Existe muitos poucos ambientes adequados à reflexão neste mundo. Pouquíssimas ocasiões para fazer isso de forma não-individual. Na vida, para quem é (um pouco consciente) e já busca (se conscientizar), existem lapsos de tempo - momentos especiais - em que duas ou mais pessoas entram em sinergia. É um momento em que os participantes se sentem plenamente integrados, reconhecidos e em desenvolvimento vertical. Verdadeiras raridades raras.
Nosso mundo carece de raridades raras. Ao invés, é permeado de nulidades raras e raridades nulas. Estas são as mais valorizadas pela forma mental atual, que a vê como ápice da evolução e objetivo final neste mundo, ágil dentro de suas limitações, como Rajoguna; aquela é o caso mais difícil, de indivíduos que ainda se encontram presos à Tamoguna, no qual os instintos mais basilares são foco da vida e nenhuma sofisticação para encobri-los é feita. Não há puro Rajas ou puro Tamas mas, ao invés, um hibridismo entre ambos, formando uma imensa maioria cujo centro de gravidade oscila entre instinto-intelecto. Mas já encontramos pitadas de elementos mais depurados na coletividade humana.
As raridades raras estão para Sattvaguna. Não são plenamente intuitivas, mas já se esforçam para trazer o centro de gravidade de suas existências para um plano superior, em que predominam sentimentos mais elevados e uma forma de pensar mais sistêmica, que engloba todo pensamento racional-analítico atual. Os sentimentos não são mais sensações e emoções. Não são prazer puro traduzido por gozos como gula, luxúria ou avareza. São percepções profundas do mundo natural e das possibilidades humanas. São um todo coeso que, apesar da diversidade, se manifesta de forma múltipla mas não se contradiz. É sensibilização psíquico-nervosa, que desconecta a natureza do ser a certas vibrações pesadas, e atrai para outras regiões. Regiões que desgastam menos e oferecem mais.
Meditação é ausência de ação. É entrar numa passividade dinâmica. Esvaziar a mente para preenchê-la de substância. |
A percepção do tempo muda à medida que a consciência aumenta. O que quero dizer com isso, de fato? Já se sabe, por Ubaldi, que "tempo" é dimensão da energia, assim como "espaço" é dimensão da matéria. A Mecânica Quântica já nos aponta que a consciência independe de um substrato espaço-tempo para se manifestar. Logo, para existir. Isso irá revolucionar a humanidade, e é a chave para a solução de todos os problemas que afligem este mundo em vias de destruição.
Sendo linha, superfície e volume as três dimensões da 1ª tríade, cujo termo final se manifesta na forma de matéria; e
Sendo tempo, consciência (razão) e super-consciência (intuição) a 2ª tríade, cujo termo inicial se manifesta na forma de energia;
Começamos a perceber que a superação biológica não se dá em termos de sucessão numa dimensão, mas na superação da própria com a conquista de outra, superior.
Sendo tempo e espaço relativos (Einstein), tiveram início e terão fim. A consciência, - estando acima de ambos, pode ter fim mas este (fim) está além das possibilidades de enquadramento, sendo do ponto de vista atual considerada eterna e infinita, - começa a atrair pessoas da ciência, como Amit Goswami*.
Quando começamos a nos envolver com uma atividade livremente buscada, a sensação é a de passagem rápida de tempo. Da mesma forma, quando começarmos a nos envolver integralmente com um modo de vida apaixonante, que dê sentido a todos os nossos sofrimentos, os anos e décadas passarão mais rapidamente. Porque nosso subconsciente não estará mais focado em "medir o tempo". A percepção subconsciente se enfraquece por não ser capaz de drenar energias do ser, que a joga para uma região superior (super-consciente), tornando-o engajado em construir algo completamente diferente do que tudo criado até então, seja uma nova forma de vida, um novo sistema, uma nova invenção, uma nova melodia.
