domingo, 27 de fevereiro de 2022

Uma vida divinizada pela vivência verticalizante

Pela vida caminhamos. Primeiramente nos arrastando na inconsciência da matéria inerte; depois, caminhando nas reações mecânicas da vida vegetal; mais à frente (ou melhor, acima), correndo na agilidade instintiva animal; e ainda mais um pouco, tentando alçar voo, na capacidade intelectiva do homem. Mas esse voo não acontece. Por mais que tentemos e criemos aparatos exteriores.

Por quê? Porque aplicamos o mesmo método do plano humano, acreditando com isso poder alçar um plano superior. Uma forma de vida substancialmente diversa. Mas não se chega ao domínio da própria dimensão percorrendo-a incessantemente em todas as direções. É preciso acrescentar um movimento numa direção diversa. Não uma direção espacial, e sim evolutiva

Fig.1: Deus está em tudo e tudo está em Deus - apesar de Deus transcender tudo, 
dominando o esquema geral de nosso universo. Respeitando nossa involução através de uma adaptação da Lei.
Isso gera os movimentos fenomênicos, que se desdobra na atordoante dinâmica evolutiva - que a nossa
pequena ciência vai descobrindo aos poucos.

O que seria esse 'movimento' em 'direção' evolutiva?

Tem a ver com percepção das coisas. Essa percepção está vinculada a um estado. Com isso passamos a dar maior valor às coisas realmente importantes - mesmo que elas não ofereçam nenhuma recompensa terrena. E baixamos para zero (ou quase) as expectativas a respeito de coisas que tem pouca ou nenhuma importância - geralmente terrenas e que nos recompensem de alguma forma. 

Nossa vida não pode estar restrita à forma mental dominante. Uma mentalidade que se institucionaliza e ganha apoio do aparato legal para se impor - impedindo que nasça qualquer coisas ligeiramente diferente. Mentalidade que observamos nas práticas religiosas (quaisquer que sejam), nos circuitos sociais, nas instituições governamentais, nos grupos de conhecidos, nas famílias, nos empregos, no meio acadêmico...em tudo. Mas perceber isso e seguir o que nossa voz interior diz é algo que exige um certo estofo espiritual.

O que é esse tal de estofo espiritual?

É a capacidade de se manter centralizado em meio às críticas, às situações constrangedoras, às pressões de um mundo insano (este mundo), às incoerências e tudo que não tenha sentido. Essa capacidade fornece uma proteção - um campo de força invisível psíquico - que nos possibilita continuar com nosso trabalho da forma mais criativa possível. Essa é uma capacidade que se sustenta por uma força: Deus. Sustentada pelo Seu Amor. Amor divino. E para ser alimentado pela Fonte se faz necessário possuir

O que é fé?

Fé é estar fidelizado. Do latim fides, ou seja, estar sintonizado. Não é crer em algo que não se sentiu - mas estar conectado com algo que se sente. É um aspecto da realidade que pode (e deve) perfeitamente dialogar com a ciência, com os atos. Os atos devem ser um gesto de reverência ao fenômeno evolutivo. Um gesto contínuo, intenso e criativo, que transforma o ser em nível mais profundo - causando mudanças inesperadas para quem observa de fora, sem perceber as titânicas batalhas interiores que foram travadas no dia a dia, durante anos, pela criatura que se eleva e impressiona.

A continuidade é um aspecto do S no AS. Ela aponta para um processo ininterrupto, sem cortes. Direto e direito. Um processo não quantizado, não dividido, sem intervalos porque não necessita de assimilações;

A intensidade é outro aspecto (do S no AS) que aponta para a verticalidade dos atos. Ela desgasta mas não cansa; consome mas produz ideias; ousa mas é inteligente; avança destemidamente mas não desmorona. Ela é uma ousadia sincera que fecunda a inteligência afiada, impulsionando o ser para um plano de vida superior, despertando nas pessoas sentimentos fora do comum. Fazendo as pessoas refletirem a fundo. Deixando uma semente de incômodo no âmago das almas de cada um. Uma semente que irá reverberar de tempos em tempos. 

