O número de distrações digitais que se apresenta a cada instante é apenas superado pela incapacidade humana em saber domar e coordenar esse fluxo informacional. E pior: estamos ficando escravos não apenas das tecnologias, mas das ideologias que apontam (indiretamente) para uma vida centrada em nada esperar e se contentar com o menor mal possível. É assim que a civilização se arrasta, em que os dois extremos são insuficientes para lidar com as questões mais cruciais.
De forma geral, podemos sintetizar as forças em ação dessa forma: de um lado temos pessoas intensas, criativas, incisivas, mas que veem o mundo de forma emborcada e agem a partir de efeitos, isto é superfície dos fenômenos; de outro lado, temos pessoas racionais, ponderadas, com poder de argumentação, que procuram chegar a uma organização melhor baseada na mediação de conflitos (e só isso), combatendo o que julgam o mal não pela raíz, mas apenas pelos seus últimos efeitos (ex.: presidentes, governos, correntes de pensamento, etc.). Aqueles são fortes, ágeis e persuasivos, porém emborcados e suicidas (em termos de indivíduo e sociedade) - estes são equilibrados, bem intencionados e perseverantes, mas insuficientes e contraditórios (dado o que almejam). O primeiro tipo é quente, mas negativo - o segundo tipo é positivo, mas morno...
Nesse momento devemos nos recordar de palavras proferidas por Pietro Ubaldi, que nos demonstrou através de sua vida e sua obra, de que Deus é suprema bondade, mas igualmente, suprema inteligência.
"Eu os estou enviando como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas."
Mateus, 10:16
Sem malícia, porém astutos. Simultaneamente. Vai ficando mais claro à medida que a gente vive essa árdua vida. São décadas e existências para compreender o porquê dessa necessidade. É uma verdade que somente é buscada quando percebida na medula. Para essa percepção, um estado de vigília constante. Isso significa perceber a influência da Lei a todo momento: enquanto escovamos os dentes, ao caminharmos, ao trabalharmos, ao observarmos as pessoas interagirem e gesticularem e esboçarem expressões, ao tomarmos banho, ao fazermos sexo, ao cozinharmos, ao pagarmos as contas, ao nos alimentarmos, ao ouvirmos músicas e vermos filmes, ao tomarmos sol, ao nos expressarmos, ao encararmos uma doença, uma perda, uma promoção, ao pagarmos boletos, ao sentirmos raiva ou alegria ou tristeza ou qualquer sentimento. E também ao observarmos o estado das coisas e das pessoas - e de nós mesmos.
Não basta ser bom - é preciso pensar.
Não basta ser bem-intencionado - é imperativo dirigir a nosso favor o turbilhão de forças do mundo.
O mundo é simples em termos dos princípios. Porém, devido ao estado de ignorância, fazer as coisas mais simples e importantes se torna algo extremamente difícil, se não impossível.
A imensa maioria das pessoas não consegue arranjar tempo para cuidar daquilo que realmente importa. Aquilo que pode dar orientação à sua vida. Na verdade, não se trata de 'arranjar tempo', mas de priorizar.
"Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas."
Mateus, 6:33
Nós não temos falta de tempo - este flui de modo idêntico para tudo e todos: o que temos é dificuldade em nos sentirmos atraídos pelas coisas que são a própria vida. Porque não sentimos que essas coisas (o mundo abstrato, das sínteses, da atitude, da contemplação, da sinceridade) são uma verdade concreta. O biótipo médio da Terra simplesmente nem sequer aborda essas questões porque lhe parecem uma mera quimera. Sua opinião, no máximo, é de que tudo é muito bonito e perfeito, mas o mundo real é de outro jeito - e não irá mudar. Até um ponto tem razão. Mas esse ponto, essa fronteira, representa o limite de seu concebível - e portanto considera sua opinião um absoluto e qualquer um que vá além um louco, que ainda não atravessou os caminhos trilhados pelos métodos do passado. Mas se trata de um equívoco.
O que é abstrato conduz os fenômenos que se materializam em acontecimentos concretos. Estes são reconhecidos pela maioria. O abstrato é o pensamento, a lei que rege o transformismo evolutivo. É o Deus imanente presente em tudo e todos, a todo momento, atuando conforme as limitações e possibilidades de cada individualidade deste (e de todos) Universo(s). Deus imanente que está ligado ao Deus transcendente, Senhor dos sistemas de Universos,. Perfeição Absoluta. Amor Infinito e Inteligência Suprema.
Ler a obra de Ubaldi é apenas o primeiro passo! Há muito (muito mesmo) mais a ser feito depois dessa etapa. Depois se inicia o estudo dela. E com isso começam a ser estabelecidas relações com outros trabalhos fantásticos (livros, artigos, teorias, pensamentos, biografias, arte, etc.). E depois você começa a observar em sua vida como a Lei atua. Relembra o passado, percebendo-o sob uma outra ótica. E vai sentindo a atuação da lei em cada átimo da vida. Coisas desagradáveis e agradáveis, mas sempre para o bem da criatura. É maravilhoso!
O Sol, eixo central, é a obra ubaldiana. Os satélites, elementos que dinamizam, são as grandes almas que trabalham em torno desse eixo ascensional. Algumas delas já tem ciência do grande esquema - outras ainda não. Mas o que importa é uma coisa só: todos trabalham em prol de movimento que irá transformar a alma daqueles já dispostos a isso.
O eixo central (Obra) é a aproximação mais fabulosa até o momento da divindade. Ela é o que mais nos pode dar acesso à Deus porque sua capacidade de integração de fenômenos, seres, saberes e sentimentos é absurdamente grande. Ela traça o esquema geral - cabe a nós desenvolvermos nossas pesquisas, estudos, trabalhos, vidas a partir dessa orientação suprema - e preparar terreno para o ser que irá expandir ainda mais.
Fracassar no mundo é triunfar na eternidade.
Um dia todos iremos compreender isso plenamente. E com isso finalmente seremos capazes de entender o que é de fato a ressurreição.
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