O seguinte artigo apresenta a proposta do PMDB para a Educação, chamada de Travessia Social.
http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/conheca-as-propostas-do-pmdb-para-a-educacao/
Como professor posso dizer que o que li me preocupa por dois motivos:
1) Em nenhum momento, segundo o autor do texto pelo menos, é citado o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em unanimidade em 2014 pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. É de se estranhar essa omissão, já que se trata do próprio grupo que está prestes a pegar as rédeas de direção do país.
2) A bonificação por metas é uma tentativa de inserir um germe de uma meritocracia superficial, que se interessa mais em hiper responsabilizar o professor pelo sucesso/fracasso do aluno do que em melhorar as condições de trabalho dos professores(as) e auxiliar o aluno a progredir.
Vamos ao ponto: a bonificação é algo inerente à forma mental hodierna, que ignora explicitamente, serve ativamente e louva implicitamente uma corrente mental conhecida como neoliberalismo, que não tem nada de novo nem é liberal - em seu mais amplo aspecto, pelo menos, como já disse Noam Chomsky. Não se trata de fugir do serviço de melhoria do aprendizado, e sim de apontar as implicações que esse tipo de "projeto" trarão para o ambiente de trabalho dos docentes, e consequentemente para a vida dos alunos e da própria instituição escola.
Nas empresas privadas vem se tornando cada vez mais comum a bonificação. Aparentemente trata-se de algo que induz o ser humano a buscar o melhor de si. E com isso os outros serão estimulados a darem o máximo de si - para a lógica produtiva, claro. Por outro lado, para fazer isso o mecanismo citado implementa no ambiente de trabalho a competição. Somos humanos e portanto passíveis de termos o pior de nós (ego físico-mental) despertado - especialmente quando estamos em situações de alta tensão e vulnerabilidade psicológica. Como o sistema vigente nos força a usar 99% de nossas energias, tempo e intelecto à serviço de manutenção, não nos resta tempo para reflexão, nem é permitido questionar o que se apresenta de forma impositiva. Isso é uma restrição real, e portanto não pode ser ignorada como abstração, por melhor que uma pessoas encare as coisas e por mais consciência que ela possua. Ainda assim, o indivíduo que deseja se absorver em trabalhos de ordem elevada se verá diante do desafio titânico de degradar sua saúde e colocar sua vida financeira, afetiva e profissional em risco para fazer um mínimo de esforço útil para elevação da humanidade. Pietro Ubaldi explica e exemplifica muito bem isso ao longo de sua monumental Obra de 24 volumes. Obra cuja escrita penetra nas almas já despertas, pois cada palavra foi sofrida, sentida, refletida e vivida até suas últimas consequências. Isso é a aplicação do Evangelho no terreno da vida.
De qualquer forma, a bonificação induz à competição, e esta ativa em nossas mentes os mecanismos de comparação constante com o outro. Mais: começa-se a suspeitar de que cada atitude feita pelo outro esconde algum interesse, como se garantir num emprego miserável, muito aquém de suas aspirações, por motivos de sobrevivência. Não admitimos isso verbalmente, no entanto observando o modo como as pessoas conduzem suas vidas e falam e apoiam certas correntes de pensamento e consomem bens e concebem o binômio matéria-espirito, podemos extrair e concluir muitas coisas.
Como eu já disse num ensaio anterior, devemos competir com nós mesmos (Intuição espiritual dominando Intelecto humano) e cooperar com o mundo, começando pelos mais necessitados. Se isso não começar a ocorrer logo, um processo de degradação irreversível se iniciará, do qual só iremos nos recuperar ao longo de muitos séculos ou milênios. Começará pelo colapso do sistema econômico (que muitos defendem com unhas e dentes...), que puxará o campo político-social (miséria generalizada), cultural (já estamos em processo de degradação cultural) e ambiental, do qual todos dependemos. Isso tudo parte da forma mental hodierna, incapaz de conceber formas de vida mais elevada, sustentável e simples. Elevada por se orientar pelo místico-religiosa; sustentável por se organizar de forma verdadeiramente eficiente, subordinando economia, tecnologia e ciência ao equilíbrio budista; e simples por se conscientizar de que crescer na horizontal material, dos prazeres, das aparências, dos títulos, das novidades, do físico, do vazio da forma, é o que leva à Queda.
Condições para melhoria brotam espontaneamente. Assim sempre foi e sempre será. Porque trata-se de algo divino - e portanto imutável porque perfeito, diferente de nossas manias humanas, sempre em mutação.
O interesse de implementar essa bonificação está muito mais em prosseguir com a ideologia neoliberal, onde tudo é meta e produtividade (para quê? para quem? que tipo de "produtividade"?...) e competição, do que realmente possibilitar condições de florescimento de projetos, planos e visões. No entanto a ideia é fácil de ser acatada pelo tipo médio do mundo atual, que devido à uma vida perturbada e superficial, abraça e apoia soluções óbvias e fáceis. O caminho da conscientização sempre será sofrido...
Quanto ao primeiro aspecto, acho preocupante como certas coisas são ignoradas. Mais preocupante ainda é saber que isso é pouco colocado em pauta por parte de setores abastados da sociedade:
"Entre elas, estão a erradicação do analfabetismo, o incentivo à formação de professores, a ampliação na oferta de Educação Integral e Infantil, além do aumento gradativo da destinação de 5,3% para 10% do PIB no ensino público. “No Travessia, se ignora totalmente o que foi aprovado no Congresso Nacional, aliás, por um partido que naquele momento tinha a presidência da Câmara e do Senado”, aponta Rezende."
(grifos meus)
Podem pesquisar a respeito. Aqui vai um link para ponto de partida:
http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/o-pne-foi-so-%E2%80%A8a-largada/
Relembrando que crescer infinitamente num mundo finito é um atestado de ignorância das mais fundamentais leis da vida. Estamos diante da questão Produção-Distribuição, que deverá ser abordada de forma suficientemente madura para que possamos ter alguma chance de não inviabilizar a vida de nossos filhos e netos e demais gerações - por muito tempo.
Pretendo desenvolver algo acerca da questão Produção-Distribuição, partindo do princípio da Consciência e do Equilíbrio. Esboços fundamentais me vieram à mente, mas sinto que o nível de maturação alcançado ainda não permite que venha à tona algo verdadeiramente útil (novo).
Por enquanto deixo registrada minha preocupação e alerta.
A questão de viabilização da vida tratará de temas como:
1. Tributação (eliminação de desníveis escabrosos)
2. Sistema político (representativo e direto devem se articular)
3. Modelo econômico (evolução humana com crescimento zero)
Todos são interdependentes. Parte-se da forma mental, que deve progredir com o despertar da consciência.
É questão de sobrevivência ao que me parece.
Tudo que venho observando (à fundo) me indica que estamos diante de um momento crítico de bifurcação. Escolher o caminho que nos levará a ascensão depende de nosso esforço em nos melhorar.
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