Nossas vidas devem estar preenchidas do espírito santo quando fazemos cada atividade - por mais simples que ela seja. É assim que viabilizamos o ambiente propício à manifestação do milagre.

Por espírito santo quero dizer o princípio monístico simples que rege a evolução do nosso universo. Se permitirmos que esse princípio nos preencha, aceitando-o como a verdade suprema, não há nada que pode nos frear. Nenhuma força do mundo. Porque nos conectamos com algo de 'outro mundo'. Nos ligamos às forças do Alto. E em contrapartida, cada gesto deve prestar contas ao Absoluto, reino da eternidade e do infinito. Nada nos assusta. Deixamos de ser arrastados pela lufa lufa das sensações e convenções engessantes. Abandonamos as nossas expectativas nas coisas do mundo porque nos abrimos para o portal que nos conecta à divindade. Nos tornamos leões que não agridem, mas ousam e têm força. Leões que se couraçam e enfrentam criativamente os absurdos do mundo - tidos como normais e legais. 

Fig.2: Ser simples (=bondosos, conscientes, orientados) como as pombas, 
mas sagazes (=inteligentes, atentos, ágeis, preparados) como as serpentes. 
Isso nos torna leões do plano humano. O início da transformação. 
Transformação que vai do homem ao super-homem. 
Fonte: Public Domain Pictures

A Vida exige um ser integrado: ciente das astúcias do AS e orientado pelas maravilhas do S. 

Conforme previsto anteriormente [1], o autor está iniciando o primeiro movimento, de curto prazo, para difundir o grande princípio monístico que irá ser base de uma nova civilização. E com o desdobramento dessa primeira fase, a segunda estará sendo edificada por simples consequência natural. 

É preciso viver de acordo com sua consciência sempre.

É preciso iniciar os grandes projetos de vida assim que possível, sem depender do mundo. Os esboços, os pensamentos, os estudos, as tentativas e erros, os contatos significativos e a seriedade sincera. Tudo deve ser alimentado continuamente. Passam-se às vezes meses e anos e décadas sem se ver o sentido de tudo aquilo. Mas de repente, os rearranjos exteriores do mundo tornam favorável a manifestação daquilo que estava oculto, escondido, tímido, silencioso. E daí para frente inicia-se um projeto que levará a uma relação mais profunda com os envolvidos. A confiança aumenta, as trocas fluem, a criatividade atinge níveis inimagináveis. E a vontade ascende aos cumes. 

O autor inicia nova fase de sua vida.

Sem mais medo, sem mais vergonha, sem mais interrupções. Agora a vontade é irrefreável e a determinação é férrea; a visão é clara e a busca é ardente; o caminhar é suave e as percepções são amplas. Cada aspecto da vida será o que sempre deveria ter sido: permeado desse espírito santo. Tudo é enquadrado no grande esquema monístico do universo. Harmonicamente. 

Não há preparo meticuloso ou planejamentos infindáveis e cansativos. Tudo isso foi a própria vida do autor, com suas dores e experiências, seus diálogos e seu ócio criativo, seus estudos substanciais e suas práticas aparentemente desconexas. Tudo agora se explica. Tudo concorre para uma finalidade: espalhar a visão e estudar cada vez mais, arrastando almas para esse formoso e envolvente turbilhão evolutivo que tudo inclui e cada vez mais tudo explica e coordena.  

Nesses momentos supremos da vida, não mais se afirma "eu acredito em Deus", mas sim "Deus É e existe".

E isso é muito bom. 

Nós devemos caminhar no ar. Para fazer isso devemos adquirir a 'velocidade espiritual' necessária. Não se trata de destruir as leis do universo, mas superá-las através da sintonização com um novo plano - que contém novas leis. Leis mais elevadas, mais potentes, mais sublimes...

Caminhar no ar...E todos ficarão boquiabertos com nossos atos...

Cada ato nosso deve ser um milagre, disse certa vez um de meus irmãos espirituais. 

We're walking in the air
We're floating in the moonlit sky
The people far below are sleeping as we fly
...
Children gaze, open-mouthed
Taken by surprise
Nobody down below believes their eyes
[Trechos da música Walking in the Air, da banda Nightwish]
[Cover da música pela cantora Natalia Tsarikova]

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