Nosso subconsciente mede porque nosso consciente se cansa. Olhamos - sem pensar, automaticamente - o relógio após certo tempo de estudo, de conversa mundana, de trabalho, de gozos. Porque essas atividades exaurem a pessoa. Elas podem distrair, divertir. Mas jamais oferecem uma possibilidade se superação efetiva das dores que acabam - cedo ou tarde - atingindo a todos. Patina-se na horizontalidade ética-intelectual. No relativo. E quando a mente (rapidamente) exaure todas as possibilidades dentro de seus paradigmas, ela se cansa e joga o poder cada vez mais para um subconsciente que sabe exatamente como proceder - porque assim o faz há milhões de anos no indivíduo.
Essa não-mensuração inconsciente remete a um esquecimento do tempo (dentro do mesmo), que é um prelúdio da superação dessa dimensão.
Apesar de estarmos presos à dimensão espaço-tempo (por possuirmos um corpo físico) podemos realizar ensaios de superação através do foco contínuo em atividades que visam a harmonização, como a meditação e mesmo o exercício da reflexão num ambiente tranquilo. Não se trata de cerebralismo e desempenho mental, mas de anulação do mesmo para se esvaziar de todas impurezas que o mundo nos oferece em pacotes brilhantes e vistosos.
Nosso universo é a tríade matéria-energia-consciência. Para superar a materialidade devemos adentrar na dimensão subsequente - início de uma outra tríade, iniciada pela superconsciência cujo substrato seja a nossa consciência.
Explico melhor.
Linha evolvendo colima em superfície, que evolvendo gera volume. Este engloba as duas dimensões anteriores, porém é dependente das mesmas - existe um bond, uma ligação. E assim forma-se a matéria, 1º aspecto de nosso universo.
Espaço evolvendo colima em tempo, que evolvendo gera consciência. Esta engloba as duas dimensões inferiores, mas é dependente das mesmas. O tempo forma a energia, 2º aspecto de nosso universo. A consciência desperta o pensamento (razão), 3º aspecto do nosso universo.
Podemos fazer um exercício de progressão em regiões subsequentes.
Consciência (na forma de razão) evolvendo colima em super-consciência (intuição). Esta se desenvolvendo forja o misticismo (?).
O centro da consciência é o espírito imortalizável. A mente subconsciente tem prazo, assim como a consciência mental, que interage com o cérebro e nervos, que interpretam os estímulos externos |
Isso aponta que a própria razão é plataforma para construir as bases da intuição. Mas tem um porém: a partir de certo ponto - que varia de ser para ser - deve-se abandonar os métodos consolidados do pensamento para exercitar a divindade interior, única capaz de intuir e estabelecer sínteses. A partir desse ponto de vista justifica-se a fascinação de muitos indivíduos pelo pensamento sistêmico. Trata-se do trecho final da prancha do mundo racional-analítico, que sente vertigens à medida que chega-se à conclusão final. Essa conclusão final nada mais é do que o salto de fé a ser dado pelo ser. Isto é, saltar. Abandonar a prancha segura da razão para atingir a ilha da intuição, e assim despertar uma natureza ainda desconhecida.
No reino da intuição o espaço-tempo não mais domina o ser - apesar de ainda influenciá-lo. Ele acaba assim mudando os paradigmas e consequentemente os sistemas políticos e a lógica econômica para melhor poder desenvolver-se. Ele percebe a interconexão das entidades vivas e dos fenômenos geofísicos do planeta que o sustenta. A morte é apenas uma transição. O nascimento outra. E ambos se repetem indefinidamente. A vida predomina dos dois lados, pois é una - apesar de assumir formas diversas. A passagem de um para outro estado não faz de alguém melhor ou pior - isso depende do grau de consciência atingido.
A produção existe, mas não é ditada pelas restrições do tempo. A pressão dessa dimensão é fraca. A verdadeira criação se dá com a libertação - não com a restrição. É paradoxal, mas quem atinge uma consciência diversa acaba produzindo assustadoramente mais em menos tempo, sem nenhum tipo de planejamento, prazo ou ameaça.
