Vocábulos como "meritocracia", "empreendedorismo", "crescimento econômico", "produto verde", entre outros se tornaram um mantra. A sociedade acabou naturalizando e admirando essas palavras de tanto ouvi-las. Não sabemos exatamente o que é cada uma dessas coisas. Se alguém nos interrogar à fundo, dando exemplos e contraexemplos, e pedir para que expliquemos o motivo de um processo ser meritocrático ou empreendedor, não sabemos de fato o que algo é.
Hoje em dia no Brasil (mas no mundo também), em todos circuitos sociais, empreender significa progresso financeiro, de vida, de saúde, de tudo. Políticos se elegem com esse slogan - afirmando que irão estimular o empreendedorismo. Para isso deixam a máquina pública menos atuante. Aos poucos, a influência do setor público na vida das pessoas diminui. Ano após ano. Década após década. Com longos períodos, as diferenças começam a ficar visíveis.
As informações revelam que manter um padrão de vida mínimo (moradia, alimentação, acesso a água, transporte, saúde básica, vestimenta) é cada vez mais desafiador [1,2]. É preciso cada vez mais aceitar a realidade como é para talvez (talvez) garantir o seu não-extermínio (psicológico, social, físico, cultural). Ou seja, não dormir, danificar o organismo, optar entre ter uma cama ou se alimentar; entre se alimentar bem ou não ter condições de manter o filho na escola; optar por pagar uma fortuna ou duas por um serviço que realmente não seria necessário.
O vídeo abaixo revela para onde caminha nosso sistema global. Mantê-lo é garantia certa de extermínio - nem que a espécie sobreviva por mais milhares de anos. De nada adianta sobreviver se isso representa se perpetuar de uma forma pré-histórica.
A diversidade de opiniões, ao contrário de ser indício de liberdade de expressão, é uma autorização para que todas as pessoas, em larga medida desesperadas, liberem visões de mundo plenas de ideias preconcebidas e fatos que satisfaçam seus instintos (e de seu grupo). Não há orientação. A lei da novidade é a que conta. A originalidade da mentira prevalece sobre a repetibilidade da verdade. Porque esta (a verdade) é uma só, sempre. Não pode ser original pelo simples fato de que ela se liga à essência una - e não a existências múltiplas .O que se pode fazer é renová-la de tempos em tempos. Essa é a missão dos gênios, seja no campo da arte, da ciência, da administração, da liderança, da invenção ou do pensamento. Nesse aspecto a Vida e Obra de Pietro Ubaldi tem a possibilidade de trazer um impulso impressionante à humanidade. Mas é preciso que as pessoas despertem para o porquê da importância disso tudo.
Através de uma leitura profunda dos acontecimentos é cada vez mais natural irmos em direção ao questionamento. Observamos que o que é moda de fato é loucura. Isso se aplica ao empreendedorismo.
Em sua acepção radical (de raíz, fundamental), empreender é:
Agora, reparem que empreender não se relaciona a atividade econômica - muito menos financeira - exclusivamente. É a mentalidade hodierna que se acostumou a estabelecer essa identificação. E o sistema (a lógica que preenche a "atmosfera mental") faz questão de reforçar isso através de suas propagandas e narrativas, presentes em seus produtos, serviços, filmes, músicas, sistemas educacionais e arquitetura social.
Uma série de empreendedores ficaram riquíssimos com inutilidades [3]. Esses exemplos são muitos.
Por que isso ocorre?
Porque o sistema (isto é, a lógica predominante coletiva, a qual as instituições servem de variadas formas numa grande rede) recompensa esse tipo de empreendimento. Assim vemos bilhões (se não trilhões) de dólares anualmente direcionados para os bolsos daqueles que não melhoram o estado das coisas no mundo, sob nenhum ponto de vista (social, econômico, cultural, espiritual, educacional, científico, ambiental, atmosférico, filosófico, etc.).
Mas mesmo se observarmos os empreendedores relativamente úteis, como Bill Gates, fundador da Microsoft, nada justifica sua fortuna. Isso se aplica a todos bilionários do mundo, cuja lista é facilmente acessível [4]. Não há motivos que justifiquem uma recompensa tão alta, tanto em termos monetários quanto em níveis de admiração global, a um indivíduo. E o uso que essas pessoas fazem dos recursos não é tão bom quanto aparenta (ver vídeo abaixo).
