domingo, 29 de dezembro de 2013

A Loucura não é (sempre) Louca


A cura da humanidade pode estar na loucura.
Já me falaram (ou pensaram) certa vez, sem me conhecer:

Você é louco!”

E eu, refletindo, calmamente, respondi (em pensamento):

Sou louco sim. Mas SOU FELIZ e NUNCA fiz mal a ninguém com minha “loucura”.

E me senti melhor, mais solto e livre e feliz.

E ao mesmo tempo tive pena (muita muita muita pena) da pessoa que proferiu (ou pensou) essa frase ferina e ácida, porque

Ele (ou ela) – infelizmente – não FAZ A MENOR ideia dos SONHOS e PLANOS e IDEAIS e IDEIAS que estão inculcados em minha mente, porque

Ele (ou ela) jamais disponibilizou uma fração infinitesimal de seu tempo para conhecer universos diferentes como o meu (ou o seu ou o de qualquer pessoa “diferente”), porque

Ele (ou ela) estava preso a uma rotina repetitiva e com aparente sentido de progresso, que eu não conseguia ver como tal, mas que ele (ou ela), no entanto, via como tal, porque

Ele (ou ela) foi “ensinado” forçosamente a seguir um rumo padronizado durante anos e décadas, porque

Ele (ou ela) viu os outros tendo “sucesso” ao seguir esse rumo padronizado e pensou “então basta seguir a receita que a humanidade me apresenta e serei feliz”, porque

Ele (ou ela) jamais teve a coragem (creio eu) de se libertar da inércia que impregna a alma da grande massa da humanidade deste globo, porque

Ele (ou ela) percebeu que se libertar dessa inércia seria muito doloroso e exigiria muito esforço, que não seria recompensado enquanto sua saúde estivesse em ordem e sua condição social estivesse “em cima” e tudo mais.


Portanto, o caminho mais fácil foi escolhido.

E eu, “louco”, sinto ter escolhido o caminho mais difícil. Da condenação, aparentemente.

Mas ALGUMA COISA LÁ DENTRO DE MEU SER diz que devo CONTINUAR.

Porque a Eternidade opera lentamente, mas com uma força colossal.
E apesar de sua força e grandeza, ela é muito DISCRETA.
E diz que devo confiar nela, ou melhor, em minha CONSCIÊNCIA – que estão intimamente relacionadas.


E eu, na minha “loucura”, aceito e sigo o conselho.


E eu, apesar de não ser inclinado para o jogo, estou fazendo a maior e mais arriscada das apostas, ao levar adiante minha “loucura”,

Minha teimosia questionadora,
Meus hábitos fora do padrão médio,
Minha vontade sobrenatural (para alguns) de seguir meu caminho e expor minhas ideias.

Por que?

Porque até hoje ninguém foi capaz de me convencer de que haja algo melhor, mais útil ou construtivo para ser feito.

Portanto...

Continuo escrevendo,
Continuo aprendendo,
Continuo estudando,
Continuo mudando,
Continuo me inconformando,
Continuo buscando um significado para tudo que me rodeia.

E (engraçado) não me canso.
Às vezes me sinto como um instrumento ecoando em descompasso com a orquestra da qual faço parte.

Mas quando estou prestes a me AJUSTAR ao coro, eis que me deparo com outro instrumento, ecoando em SINTONIA com os meus sons,

E aí REPENSO na mudança. Me sinto encorajado a seguir minha trilha original. Natural.

E quem sabe, um dia, num futuro não muito distante, eu (ou outro instrumento) possamos unir esse conjunto de instrumentos dissonantes e formar um coro harmonioso.

Talvez mais harmonioso que todos outros existentes.

E daí, se tal dia for possível e se concretizar, haja menos problemas nesse mundo.

E mais felicidade.

Quem sabe...

E isso tudo, só porque um dia uma pessoa um dia falou pra mim

Você é louco!”

E escrevendo esse texto hoje, eu agradeço pela sinceridade dessa pessoa.

Porque querendo dar um golpe, talvez esperando uma reação de mesma espécie, foi gerado um texto cheio de ideais e sentimentos.

Talvez isso seja aquilo que Pietro Ubaldi* tanto explica em suas obras, que é transformar o Mal em Bem.

Dessa forma talvez seja possível começarmos a construir um mundo melhor, com mais pontes e menos muros.

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