20entre%20a%20intera%C3%A7%C3%A3o,no%20interior%20do%20n%C3%BAcleo%20at%C3%B4mico.

https://www.youtube.com/watch?v=IW3PcKlYYRw