O
Progresso da Humanidade é tão lento quanto a capacidade de algumas
pessoas compreenderem os problemas sociais e culturais que nossa
sociedade, em sua maioria, - em todos países, em menor um maior
grau...mas em todos - vem fomentando inconscientemente. Esse fomento
acontece de forma lenta e contínua. É um anti-trabalho feito por
muita gente que julga estar contribuindo para o progresso através de
seu "trabalho". "Trabalho" este que exige muito
em termos técnicos e comunicativos, mas cujos resultados é o
enriquecimento de um grupo pequeno - já tremendamente rico - que
afirma ser este a única alternativa da humanidade. Será?
Não
devemos julgar as pessoas pelas suas atitudes. Todos (todos) temos
defeitos. Não é culpa do indivíduo reprimir qualquer grupo ou
pessoa diferente, "radical", "utópico",
"vagabundo" (etc) que proponha uma nova visão e modo de
fazer as coisas. E esboce idéias e aplique coisas simples em sua
vida. Porque esse indivíduo (o repressor, parte da maioria nas
idéias comuns) geralmente está tão atarefado em seus afazeres
diários que não há TEMPO nem ENERGIA para que ele ESCUTE vozes
dissonantes. Vozes essas ainda com alguma energia. Vozes que tiveram
a oportunidade de estudar e trabalhar - no verdadeiro sentido da
palavra. Trabalhar em algo que lhe permitisse DESENVOLVER seu SER,
respeitando-o.
A
maioria das pessoas neste planeta não pode se dar ao luxo de fazer o
que gosta. Os motivos são tão óbvios - porém infundados - quanto
inumeráveis:
- Dificuldades financeiras agudas;
- Preconceitos sócio-culturais acerca da profissão;
- Mortes, violências ou traumas sofridos ou constantes em seu meio;
- Preconceitos raciais durante a trajetória de ensino;
- Falta de perspectivas educacionais.
As
dificuldades financeiras agudas são causa de muita infelicidade
neste mundo.
Recentemente
li um artigo muito bom na revista Carta Capital que falava sobre
concentração de renda. Este artigo se baseava num relatório
respeitável, "Credit Suisse Research Institue" (Outubro de
2013). É o "Global Wealth Report" (Relatório de Riqueza
Global) na qual inúmeras estatísticas relacionadas às condições
de vida no planeta são levantadas, interpretadas e usadas para
traçar possíveis políticas para a melhoria das condições de tudo
e de todos.
Força sem Inteligência versus Inteligência sem Força. ou (respectivamente) Polícia versus Sociedade |
O que
mais me chamou a atenção foi o seguinte: um indivíduo que possua
mais de R$ 8.600 reais disponível em sua conta corrente ou casa (ou
algum lugar qualquer...mas seu) é mais rico do que 50% DA POPULAÇÃO
DESTE PLANETA. Isso me fez refletir um pouco. Porque muitas coisas
fundamentais nesse planeta custam algo que beira esse valor. Ou
suplente em muito. Um carro, por exemplo. Ou um imóvel. Simples.
Eletrodomésticos. Gasto de quatro ou cinco meses de supermercado,
para uma família que deseje ter alimentos minimamente nutritivos.
Etc.
Uma
informação dessas pode levar muita gente a ficar agradecida pelo
que possui. E igualmente - e não sem razão - conduzir ao seguinte
raciocínio: não devemos reclamar nem desejar mais, pois há muita
gente cuja realidade socioeconômica é muito pior. Eu concordo. No
entanto, se todo mundo pensar apenas desse ponto de vista, julgando
que sempre há uma pessoa ou grupo em condição pior, chega-se à
conclusão de que ninguém (exceto o grupo mais pobre, que constitui
um punhado de milhões) deve questionar a ordem mundial estabelecida.
Mas essa multidão não tem nem sequer consciência da própria
existência, e sua única preocupação só pode ser saber se irá
sobreviver ao dia seguinte.
O
raciocínio anterior facilita as ações de grandes grupos (no topo),
que se enriquecem sem esforço real. Apenas exercendo um controle
sobre todos aqueles de baixo da pirâmide político-econômica, e
dizendo para essa grande massa de pessoas abaixo que devem olhar
ainda mais pra baixo e para de reclamar. Bom...primeiro erro: muitos
QUESTIONAM ao invés de reclamar. E segundo: todo progresso humano
teve como causa a vontade de ser mais e melhor.
Os
questionadores são criaturas que constituem o maior perigo para a
ordem estabelecida. Eles tem fortes argumentos e falam suavemente.
