Nosso mundo é permeado
de trocas. De bens e serviços. Ruim ou bom? Depende. Se encarados
como meio de evolução, ótimo; se encarados como fim em si mesmo,
péssimo. Mas esse princípio é muito vago e não satisfaz a mente
investigativa moderna, cujos anseios são mais profundos e demandam
uma explicação cada vez mais convincente da parte de quem se
adentra num terreno saturado tanto de críticas quanto de vácuos de
soluções ou alternativas.
É característica
intrínseca do ser humano se sentir descontente com sua realidade, e
daquela de seus próximos, após ter passado por um período de
conscientização profunda. Essa fase da vida germina e floresce após
um tempo de vivência, que varia de pessoa para pessoa. O peso da
erudição (estudo) pouco peso tem no processo concreto e efetivo de
floração, apesar de ser um agente capaz de dar sustentação para
quem começa a sentir que existem formas de inteligência que
transcendem o racional – considerado o último baluarte do saber.
A essência é espiritual. Na realidade (ilusão)da matéria parece pouco. Mas é tudo que realmente necessitamos para ascendermos. |
O que é evolução?
Eis uma definição
clássica: “Momento em que um sujeito, ser, ou qualquer outro
tipo de vida, passa de um estágio para outro; ou passa a ser algo
mais complexo; ou ainda tornar-se melhor em algo que se faz.”*
Ou:
“3. Desenvolvimento progressivo de um conjunto de coisas, de fatos,
de idéias, etc. 4. Processo ininterrupto que consiste na passagem de
organismos vivos de uma forma inferior a outra(s) mais
complexas(s).”**
Dessa
forma pode-se afirmar que existe um encadeamento que se traduz em
transformismo. Este ocorre em todos fenômenos, do micro ao macro, do
simples ao complexo: desde um processo físico-químico ou biológico
até o desenvolvimento social e ético de uma comunidade; desde um
ser vivo até um aglomerado de galáxias. E não se trata de
quantidade, e sim de qualidade.
A
evolução é um acontecimento que se manifesta na forma mas cuja
centelha e maturação se dá na substância do ser, seja ele matéria
inerte, vegetal, animal ou humano. De dentro para fora. Sempre. O que
indica que a transformação irrefreável e efetiva de uma forma
de vida é ditada pela suas potencialidades latentes. O ambiente
e sua genética influenciam, mas são agentes subordinados a
finalidades superiores. Pode-se argumentar que uma planta
dificilmente se desenvolve em terreno árido, ou que um humano da
cidade voltado às idéias dificilmente poderá desenvolver suas
capacidades num meio cheio de insegurança, instabilidades e cheio de
barulho. Mas o fracasso no mundo orgânico não significa a ausência
da potencialidade, mas apenas um empecilho para a manifestação de
suas qualidades.
A
ciência materialista considera o ser humano em sua forma atual como
o último bastião da evolução planetária. Ela afirma uma verdade
parcial colocando vestes de verdade absoluta. Assume essa postura
inconscientemente, observando o passado e o presente. Apenas. É
atualmente incapaz de quebrar paradigmas, indo além de sua forma
mental, e portanto projeta no futuro a reprodução de um presente já
saturado. Um pseudofuturo. Uma mera cópia do já descoberto com
alguns retoques, de modo a maquiar a grosseira extrapolação das
previsões.
Imaginar
o futuro tendo por base o passado e presente é o método da ciência
racional. Ele tateia lentamente, descobrindo através de análises e
experimentações. É um método seguro porque incontestável para a
humanidade, que em sua maioria percebeu o poder da objetividade ao
utilizá-la na solução de seus problemas terrenos e práticos. Mas
a própria ciência demonstra estar se perdendo com esse mesmo método
– que era tão eficaz quando o nosso mundo mental-perceptivo era
limitado. Descobertas na mecânica quântica demonstram a ilusão do
mundo sensível e a continuidade da existência da consciência,
revelando fatos que esboçam evidencias de que o que está na mente
(e acima) independe da vida orgânica [1]. Isso (eu creio) é apenas
o começo de uma série de descobertas que revolucionarão a nossa
forma de conceber a vida e relações entre seres. Mas da mesma forma
que os europeus precisaram deixar seus cavalos e entrar em seus navios para
explorar novos mundos (desejados para os perdidos, possíveis para os
céticos, e sentidos pelos visionários), nossa
ciência precisará de novas ferramentas e novos métodos para
continuar sua jornada. Da mesma forma, a fé deve ser explicada de
forma racional, mostrando suas visões de forma convincente, sem medo
de perder adeptos, pois a verdade é o elemento unificador que trará
vantagens a tudo e todos, acelerando a evolução desejada no íntimo
de toda forma de vida. Eis o casamento a ser feito: Fé e Ciência.