Investir em setores apontados como soluções para a sociedade e o ambiente não significa de fato que estes (setores) são a solução efetiva, viável, desejável ,sustentável, para o planeta (isso inclui nós, homo sapiens). Vandana Shiva [7] destaca essa questão na entrevista acima. Recomendo às pessoas investigarem melhor esse tema, pois o que aparentemente pode ser uma ação benéfica muitas vezes se revela uma arquitetura de destruição silenciosa e inocente. Da mesma forma, cultivar vegatais in-vitro e produzir carne artificial não me parece a solução da humanidade [5]. O simples fato de nos desconectarmos cada vez mais da natureza é bizarro. O divórcio entre natureza humana e infra-humana é prejudicial para quem está acima (nós), dependentes das bases (ciclos de carbono, água, nitrogênio, biodiversidade, etc.) e de seus significados (para a psique humana). É preocupante observar que pessoas que buscam um mundo melhor, como George Monbiot, não enxergam essa questão. Certamente um pouco de conhecimento e vivência de outras vertentes da vida trariam a pessoa de volta à si. Para isso é preciso permear as coisas do mundo com uma visão mística, transcendente, espiritual.
Mas voltemos à questão dos bilionários.
Concentrar renda elevadíssima na mão de pouquíssimos não significa geração de empregos e oportunidades. Os dados revelam o contrário - pelo menos a partir de certo ponto, que ao que parece foi ultrapassado há algumas décadas. Nunca a concentração de renda foi tão grande em nosso mundo, segundo o último relatório da Oxfam [1]. Por outro lado, o desemprego cresce. Ou, se diminui, se plasma num emprego cada vez mais instável, precário, do tipo "empreendedor".
O setor de serviços aumenta em relação ao industrial. E a informalidade cresce, ocupando o lugar que outrora era da formalidade. Dessa forma a tendência é clara: haverão cada vez mais empregos desvinculados do setor industrial e regulamentados. Ricardo Antunes explica a lógica do sistema moderno:
Não se trata de ideologia, e sim uma visão sociológica do mundo do trabalho. Parece ser comum - especialmente no Brasil - confundir cientistas sociais que descrevem a realidade e suas possíveis (e prováveis) consequências com revolucionários insanos sedentos por guerra e sangue, por regresso e desentendimentos. Somente uma coisa explica esse ódio àqueles que descrevem a realidade: incapacidade de lidar com a natureza de um sistema falido, prestes a implodir.
Sim. É duro ouvir isso. Mas precisamos acordar. Estamos (estivemos) sempre um ou dois passos atrás da marcha predominante. Vez ou outra o bom senso conseguiu ocupar um nicho na marcha da humanidade, garantindo mínimos direitos, regulação e condições de florescimento de ideias. Mas na fase atual estamos mergulhando num abismo.
"Claro", você vai dizer. "Mas sempre passamos por mergulhos em abismos. Até piores do que agora...Pense na Peste Negra, na Escravidão, na 1ª e 2ª Guerra,...". Sim. É verdade. Eu concordo. Mas a questão é: hoje, nosso poder de difusão de informação é imenso. O potencial de manipulação de corporações é global e intocável. O ritmo das mudanças é vertiginoso - tão alto que um simples piscar de olhos pode nos deixar à deriva nessa marcha insana rumo a competição e a ter sucesso nos negócios.
Nada (ou quase) está em sintonia com os ensinamentos de Buda, de Cristo, de Lao Tsé. Apesar disso, existem pessoas que já despertaram e começam a falar de forma muito clara a grande Verdade. Sob muitos pontos de vista: idealista e filosófico (Vladimir Safatle, Márcia Tiburi), jurídico e social (Alysson Mascaro), vivencial (Eduardo Marinho), financeiro (Eduardo Moreira), trabalhista (Ricardo Antunes), fiscal (Maria Fattorelli), social (Jessé de Souza), sistêmico e energético (Jacque Fresco, Luiz Marques), de saúde (Drauzio Varella), educacional (Daniel Cara), político (Marielle Franco, Jean Wyllys, Jandira Feghali, Luiza Erundina), científico (Sidarta Ribeiro), ecológico (Antônio Nobre e Carlos Nobre), monista (Gilson Freire, Maurício Crispim, João Attilio) entre muitos outros(as).
