Ao longo
da minha vida curta e intensa, sempre vi e passei por diversas
dificuldades. Problemas de diferentes tipos e ordens já sondaram meu
jardim espiritual. Percebi que muitos deles ocorrem com certa
frequência. Na vida de todos, claro. E que eles surgem na forma de
dilemas. E um dos (dilemas) mais cruéis emanam da sociedade. Isto é,
são impostos por ela. E caem na sua cabeça como uma bigorna de 1
tonelada. Impiedosamente.
Uma pessoa pode gostar de outra do mesmo sexo. Certo ou errado, muita gente assim faz muito menos mal do que pessoas "certas", que seguem o 'establishment'. |
A maior
chaga da humanidade é o preconceito que muitos tem em relação a
certas atitudes e modos de pensar. Se uma pessoa tem ideias
diferentes a respeito de alguém mal visto pela opinião comum, os
problemas começam a surgir para essa pessoa. E eles (os problemas)
são ampliados se essa pessoa, além de ter essas ideias
diferenciadas, começa a agir de modo a fazer jus a elas, seguindo
sua consciência.
Devo
estar muito abstrato, certo?
Vou
exemplificar um caso prático.
Imagine
que você tem um grupo de amigos(as). Eles e elas são legais,
simpáticos, te preenchem e te animam cada vez que os vê. E vocês
conversam e riem e trocam ideias e tudo mais.
Com o
passar do tempo, você passa a conhecer novas pessoas – ou deseja
conhecer, o que é natural. Mas essas pessoas...esse grande grupo,
que representa grande parte do mundo, tem uma ideia preconceituosa em
relação a esses seus colegas. Não gostam de vê-lo com eles. Te
ignoram e consequentemente não te aceitam porque você os aceita.
Por que? Eles próprios não sabem dizer. Ou melhor...suas
justificativas são infundadas. Exemplo: “os caras com que você
anda são muito 'estranhos'”....ou “essas pessoas não se arrumam
direito”, ou “esses aí são loucos”, ou “esses caras afastam
os outros”...e por aí vai. Tudo nessa linha. Nesse ponto a pessoa
começa a sofrer uma espécie de pressão, imposta pela maioria
dominante, que tem uma verdade dominante – mas frouxa e infundada,
repito. Um PRÉ-CONCEITO. Ou seja, um conceito formado sem verdadeiro
conhecimento da realidade dos outros. E passa a impô-lo como uma
verdade absoluta, rejeitando qualquer tentativa de contato enquanto a
pessoa não se adequar ao esteriótipo aceito por esse grupo. Dilema
estabelecido.
Amizade colorida. :) |
A pessoa
passa a se perguntar, “o que eu faço?”. E para “evoluir”,
abdica de seu grupo (a minoria...numérica) para tentar uma nova
empreitada no universo sedutor, “legal”, “normal”, “na
moda”, “inteligente” e adjetivos do tipo. Resultado: amizades
são desintegradas por forças externas.
E ao se
relacionar com pessoas desse novo mundo o sujeito não percebe que a
qualquer momento esse novo mundo pode rejeitá-lo, por um motivo
qualquer. E aí ele não terá nem seus velhos amigos nem seu novo
mundo nem nada. Mas a maioria das pessoas segue esse caminho.
É claro
que em muitos casos a pessoa se dá relativamente bem e se entrosa em
outros grupos e assim por diante. Mas a razão dessas
mudanças...desses pulos...parecem sempre ser norteada por motivos
VAZIOS. Motivos que não são da própria pessoa. Motivos que foram
impressos em sua mente ao longo dos anos. Pela sociedade. Pela
família. Pelos grupos. Pela mídia. E até por pessoas que se dizem
amigas. E a pessoa estará periodicamente descartando gente REALMENTE
legal, por motivos de FORMA – e raramente de CONTEÚDO. É uma
espiral de perdição, na minha opinião. Pois os prazeres são
efêmeros e a certeza de infelicidade futura, certa.
Já vi
muito disso em minha vida. É claro que sob uma ótica material, que
deve influenciar a mente de 98 a 99% dos seres (humanos) desse
planeta, essa receita que muitos seguem é eficaz. E, para as
pessoas, é a solução dos problemas: quem corta laços “inúteis”
acaba por ter ascensão profissional, arranja uma namorada (ou
namorado) bela e inteligente e rica e com status social (e adjetivos
do tipo), é aceito por outros grupos. E etc. É uma receita tão
eficiente que até gente tida como profundamente conhecedora da vida
a segue e a propaga, julgando que faz algo bom.
Pessoas se prendem às formas e criam motivos para se divertirem. Causa possível: falta do que fazer. Remédio: estudem, aprendam, escutem, passeiem,... |
Sem
dúvida neste mundo (inóspito), se alguém deseje ter sucesso a
curto prazo, esse é o caminho mais adequado. Mas eu sempre me
perguntei, desde minha adolescência: será que esse é O caminho (da
felicidade)?
Eu
confesso que sou cada vez mais incapaz de me influenciar por opiniões
externas. É claro que analiso elas, com rigor e cuidado, em minhas
reflexões.
Apesar
de todos golpes ao longo da vida, continuo na minha teimosia de me
aprofundar naquilo que julgo ser a maneira correta de agir. Cristã.
No verdadeiro sentido da palavra. E – sem dúvida – sofro com
isso. Hoje menos do que ontem (acho que estou me blindando contra
certos tipos de projéteis, sabe...me desmaterializando). Se gosto de
alguém gosto. E ponto. Não deixo o mundo me influenciar. As
belezuras e os ricos e os poderosos e os influentes e os “legais”
e pessoas do tipo podem me dizer que tenho de deixar ele ou ela ou
tal ideia ou tal modo de vida. Mas a palavra (e atitude final) é
minha. Me preocupo mais em não trair minha consciência do que
beneficiar meu prazer (será realmente?) e imagem. Talvez eu seja
louco. Mas nesse caso serei um louco que reflete. Já é alguma
coisa, certo?
Para me
aprofundar numa amizade sigo intuições básicas. Tento observar se
essa pessoa é boa e educada e se interessa por melhorar e tenta
compreender a mim e a ela mesma e aos outros e se apaixona pelos
fenômenos e pelos sentimentos. É tão simples que chego a me achar
muito simplório. Mas talvez aí esteja a chave para o progresso
desse milênio.
Vejo um
mundo de pessoas cuidadosas demais. Cuidadosas no sentido de não
fazerem nada fora do padrão. E nessa atitude (ou falta dela) são
podadas INCONTÁVEIS possibilidades de enriquecimento espiritual.
Acho que
vale a pena refletir sobre esse assunto...
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