quinta-feira, 4 de abril de 2019

A manifestação do imanifesto

O desencadear de uma vida pode se revelar um hino à glória celestial. Uma canção que inicia torta e sincera, ganhando estofo intelectual, inteligência sentimental e sagacidade vivencial, para se plasmar continuamente e se auto-dirigir, atingindo metas indescritíveis através de esforços pujantes. 

Há um quê de misterioso no porquê de alguns seres seguirem determinadas trajetórias e agirem com ousada tempestuosidade. Sente-se apenas que os tempos são chegados para se lançar numa determinada vertente, criando condições para a formação de "ilhas de pensamento e paixão". Um verdadeiro ato de forjar condições concretas através de uma atitude firme, convicta e sincera, banhada de criatividade. Uma criatividade que se encontra em regiões inomináveis. E justamente por isso, vêm de forma diferenciada. Trata-se de uma qualidade com estofo além do normal, capaz de resistir a golpes mais intensos que o normal e moldá-los a favor de fins superiores, que extrapolam os limites pessoais do ser que emana tal característica. 

Na ausência do Sol percebemos sua importância.
Na ausência do imponderável deixamos de existir.
Deus sustenta tudo silenciosamente, pois quer a nossa
salvação.
É muito importante que as pessoas não tenham medo. Medo de dizer o que sentem, o que pensam, o que precisam, o que percebem. Porque vivemos numa era de sociabilidade que nega (implicitamente) a sensibilidade social. E dessa forma, diante de um modelo econômico ultrapassado, imersos num mundo em que o consumo (desmensurado) vira religião e o intelecto serve às grandezas fictícias (finanças), pactuamos com um plano prestes a desmoronar.

Os dias estão contados, mas a inércia é convidativa. Urge a descida de profetas como outrora os tempos nos brindaram. Homens de determinação e ação, capazes de afirmar com propriedade descomunal, e aceitar as consequências, sem remoroso ou temor, de seu destino. Esses são os sujeitos que lançaram o exemplo impetuoso. Outros, posteriormente, lançaram as bases de uma nova civilização - também com o exemplo, mas focados no Amor. 

Os tempos avançaram e a modernidade traz o conforto material. E junto, as distrações digitais. Muita informação, dispersão crescente. A solidez dos relacionamentos edificados no aprendizado cede lugar à fluidez dos encontros utilitários de prazeres e interesses. Mas em meio a essa desorientação atordoante, capaz de deixar os espíritos mais sensibilizados com os nervos à flor da pele, brotam criaturas fora do comum, que detalham cada vez melhor os mistérios do universo e nos orientam rumo ao infinito e ao eterno. O imponderável se torna mais atraente. Não mais mera quimera filosófica, mas objeto de estudo capaz de dar uma nova orientação à ciência. Uma releitura profunda dos textos sagrados - um novo sentido aos sofrimentos humanos...

Nossos tempos sempre foram de terrores infernais e recompensas celestiais, seja no mundo religioso ou econômico. As formas variam - a essência é a mesma. E o terror geralmente vêm da própria sociedade, impregnada de um misoneísmo fora do comum, que se releva cada vez mais limitante do ponto de vista da criação de alternativas ao modelo que governa nossas mentes. Aqui se trata de perceber esse lodaçal em que a mentalidade hodierna se meteu e se recusa a abandonar, por comodismo e garantia. Mas de nada adianta "se garantir" junto à quantidade sendo que esta se encontra com os dias contados. É imperioso se transformar em algo inesperado, tendo a coragem de seguir a mais cálida voz, que paira na natureza e ressoa no íntimo. Voz silenciosa, mas trovejante. 

Frank Capra, como ninguém, conseguiu manifestar em
forma de arte o modo de funcionamento da Lei de Deus.
O autor, através de sua vida, percebe o fenômeno cada vez melhor. É cristalina o porquê e o como da formação do milagre quando compreendemos a lei de funcionamento do universo. A persistência desinteressada colima no cumprimento de um destino. Destino glorioso que justamente por isso é permeado de dores e trabalhos árduos. Estamos nos antípodas da mentalidade hodierna. Adentramos em regiões misteriosas com ferramentas pobres e limitadas (a mente racional e os seus modelos). Mas por ora é a única forma de avançarmos, e assim forçar nossa natureza a "criar" uma nova inteligência - que suplante nossa paupérrima capacidade.

Quando um ser já diferenciado em termos psíquicos-nervosos faz o contraponto numa conversa, o faz por sentir que a propagação (ou manutenção) de uma ideia e modo de agir está causando uma violência tremenda às possibilidades do presente, minando as bases de uma salvação de nossa humanidade em tempos tão conturbados. Seu ímpeto mobiliza suas capacidades, puxando-as ao extremo. O ser se lança ao desafio de manifestar o imanifesto, dizer o indizível, conceber o inconcebível - e assim acionar o sistema de "engrenagens interiores" que jazem submersas no imo de todos seres humanos. "Engrenagens" estas que possibilitam ao ser alçar patamares de compreensão muito mais vastos, com a incorporação de mundos diferenciados e desconhecidos. Romper o preconceito através de uma situação na qual se veem forçados a reverem seus posicionamentos.

Para aqueles sinceros, o abalo acaba sendo produtivo: ventila-se o cabedal de vestimentas das pessoas. E assim inicia-se uma onda - de pensamento - que se propaga de forma muito sutil, não sendo necessária nem sequer palavras para o seu reforço. Os gestos, tons de voz, atitudes e inclinações gerados acabam tendo um efeito muito mais poderoso do que a comunicação convencional. Estamos diante de uma realidade que se mostra capaz de dar as mãos com as últimas descobertas da física quântica. 

É imprescindível descobrir sua real natureza. Somente assim o ser poderá atuar de modo efetivo nesse mundo - com o mínimo de esforço (leia-se desgaste) e máximo de resultados (leia-se conscientização). Quando digo esforço, me refiro a atritos desnecessários (internos e externos); quando digo resultados, aponto para mudança de perspectiva diante da vida.

Nossas palavras são limitadas - nossas visões são infinitas...


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