sábado, 25 de agosto de 2018

Manifesto por uma Gramática sem Ambiguidades

Grande parte do desentendimento entre indivíduos se dá pela ambiguidade presente na linguagem de comunicação adotada - seja ela qual for. Como consequência isso é estendido (e ampliado) para os desentendimentos de (e entre) grupos, religiões, partidos, corporações e nações. O resultado é uma humanidade em constante conflito, iniciando, continuando e perpetuando guerras e sanções econômicas sem sentido. 

Devemos fundar uma economia solar.
Os essênios podem dizer algo sobre isso. Mas a nossa
sociedade terá um conhecimento científico e uma
tecnologia grandes. E orientadas para o progresso social.
A ideologia está presente em tudo. Trata-se de uma característica humana. Eliminá-la no estágio evolutivo atual é impossível. Somente com a maturação evolutiva do ser que, sofrendo e aprendendo a usar a dor para construções íntimas - que o libertarão das prisões da ilusão - poder-se-á começar a construção coletiva de uma nova civilização, cujos princípios: (a) coloquem a Terra e a Vida no centro dos cuidados; (b) forneça à sociedade (toda ela) todas as condições necessárias para prosperar e; (c) tenha um sistema econômico sustentável, que canalize o melhor da ciência e tecnologia para o conforto razoável (ideal) e para a evolução. Tem-se assim três entidades: o ecossistema, a humanidade e sua economia. É necessário que a economia seja una em seu princípio, sem o qual haverá tendência de desequilíbrios.

Tudo fica cada vez mais claro. O jogo de palavras (linguagens) criado pela espécie humana tem uma série de armadilhas embutidas. Daí o motivo de muitos jovens buscarem refúgio na matemática e nas ciências básicas (física, química e biologia): estas possuem uma simbologia e e conjunto de jargões claros, sem ambiguidades. O método (científico) é claro e objetivo. E (teoricamente) busca-se a verdade, estando um verdadeiro cientista/pesquisador pronto para abandonar a sua teoria em detrimento de outra que a englobe, revelando aspectos mais profundos.

Pasteur captou a essência da coisa.
O "problema" da ciência está no fato dela ser uma criação humana. Logo, está sujeita a manipulações que visem favorecer determinada visão de mundo. Os interesses permeiam todas as atividades humanas, tanto no campo científico quanto nas religiões. Essas vão sendo desmascaradas pelo ser sincero, que crê numa realidade superior, além de sua capacidade racional-analítica, mas não é mais capaz de admitir uma visão limitada da Divindade. Esse ser tem sede de uma concepção mais vasta, que converse com seu íntimo, englobando-o, fazendo-o se sentir acolhido, sem contradições e sim com uma série de unificações harmônicas e dinâmicas que apontam para uma meta tão distante quanto irresistível. Uma meta que inspira e energiza. Esse é o Deus buscado por aqueles que atingiram uma consciência monista do Todo.

Deus é transcendente e imanente, simultaneamente. Isso é o que garante que a vida brote nas regiões mais inóspitas. E que o inesperado humano ocorra num ímpeto, com precisão e elegância, contra todas as previsões de todos os especialistas. Mas voltemos à ciência...

Pascal era ousado. E único: Santo e Gênio.
Ser Santo é dificílimo. Ser Gênio é raríssimo.
Imagine ser ambos.
As pessoas vêm percebendo que a ciência é tanto objeto de interesses quanto a religião. Mas é um erro dizer que ela se tornou a religião de nosso tempo. Na verdade, uma ideologia dominante, que não se declara como tal por meio de mil artimanhas, - que venho demonstrando nesses espaço virtual desde 2013 - assumiu o domínio da ciência através do interesse de muitos que se dizem cientistas e engenheiros. Quando interesse da lógica econômica (lucro) prevalece sobre o bom senso da ciência sempre, começa-se a gerar uma dor crescente para as pessoas. O autor sente cada vez mais: o desespero para vender à todo custo, consumir vácuos, trabalhar de forma alienada, fofocar incessantemente, domina as pessoas de tal modo que não sobra espaço para a reflexão. E sem reflexão não há condições de saber quais são as armadilhas que nos cercam. O tempo escoa e a pouca energia e dinheiro restantes (para os felizardos) é desperdiçada em entretenimento. Porque o sistema atual, através de propaganda incessante, mídia e outros meios, consegui estabelecer na mente das pessoas o divórcio entre sentir-se bem e aprender. Educação e cultura devem ser a meta. Não apenas preencher o tempo livre com isso, mas ver meios de expandir o tempo para essas atividades. 