Não há sentido em recompensar tanto tão poucos. Mesmo se suas ideias foram relativamente (relativamente...) úteis. Mesmo porque quem define isso é o sistema - sustentado sempre pela inércia humana, que o torna tão poderoso justamente por esse imobilismo psíquico. Caso contrário Beethoven, Van Gogh, entre outros deveriam ser bilionários ou trilionários. Ou seja, quem quantifica o valor das ideias e criações é o sistema. Assim, nos direcionamos sempre tendo por base essa lógica sistêmica.
Há três problemas (mortais) intrínsecos no capitalismo neoliberal:
1) Ele é incapaz de recompensar ideias verdadeiramente boas;
2) Ele exagera na recompensa de ideias;
3) Ele recompensa ideias ruins ou péssimas.
E uma consequência é:
4) O indivíduo deseja se perpetuar de acordo com a lógica que o alçou ao poder.
(1) ocorre porque ideias verdadeiramente boas levaria ao fim do (anti)sistema que temos. Elas integrariam, redistribuiriam, libertariam as pessoas da escravidão de uma vida inútil. Dariam um sentido à vida das pessoas. Fariam todos começarem a refletir. Ganharem coragem para ir além do senso comum, das aparências. Ganhariam coragem e se associariam de formas cada vez mais originais. Tenderiam a caminhar para o imaterial, o intangível, as causas, a unidade, a sustentabilidade, o equilíbrio, o pensamento com sentimento.
(2) é fruto da natureza do sistema. Ele preza diferenças porque opera com base na inveja e ciúmes dos indivíduos. Reforça a ilusão. É assim que ele consegue manter as engrenagens em movimento e as forças ativas. No nível evolutivo atual, é sempre necessário ter alguém de onde extrair o nosso prazer. Enquanto vivermos de acordo com essa lógica de escassez seremos sempre escravos uns dos outros - e servos da lógica dominante.
(3) é quase que uma expansão de (1). Ideias boas de verdade não são aceitáveis porque levariam ao fim da exploração e sofrimento. Ideias com aparência de boas (úteis dentro do contexto triste que vivemos) são aceitas por agilizarem e darem significado ao sistema. Mas ideias ruins (como candy crush) são aceitas porque mantém as pessoas na inércia. Atividades e coisas e pensamentos que deixam as pessoas em ciclos infindáveis. Gastam energia, dinheiro, tempo, emoções e pensamentos com coisas que desagregam. Coisas que afastam da família, do cônjuge, dos amigos, das ideias verdadeiramente transformadoras...Assim nos distraímos. Nos afogamos num bem-estar degradante. Engordamos e nos divertimos. Mas Ubaldi já disse que as forças da vida querem a evolução. É melhor obter como produto final um magro evoluído do que um gordo involuído.
Por "magro" entenda-se pobre de coisas do mundo: saúde, dinheiro, vestimenta, higiene, instrução ,etc.
Por "gordo" compreenda-se o contrário: alguém com os bens materiais necessários.
Essa visão me aparece por profunda introspecção. Ela resolve os problemas fundamentais e delineia a estrutura que gerencia as sociedades.
Não irei citar exemplos para embasar essa visão, mas garanto que futuras observações irão confirmá-las. Porque (ao menos para mim) é tudo muito autoexplicativo. Caso você discorde, dedique parte de seu tempo a investigar a vida de pessoas que trouxeram um progresso tremendo à humanidade mas foram tratadas de forma bizarra pela lógica global (pode começar por Alan Turing, [6]).
Ser recompensado por uma ideia verdadeiramente boa com (digamos) 2 ou 3 milhões de dólares irá torná-lo, na verdade, muito mais rico do que os atuais bilionários. E cada vez mais... Pois não se gerará miséria - às custas de sua riqueza exagerada. Não se ativará a cobiça. E, sendo verdadeiramente boa (a ideia), trará um mundo cada vez menos dependente de dinheiro para que o ser humano desfrute do verdadeiro paraíso na Terra.
O clímax desse princípio nos conduzirá a um mundo celestial, em que a pessoa gerará ideias para auxiliar o Todo, sendo conduzida pela sua consciência (sentimento de paz interior aliado a uma inteligência criativa e dinâmica). Sua recompensa será manifestar ao mundo a essência divina. Pois não haverá mais miséria - porque teremos erradicado o pensamento de escassez que alimenta o nosso sistema. Sistema que se tornará uma peça de museu, que nos revelará quão involuídos éramos - pensando estarmos no ápice da civilização...
Tudo isso é de uma lógica perfeita. E casa com os princípios do Cristo.