A
bifurcação iniciada com a gênese da Religião e da Ciência
atingiu seu apogeu. Se continuarmos a segregação haverá ruptura e
consequente desorientação. Já pudemos ver o extremo dos dois
lados. A ciência sem fé caminha sem orientação; a fé sem ciência
é manca. O equilíbrio salvará ambas e – mais importante – os
seres deste mundo.
Fiz
uma viagem pelo significado da evolução, generalizando-o, mostrando
que ela não cessa e leva os seres a assumirem formas completamente
díspares das anteriores apenas com a maturação interior (vide o
processo larva-borboleta). Parti daí para justificar a importância
da intuição (fé) na nova ciência. Com isso chega-se à
necessidade da unificação dos saberes na ciência (economia,
história, biologia, física, matemática, química,...), nas
diversas correntes filosóficas e nas religiões (budismo,
catolicismo, islamismo, protestantismo, judaísmo, ateísmo,...) e
com a consequente unificação geral. Isso é especulação que se
trasnforma cada vez mais em fatos. Cada um tem sua verdade relativa,
que é progressiva com o tempo.
E
com isso volto ao essencial...
Para
melhorarmos de vida devemos assumir riscos proporcionais aos nossos
sentimentos mais íntimos e sinceros. Eles sempre foram os guias para
concretizarmos novos planos – no âmbito indivdual e coletivo. E
terão peso cada vez maior. Porque a razão pura se separou da
realidade humana de tal modo, criando métodos desnecessários e
especializando-se por pura vaidade, que os saberes – e as pessoas,
guiadas por eles – tem dificuldade de dialogar e se combatem por
qualquer motivo. Urge uma síntese que conduza à unificação.
A
expansão do saber meramente utilitário é análogo à expansão dos
bens materiais e consumo de serviços: para quem ainda não reflete
(por falta de visão ou vergonha), quanto mais se tem, mais se
deseja. E mais se desorienta.
Levar
uma vida simples é uma tarefa laboriosa porque existe uma inércia
que conduz a um desejo de reprodução do presente, ancorando seres
em processo de vertiginosa ascensão. Estes devem fazer esforços
titânicos para conseguir pequenos sucessos. Vitórias que trazem
embutidas em si a receita para aliviar esforços físicos (violência,
pouca saúde, guerras,...), econômicos (desigualdade, desemprego,
autoridade,...) e sentimentais (desentendimentos na relação, na
família, na sociedade), proporcionando energia e tempo para serem
investidos no plano das idéias e dos sentimentos elevados.
Mas
para algo diferente começar a nível coletivo alguns devem começar a viver novas possibilidades na vida pessoal. Pessoas que por antecipação biológica já
sabem o caminho. Uma jornada que pode assumir diversas formas mas
cuja essência é única: paz e felicidade.
A
essência é justamente isso: ter o suficiente para si no material e
assim poder se dedicar ao espiritual. Para isso devemos nos
desprender das opiniões e julgamentos do mundo, fortificando nossa
personalidade e passando por experiências profundas (sem entrar em
colapso!).
Devemos
ouvir nosso íntimo.
Para
isso precisamos valorizar o tempo a sós.
Buscar
o conhecimento e observar e escutar.
Conhecimento
orientado, observação profunda e escutar pacientemente.
O
essencial é o poder latente que está para ser descoberto.
Referências
*
http://www.dicionarioinformal.com.br/evolu%C3%A7%C3%A3o/
** Minidicionário
Aurélio
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