Pensar em termos de prazo nos coloca em estado de preocupação.
Pensar livremente, por amor à descoberta, nos deixa em estado de criação.
A maioria das instituições humanas não perceberam isso - e por isso possuem um baixíssimo grau de adesão íntima das pessoas. Podem ter obediência, mas geralmente por oferecer recompensas ou ameaças que, por mais disfarçadas que sejam, continuam sendo o que são.
Finalmente chega-se a uma nova biologia do ser, supranormal, que é uma antecipação evolutiva. O despertar interior traz uma harmonização orgânica inicial. As atitudes se manifestam em atos, que vão formando uma nova cultura celular. Pietro Ubaldi é um caso de biologia supranormal. Seu organismo envelheceu como todos, mas os escritos dele mostraram claros sinais de robustez orgânica na enfermidade e na saúde. Ser capaz de se alimentar com o mínimo necessário e não se dedicar a nenhuma das inúmeras distrações que o mundo oferece. Ser capaz de saber sofrer para criar novos conceitos e viver de forma cada vez mais convicta. Isso é raríssimo para o biótipo atual.
Não recorrer a medicamentos e permitir ao organismo reagir à doença pode ser sinal de que confia-se mais no espírito da cura do que nos métodos da amenização dos males.
Fiquei doente duas vezes nos últimos dois meses. Uma vez no início de julho - outra agora pouco. A primeira era uma gripe fortíssima. Começou a manifestar-se assim que voltei para casa num domingo. Sentia frio intenso e mal-estar. Tremia tanto que os músculos doíam. O corpo estava exausto e não tinha forças para nada, exceto encolher-se e deitar-se.
Todos almejam criar (viver) algo novo fazendo o velho. Nunca conseguirão. Somente um salto de fé é capaz de levar o ser a outro plano, mais livre, independentemente do caos do mundo. |
A medicina afirma que a gripe dura de cinco a sete dias. Uma vez iniciado o processo de manifestação, ela inexoravelmente irá ter um período fixo, próximo a uma semana**. No domingo a noite fiquei em repouso completo. Acordei segunda-feira um pouco melhor. Decidi repousar e tomar chá quente com mel. Me concentrei em descansar. Todo o dia. Quando fui dormir, sentia que o corpo estava a mil, num trabalho intenso. Meu exterior estava calmo, mas a minha temperatura (eu não sentia frio) estava altíssima. Toda parte do corpo fervia de modo anormal, mas exteriormente eu estava sem febre e sentia uma melhoria gradual. Tinha a sensação de que as células estavam trabalhando de modo intenso, dedicadas a interromper aquele ciclo com um árduo trabalho de absorção dos agentes patogênicos. Pareciam estar se remodulando e não apenas combatendo o vírus. Só sei que na 3ª feira acordei em perfeita saúde, com disposição máxima. Em 36 horas o organismo eliminou a doença.
Se o caso citado é normal, não sei dizer. Mas me impressionou a rapidez com que a enfermidade foi embora. O fato é que nunca me lembro de ter passado por um processo tão intenso e breve relativo a contração de vírus. Isso me faz pensar sobre muitas coisas, e me deixa intrigado com certas questões da medicina.
Ter saúde não é jamais ficar doente. É assimilar e superar rapidamente a doença, uma vez esta seja contraída. Porque doente todos ficamos - e sempre ficaremos, até o dia em que atingirmos um grau de conscientização que nos torne imunes à doenças, como Jesus, o Cristo, atingiu. Seu organismo é reflexo de seu grau de conscientização. É caso único que está a ser cada vez mais sondado pela própria ciência que uma vez negou por completo a realidade integral.
Observações:
* https://pt.wikipedia.org/wiki/Amit_Goswami
** https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/quanto-tempo-dura-a-gripe/
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