Referências:
[1] https://www.youtube.com/watch?v=auoVnwEJZnI
[2] https://www.youtube.com/watch?v=uWSxzjyMNpU
[3]https://exame.abril.com.br/negocios/king-criadora-do-candy-crush-fatura-us-1-8-bilhao-em-2013/
Devemos retornar às origens para nos corrigirmos. |
As informações revelam que manter um padrão de vida mínimo (moradia, alimentação, acesso a água, transporte, saúde básica, vestimenta) é cada vez mais desafiador [1,2]. É preciso cada vez mais aceitar a realidade como é para talvez (talvez) garantir o seu não-extermínio (psicológico, social, físico, cultural). Ou seja, não dormir, danificar o organismo, optar entre ter uma cama ou se alimentar; entre se alimentar bem ou não ter condições de manter o filho na escola; optar por pagar uma fortuna ou duas por um serviço que realmente não seria necessário.
O vídeo abaixo revela para onde caminha nosso sistema global. Mantê-lo é garantia certa de extermínio - nem que a espécie sobreviva por mais milhares de anos. De nada adianta sobreviver se isso representa se perpetuar de uma forma pré-histórica.
A diversidade de opiniões, ao contrário de ser indício de liberdade de expressão, é uma autorização para que todas as pessoas, em larga medida desesperadas, liberem visões de mundo plenas de ideias preconcebidas e fatos que satisfaçam seus instintos (e de seu grupo). Não há orientação. A lei da novidade é a que conta. A originalidade da mentira prevalece sobre a repetibilidade da verdade. Porque esta (a verdade) é uma só, sempre. Não pode ser original pelo simples fato de que ela se liga à essência una - e não a existências múltiplas .O que se pode fazer é renová-la de tempos em tempos. Essa é a missão dos gênios, seja no campo da arte, da ciência, da administração, da liderança, da invenção ou do pensamento. Nesse aspecto a Vida e Obra de Pietro Ubaldi tem a possibilidade de trazer um impulso impressionante à humanidade. Mas é preciso que as pessoas despertem para o porquê da importância disso tudo.
Através de uma leitura profunda dos acontecimentos é cada vez mais natural irmos em direção ao questionamento. Observamos que o que é moda de fato é loucura. Isso se aplica ao empreendedorismo.
Em sua acepção radical (de raíz, fundamental), empreender é:
verbo
- 1.transitivo diretodecidir realizar (tarefa difícil e trabalhosa); tentar."e. uma travessia arriscada"
- 2.transitivo diretopôr em execução; realizar."e. pesquisas"
Lao Tsé. Monista. Empreendedor de verdade. |
Homens poderosos dizem que o empreendedorismo é o futuro. Ele nos tornará independentes do Estado. Não serão necessários direitos. A coisa pública (dizem ou pensam) é um dinossauro que deve ser diminuído gradativamente - exceto para garantir o controle sobre a população e a extração de recursos da mesma. Criaram se narrativas para justificar essa visão. Uma série de notícias são apresentadas. Histórias contadas. Pessoas elevadas (ou silenciadas). Com a função de tornar cada vez mais aceitável essa visão de mundo. Mas as coisas simplesmente não encaixam...
Uma série de empreendedores ficaram riquíssimos com inutilidades [3]. Esses exemplos são muitos.
Por que isso ocorre?
Porque o sistema (isto é, a lógica predominante coletiva, a qual as instituições servem de variadas formas numa grande rede) recompensa esse tipo de empreendimento. Assim vemos bilhões (se não trilhões) de dólares anualmente direcionados para os bolsos daqueles que não melhoram o estado das coisas no mundo, sob nenhum ponto de vista (social, econômico, cultural, espiritual, educacional, científico, ambiental, atmosférico, filosófico, etc.).
Mas mesmo se observarmos os empreendedores relativamente úteis, como Bill Gates, fundador da Microsoft, nada justifica sua fortuna. Isso se aplica a todos bilionários do mundo, cuja lista é facilmente acessível [4]. Não há motivos que justifiquem uma recompensa tão alta, tanto em termos monetários quanto em níveis de admiração global, a um indivíduo. E o uso que essas pessoas fazem dos recursos não é tão bom quanto aparenta (ver vídeo abaixo).
