A doença é vista como sinal de fraqueza do organismo físico. É sentida como algo 100% maléfico. Deletéria. Sem sentido. Uma grande infelicidade para quem é assolado pelos vírus inúmeros que compõem nosso rico ambiente microscópico aéreo. Mas ela não é um mal, mas a reação a um agente que se instalou no organismo.
Quando vamos travar uma batalha pela superação. Quando nos propomos a iniciar um projeto de vida completamente novo, que nos possibilite um aprendizado sem igual, - a aquisição de uma nova perspectiva do todo e a assimilação de novas habilidades - a tarefa é árdua. A cada passo um obstáculo. Tentativas externas de nos desviar do caminho. De várias formas. E para vencer essas barreiras é preciso dispor de energias e canalizá-las, de tempos em tempos, para superar esses males pontuais que nos assolam - muitas vezes de maneira desesperadora, nos momentos em que mais precisamos usar nossa energia, tempo, vontade e criatividade em ocupações mais elevadas e úteis.
As células de defesa começam sua tarefa assim que algo anormal é detectado. Os macrófagos capturam as substâncias estranhas encontradas no interior do organismo e alertam o sistema imunitário sobre a invasão. Os linfócitos T (glóbulos brancos) emitem outro sinal ao organismo, para enfatizar e especificar, recebidos pelos linfócitos B (também glóbulos brancos), que começam a agir. Assim anticorpos são produzidos. De vários tipos. Trata-se de substâncias específicas que irão englobar os agentes estranhos, destruindo-os dentro de um período de tempo natural ao organismo.
O sol mostra seu esplendor antes de sair de cena. É nos momentos que precedem a morte que o sublime se revela. No dia seguinte o astro renasce. Um ciclo que se repete ao longo do processo evolutivo. |
O sistema imunológico, após o ataque, produz células capazes de memorizar o anticorpo utilizado. Um banco de dados vai sendo criado ao longo do tempo, à medida que o histórico de ataques e defesas, numa grande batalha microscópica, à nível biológico, se avoluma, criando uma memória celular automática. "Células de memória" é o nome dado a esses minúsculos organismos com função específica. Assim, da próxima vez, se houver um caso semelhante, com os mesmos agentes invasores, o organismo - já experienciado pelas dores e fadigas - saberá lidar de forma mais eficiente e rápida ao ataque. Chega-se à conclusão de que ser atacado é bom porque fortalece o organismo.
Essa memória celular pode estar relacionada com o psiquismo de determinado indivíduo. A vontade e o dinamismo orientado podem ser fatores que - de alguma forma inexplicável ainda - dão orientação e potência a esse processo regenerador, levando a uma cura mais rápida e tornando o organismo mais resiliente e menos temeroso às doenças. A partir dessa ótica podemos começar a estabelecer uma relação profunda (sem explicação científica ainda) entre patologia e sublimação.
Sublimação, como se sabe, é o fenômeno em que matéria no estado sólido se torna gasosa, o que conhecemos como mudança de estado. A substância é a mesma, mas sua forma de manifestação muda, e com isso algumas propriedades. Isso nos mostra que a alteração de propriedades de fluídos (por exemplo) não significa que ele deixou de ser o que é. Sua natureza permanece a mesma, isto é, sua constituição química, com as ligações inter-atômicas que caraterizam e dão coesão à estrutura molecular, revelando um tipo de composto químico.
O místico é, por excelência, um ser que superou definitivamente os instintos que nós, humanos, temos ainda arraigados, em menor ou maior grau. Instintos, hábitos e vícios que nos prendem às coisas do mundo, tornando-nos distraídos e fracos. Desorientados e com pouca potência de atuação perante os temas realmente importantes. Para quem deseja saber mais sobre o fenômeno recomendo (como quase sempre) a formidável obra ubaldiana [2], farol da humanidade futura.
Fui atacado por intensa gripe há alguns meses.
O ciclo da gripe dura entre 7 a 10 dias. Nas primeiras 72 horas o infectado sofre com febre. Depois, os sintomas respiratórios se tornam mais evidentes e devem perdurar por mais alguns dias [3]. Meu ciclo completo nasceu, se desenvolveu e findou em 48 horas. Sendo que 24 horas depois o meu organismo já estava de 80 a 90% recuperado.
O que ocorreu?
Esse evento já foi descrito alhures [4]. Considerando esse "machine learning" biológico, a nível de sistema imunológico, podemos perceber que houve uma evolução na forma de abordar a gripe: ontem sofri uma constipação de mesmo tipo. Tudo indica que o vírus da gripe estava instalado: início de uma febre acima dos 38 ºC, dor muscular e cansaço tremendo, somada a uma leve dor de cabeça a indisposição para fazer qualquer atividade. Os sintomas começaram a se manifestar 16 horas - início das duas últimas aulas do dia. Chegando em casa (18h15) jantei e tomei um chá de camomila. Passei as próximas três horas em silêncio absoluto no sofá, descansando, ora numa posição ora noutra. Depois fiquei assistindo alguns documentários (um de Inteligência Artificial [5], e outro TED Talk com Yanis Yaroufakis, ex-ministro das finanças da Grécia, [6]). Fui dormir com as vias nasais congestionadas e muito cansaço.
Ao longo da noite passei por uma onda de calor intensa. Sudorese extrema. Quando despertei, me senti tonto, quase desmaiando. Deitei no sofá e retomei meu centro. Fiquei assim de 20 a 30 minutos. Não sabia se o sintomia iria persistir, mas descansei, fechando os olhos e não pensando em nada. Esqueci o fluir do tempo e as obrigações (muito mais manias cotidianas do que trabalho efetivo). Levantei novamente e fui tomar café da manhã. Dois pedaços de pão italiano e meio copo de leite morno com uma pitada de todinho. Depois, salada de frutas. Minha esposa já estava desperta - e um pouco preocupada. Eu falei que não iria tomar nenhum medicamento.