Convencem através da persuasão. Do diálogo. Do exemplo. E
convencem aos poucos e para poucos. Porque nós, humanidade,
rejeitamos em grande medida nossos sentimentos e pensamentos por
muitos séculos, nos automutilando.
Poucos
atingiram um patamar capaz de compreender a dinâmica evolutiva de
todas criaturas desse (e de outros) globos. E de esboçar possíveis
caminhos para a melhoria de suas vidas e a dos outros. E, do meu
ponto de vista, me parece que esse tipo biológico não é
necessariamente aquele com mais titulação nos estudos e/ou (muito
menos) aquele em cargos de poder.
Podemos
encontrar seres orientados para a espiritualidade e para o estudo
desinteressado (ou seja, prazeroso, mas com uma utilidade de fundo
ainda não perceptível nem a essa criatura) em locais simples,
frequentados por muita gente. Suas ações são discretas. Tão
discretas que, para uma pessoa num patamar médio se dar conta da
luminosidade espiritual desse ser, seriam necessários anos de vida.
Escutando-o, compreendendo-o, e trocando idéias. No entanto esse
tipo de atitude é impossível nesse mundo. Mundo este estruturado de
forma a impedir quaisquer tipos de contatos desinteressados a longo
prazo - amizades verdadeiras, em outras palavras. Além dos problemas
de comunicação, que são uma segunda barreira.
Há
pessoas construtoras constantes de boas idéias. São mentes que
trabalham 24 horas por dia. Em parques, centros, nas ruas. E se
preocupam com a finalidade de sua aplicação. E algumas dessas
pessoas ainda tem a sorte de serem de uma etnia e condição social
que permita o desenvolvimento de sua personalidade em seu meio. No
entanto, essas pessoas tem dificuldade em comunicar suas idéias. E
por essa razão, passam boa parte (ou toda) sua existência se
manifestando em vão. Por outro lado, essa vertente social deve ser
analisada bi-direcionalmente.
É fato
que um bom comunicador tem todos pré-requisitos conseguirá passar
uma idéia para seu público. No entanto, de nada adianta o melhor
comunicador do mundo (ou do Universo) lançar energicamente palavras
para uma multidão pouco dotada de sensibilidade. Há evidentemente
um pré-requisito a ser preenchido. Pela multidão - ou a maioria
dela - nesse caso. Vê-se que o sucesso da ligação é dependente do
receptor e do emissor. A relação é bi-direcional.
Portanto,
as criaturas questionadoras, - que apesar de serem minoria, são cada
vez mais numerosas e conscientes - passam grande parte de suas vidas
isoladas e ignoradas na maioria dos meios sociais, que são muito
mais receptivos do que os governamentais e corporativos. Isso torna a
batalha do sensível muito dolorosa, e seu refúgio é encontrar
pequenos oásis sócio-culturais. Locais com pessoas capazes de
compreender sua mensagem.
Através
dessas ilhas de reflexão e sentimento, criaturas evoluídas
conseguem se desenvolver. Não se sentem ameaçadas e portanto dão o
melhor de si. E possuem responsabilidade em alto grau. Para eles o
Dever - de auxiliar os outros, de estudar, de questionar - é algo
natural. Não há necessidade de se monitorar para a prática de
atitudes virtuosas. Seu prazer é executar atividades diferenciadas
que promovam a união das pessoas e dos povos. Atividades que
interconectem as áreas. Para isso sua mente funciona constantemente.
Ela é criativa em estabelecer analogias e introduzir idéias de
formas diferentes. Esses seres não são necessariamente os mais
desenvolvidos intelectualmente. Mas sua VONTADE supera em muito as
mentes mais brilhantes.
A
vontade é motor de crescimento. É fundamental para a Evolução. Um
ser que tem capacidades mas carece de vontade tende a estagnar. Por
outro lado, um ser com pouca capacidade mas repleto de vontade está
em constante evolução. É como a fábula da Tartaruga e da Lebre.
No final a vontade da mais lenta (tartaruga) triunfa sobre a
capacidade da mais rápida (lebre). Assim é na vida. Só que a
última palavra não foi proferida. Na verdade ela está muito longe
de ser dita. Por isso valorizamos as lebres, julgando-as campeãs e
exemplo de Progresso. Falta de visão. Falta de sensibilidade. Falta
de estudo...
Todos
ingredientes de Progresso estão aqui, neste mundo. Só resta a quem
já percebe isso, divulgar a idéia. Sem medo. Sem vergonha.
É
difícil? Sim, é muito difícil. Mas o encorajamento deve vir
daqueles que enxergam mais longe. Se esses ficarem quietos, corremos
o risco de permanecer nesse estado de terror, com entidades de
terror, dominadas por mentes com dois ou três séculos de atraso.
Não
tenham medo.
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