Investir em setores apontados como soluções para a sociedade e o ambiente não significa de fato que estes (setores) são a solução efetiva, viável, desejável ,sustentável, para o planeta (isso inclui nós, homo sapiens). Vandana Shiva [7] destaca essa questão na entrevista acima. Recomendo às pessoas investigarem melhor esse tema, pois o que aparentemente pode ser uma ação benéfica muitas vezes se revela uma arquitetura de destruição silenciosa e inocente. Da mesma forma, cultivar vegatais in-vitro e produzir carne artificial não me parece a solução da humanidade [5]. O simples fato de nos desconectarmos cada vez mais da natureza é bizarro. O divórcio entre natureza humana e infra-humana é prejudicial para quem está acima (nós), dependentes das bases (ciclos de carbono, água, nitrogênio, biodiversidade, etc.) e de seus significados (para a psique humana). É preocupante observar que pessoas que buscam um mundo melhor, como George Monbiot, não enxergam essa questão. Certamente um pouco de conhecimento e vivência de outras vertentes da vida trariam a pessoa de volta à si. Para isso é preciso permear as coisas do mundo com uma visão mística, transcendente, espiritual.
Mas voltemos à questão dos bilionários.
Concentrar renda elevadíssima na mão de pouquíssimos não significa geração de empregos e oportunidades. Os dados revelam o contrário - pelo menos a partir de certo ponto, que ao que parece foi ultrapassado há algumas décadas. Nunca a concentração de renda foi tão grande em nosso mundo, segundo o último relatório da Oxfam [1]. Por outro lado, o desemprego cresce. Ou, se diminui, se plasma num emprego cada vez mais instável, precário, do tipo "empreendedor".
O setor de serviços aumenta em relação ao industrial. E a informalidade cresce, ocupando o lugar que outrora era da formalidade. Dessa forma a tendência é clara: haverão cada vez mais empregos desvinculados do setor industrial e regulamentados. Ricardo Antunes explica a lógica do sistema moderno:
Não se trata de ideologia, e sim uma visão sociológica do mundo do trabalho. Parece ser comum - especialmente no Brasil - confundir cientistas sociais que descrevem a realidade e suas possíveis (e prováveis) consequências com revolucionários insanos sedentos por guerra e sangue, por regresso e desentendimentos. Somente uma coisa explica esse ódio àqueles que descrevem a realidade: incapacidade de lidar com a natureza de um sistema falido, prestes a implodir.
Sim. É duro ouvir isso. Mas precisamos acordar. Estamos (estivemos) sempre um ou dois passos atrás da marcha predominante. Vez ou outra o bom senso conseguiu ocupar um nicho na marcha da humanidade, garantindo mínimos direitos, regulação e condições de florescimento de ideias. Mas na fase atual estamos mergulhando num abismo.
"Claro", você vai dizer. "Mas sempre passamos por mergulhos em abismos. Até piores do que agora...Pense na Peste Negra, na Escravidão, na 1ª e 2ª Guerra,...". Sim. É verdade. Eu concordo. Mas a questão é: hoje, nosso poder de difusão de informação é imenso. O potencial de manipulação de corporações é global e intocável. O ritmo das mudanças é vertiginoso - tão alto que um simples piscar de olhos pode nos deixar à deriva nessa marcha insana rumo a competição e a ter sucesso nos negócios.
Nada (ou quase) está em sintonia com os ensinamentos de Buda, de Cristo, de Lao Tsé. Apesar disso, existem pessoas que já despertaram e começam a falar de forma muito clara a grande Verdade. Sob muitos pontos de vista: idealista e filosófico (Vladimir Safatle, Márcia Tiburi), jurídico e social (Alysson Mascaro), vivencial (Eduardo Marinho), financeiro (Eduardo Moreira), trabalhista (Ricardo Antunes), fiscal (Maria Fattorelli), social (Jessé de Souza), sistêmico e energético (Jacque Fresco, Luiz Marques), de saúde (Drauzio Varella), educacional (Daniel Cara), político (Marielle Franco, Jean Wyllys, Jandira Feghali, Luiza Erundina), científico (Sidarta Ribeiro), ecológico (Antônio Nobre e Carlos Nobre), monista (Gilson Freire, Maurício Crispim, João Attilio) entre muitos outros(as).
Não há sentido em recompensar tanto tão poucos. Mesmo se suas ideias foram relativamente (relativamente...) úteis. Mesmo porque quem define isso é o sistema - sustentado sempre pela inércia humana, que o torna tão poderoso justamente por esse imobilismo psíquico. Caso contrário Beethoven, Van Gogh, entre outros deveriam ser bilionários ou trilionários. Ou seja, quem quantifica o valor das ideias e criações é o sistema. Assim, nos direcionamos sempre tendo por base essa lógica sistêmica.