Passada meia hora passei o fio dental, escovei os dentes com muita calma, e permaneci um pouco de pé. Contemplei a eternidade antes de mergulhar no turbilhão do tempo que arrasta a todos (e tudo) sem piedade. Liguei o computador e comecei a fazer algumas atividades. Me sentia normal, sem problemas. Fora curado.
O intervalo de tempo desde o início da manifestação até o término não passou de 18 horas.
Nesse exato momento (16h15 do dia seguinte) só existem resíduos. Um pouco de obstrução das vias nasais. Nada mais.
Esse evento já foi descrito alhures [4]. Considerando esse "machine learning" biológico, a nível de sistema imunológico, podemos perceber que houve uma evolução na forma de abordar a gripe: ontem sofri uma constipação de mesmo tipo. Tudo indica que o vírus da gripe estava instalado: início de uma febre acima dos 38 ºC, dor muscular e cansaço tremendo, somada a uma leve dor de cabeça a indisposição para fazer qualquer atividade. Os sintomas começaram a se manifestar 16 horas - início das duas últimas aulas do dia. Chegando em casa (18h15) jantei e tomei um chá de camomila. Passei as próximas três horas em silêncio absoluto no sofá, descansando, ora numa posição ora noutra. Depois fiquei assistindo alguns documentários (um de Inteligência Artificial [5], e outro TED Talk com Yanis Yaroufakis, ex-ministro das finanças da Grécia, [6]). Fui dormir com as vias nasais congestionadas e muito cansaço.
Ao longo da noite passei por uma onda de calor intensa. Sudorese extrema. Quando despertei, me senti tonto, quase desmaiando. Deitei no sofá e retomei meu centro. Fiquei assim de 20 a 30 minutos. Não sabia se o sintomia iria persistir, mas descansei, fechando os olhos e não pensando em nada. Esqueci o fluir do tempo e as obrigações (muito mais manias cotidianas do que trabalho efetivo). Levantei novamente e fui tomar café da manhã. Dois pedaços de pão italiano e meio copo de leite morno com uma pitada de todinho. Depois, salada de frutas. Minha esposa já estava desperta - e um pouco preocupada. Eu falei que não iria tomar nenhum medicamento.
Uma boa alimentação: equilibrada, suficiente, nutritiva. Além disso, viver num ambiente físico e cultural adequado à sua natureza. Todas essas coisas auxiliam na sublimação. |
O intervalo de tempo desde o início da manifestação até o término não passou de 18 horas.
Nesse exato momento (16h15 do dia seguinte) só existem resíduos. Um pouco de obstrução das vias nasais. Nada mais.
O fenômeno parece ter ciclos cada vez mais breves. O organismo, como todos, continua sujeito aos mesmos riscos do que os outros. Mas parece lidar de uma forma cada vez mais eficaz, férrea e ordenada.
1º caso de gripe, 14/08/2018 (48h)
2º caso de gripe, 11/06/2019 (18h)
Estarei diante de um fenômeno raro? Tudo indica que o caso vai contra a força das estatísticas, que reúne inúmeros casos e possui uma faixa de máximo e mínimo admissível.
Leio neste momento uma informação que atesta isso:
"Os efeitos da gripe são muito mais graves e duram muito mais tempo do que os da constipação. A maior parte das pessoas recupera completamente ao fim de uma ou duas semanas, embora algumas possam desenvolver complicações com risco de vida, como a pneumonia. Por este motivo, a gripe pode ser fatal, especialmente entre os grupos mais debilitados, como as as crianças, os idosos ou pessoas com doenças crónicas.[49] " [Wikipedia, https://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe#Mecanismo]
(grifos meus)
Sinto em meu íntimo um dinamismo que encontra dificuldade em se manifestar de maneira ordenada e construtiva - mesmo para edificar concepções abstratas. Isso pode ser reflexo - ou auxiliar - no comportamento celular, a nível orgânico. Nível que já atingiu o comportamento de perfeição, automático. Tudo praticamente estabelecido. O que me parece passível de otimização é justamente esse refinamento celular, que consegue agir de maneira mais rápida, com pequenos diferenciais energéticos celulares que são - com uma pitada de acúmulo e ordenação da memória - capazes (ao que me parece) de combater num período curto de tempo agentes invasores.
Esses momentos curtos de incômodo intenso trazem grande tristeza para o autor, que fica privado de desenvolver seus trabalhos - até em pensamento. Mas após o ciclo sente-se uma renovação completa do organismo. O processo parece ser tão mais intenso quanto mais curto. Como se houvesse uma lei que deva garantir uma relação especial entre duração do ciclo e ferocidade dos combates celulares. Alta potência para uma breve e intensa experiência.
Tudo se resume a descanso prolongado e profundo, moderação na alimentação e uso de meios naturais (chás, alimentos leves). Nada artificial trará solução. Haverá na melhor das hipóteses um alívio.
Dessa forma resta a dúvida: o que ocorreu é normal? existem casos semelhantes? há uma explicação que a medicina conheça?
De pouco em pouco passa-se a adquirir uma visão mais profunda dos acontecimentos da vida. Percebe-se um significado bem definido, oculto no íntimo dos acontecimentos, que é cada vez mais sentido por aqueles que muito foram macerados e souberam viver sua dor cara a cara, usando-a como espelho para se auto-reformar.
Estabelece-se assim um elo muito profundo entre patologia e sublimação.
Referências:
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