Educação e cultura em seu sentido mais amplo: ler e refletir; assistir filmes que convidem a pensar fundo e sentir as emoções escondidas nas faces - mas transbordante nos olhares; estudar assuntos novos; praticar atividades novas; ouvir música; meditar; caminhar; pedalar; construir algo; escrever; tocar um instrumento; pintar um quadro; desenhar; fazer amor; conversar com a família, com amigos, com aqueles próximos em termos vibratórios; preencher de sentido as atividades laborais (se possível); se lançar a experiências novas, com determinação. Isso é o que a vida nos pede. E a recompensa é íntima, da alma. Fica segura para sempre em nós, numa região recôndita: um forte inexpugnável - por ser imaterial, mas muito real. 

Eis que Jacques Fresco (1916-2017), projetista, engenheiro social, inventor e - acima de tudo - uma pessoa visionária, ágil e sincera, unifica sua visão com a de Vladimir Safatle (1973-), quando afirma que é necessário que a humanidade adote uma linguagem sem ambiguidades. Ou, em outras palavras: uma gramática comum. A forma de dizer tanto faz. O que importa é captar a ideia: adquirirmos todos uma forma de nos comunicar que não dê margem à dupla interpretação. Isso é possível? Não sei. Mas creio que podemos melhorar o que possuímos no presente. Ou passar a focar nossa forma de pensar ao redor dos jargões já existentes da matemática e das ciências. A meta: permitir a evolução de todos(as) garantindo o mínimo indispensável para que isso ocorra. A cada um conforme sua necessidade - e o resto virá com naturalidade, sem necessidade de coerção. 

Einstein entra em ressonância com o autor, que vê
milagre em tudo.
Não podemos ficar presos a esquemas que satisfaçam questões do ego humano. Devemos nos desprender das palavras para mergulhar no conceito. Isso é morrer para alguns. Para outros, é reviver num plano superior. 

No filme Inteligência Artificial (2001), os alienígenas que aparecem no final do filme e "resgatam" o menino-robô não se comunicam por palavras (ondas sonoras). São transmissores e receptores de pensamento puro. 

A Ciência, ao contrário do que se pensa, nos aproxima de Deus. Mas ela deve ser intensa e sinceramente praticada, sem preconceitos e com ímpetos de paixão (pela unificação de conceitos, de teorias, de sistemas tecnológicos, de indivíduos). Louis Pasteur diz que "Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Mas muita nos aproxima Dele". É tudo uma questão de quão fundo vamos nos estudos, na vivência, na reflexão. Pascal e Einstein tinham uma visão semelhante. Todos possuíam consciência monista, soubessem disso ou não - provavelmente sabiam. São o ápice em termos de investigação científica. E não negam o Alto, mas apontam para ele. 

A obra "Pensées" (Pensamentos) de Pascal é repleta desse pensamento humilde que se dobra perante uma realidade superior. Einstein sempre sentiu Deus, mas jamais aceitou os dogmas daqueles que professavam em Seu nome. É uma questão de foro íntimo. Muito mais profunda do que as externalidades ritualísticas que são impostas àqueles que aderem a uma religião. 

Os seres do filme IA representam uma antecipação biológica
do nosso ponto de vista. Quando o nosso  espírito evoluir
suficientemente, passará a reencarnar em corpos mais sutis.
Poderíamos começar a construção dessa "linguagem comum" recorrendo ao método científico e admitindo seus resultados (todos eles). Mas precisamos ter uma coerência entre o que discursamos e o que praticamos, tanto no âmbito público quanto na privacidade do lar. Como agentes atuantes na sociedade - como afetos vividos na intimidade. Para isso é necessário buscar novas ideias; deixar-se impressionar pelo novo, que explique de forma convincente, que exponha uma nova visão da velhacaria humana; transmitir a ideia; digeri-la; elaborá-la; buscar dar continuidade, de alguma forma. Apenas cessar a marcha é proibido. Cessar o ímpeto evolutivo que a consciência desperta martela de forma cada vez mais forte é se furtar da responsabilidade de evoluir. 

Uma Economia Baseada em Recursos (EBR) é uma possibilidade de futuro. É uma ideia de refundar nossa civilização. Para que ela sobreviva e viva de forma nunca antes vista - ou imaginada. 

A entrevista com Jacque Fresco no Larry King (1974) pode começar a dar uma ideia do que se trata.



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