Há três problemas (mortais) intrínsecos no capitalismo neoliberal:
1) Ele é incapaz de recompensar ideias verdadeiramente boas;
2) Ele exagera na recompensa de ideias;
3) Ele recompensa ideias ruins ou péssimas.
E uma consequência é:
4) O indivíduo deseja se perpetuar de acordo com a lógica que o alçou ao poder.
(1) ocorre porque ideias verdadeiramente boas levaria ao fim do (anti)sistema que temos. Elas integrariam, redistribuiriam, libertariam as pessoas da escravidão de uma vida inútil. Dariam um sentido à vida das pessoas. Fariam todos começarem a refletir. Ganharem coragem para ir além do senso comum, das aparências. Ganhariam coragem e se associariam de formas cada vez mais originais. Tenderiam a caminhar para o imaterial, o intangível, as causas, a unidade, a sustentabilidade, o equilíbrio, o pensamento com sentimento.
(2) é fruto da natureza do sistema. Ele preza diferenças porque opera com base na inveja e ciúmes dos indivíduos. Reforça a ilusão. É assim que ele consegue manter as engrenagens em movimento e as forças ativas. No nível evolutivo atual, é sempre necessário ter alguém de onde extrair o nosso prazer. Enquanto vivermos de acordo com essa lógica de escassez seremos sempre escravos uns dos outros - e servos da lógica dominante.
(3) é quase que uma expansão de (1). Ideias boas de verdade não são aceitáveis porque levariam ao fim da exploração e sofrimento. Ideias com aparência de boas (úteis dentro do contexto triste que vivemos) são aceitas por agilizarem e darem significado ao sistema. Mas ideias ruins (como candy crush) são aceitas porque mantém as pessoas na inércia. Atividades e coisas e pensamentos que deixam as pessoas em ciclos infindáveis. Gastam energia, dinheiro, tempo, emoções e pensamentos com coisas que desagregam. Coisas que afastam da família, do cônjuge, dos amigos, das ideias verdadeiramente transformadoras...Assim nos distraímos. Nos afogamos num bem-estar degradante. Engordamos e nos divertimos. Mas Ubaldi já disse que as forças da vida querem a evolução. É melhor obter como produto final um magro evoluído do que um gordo involuído.
Por "magro" entenda-se pobre de coisas do mundo: saúde, dinheiro, vestimenta, higiene, instrução ,etc.
Por "gordo" compreenda-se o contrário: alguém com os bens materiais necessários.
Essa visão me aparece por profunda introspecção. Ela resolve os problemas fundamentais e delineia a estrutura que gerencia as sociedades.
Alan Turing. Empreendedor (de verdade também). |
Ser recompensado por uma ideia verdadeiramente boa com (digamos) 2 ou 3 milhões de dólares irá torná-lo, na verdade, muito mais rico do que os atuais bilionários. E cada vez mais... Pois não se gerará miséria - às custas de sua riqueza exagerada. Não se ativará a cobiça. E, sendo verdadeiramente boa (a ideia), trará um mundo cada vez menos dependente de dinheiro para que o ser humano desfrute do verdadeiro paraíso na Terra.
O clímax desse princípio nos conduzirá a um mundo celestial, em que a pessoa gerará ideias para auxiliar o Todo, sendo conduzida pela sua consciência (sentimento de paz interior aliado a uma inteligência criativa e dinâmica). Sua recompensa será manifestar ao mundo a essência divina. Pois não haverá mais miséria - porque teremos erradicado o pensamento de escassez que alimenta o nosso sistema. Sistema que se tornará uma peça de museu, que nos revelará quão involuídos éramos - pensando estarmos no ápice da civilização...
Tudo isso é de uma lógica perfeita. E casa com os princípios do Cristo.
Referências:
[1] https://www.youtube.com/watch?v=auoVnwEJZnI
[2] https://www.youtube.com/watch?v=uWSxzjyMNpU
[3]https://exame.abril.com.br/negocios/king-criadora-do-candy-crush-fatura-us-1-8-bilhao-em-2013/
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Listas_de_bilion%C3%A1rios
[5]https://outraspalavras.net/terraeantropoceno/fascinante-e-a-agroecologia-que-produz-comida-de-verdade/
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Alan_Turing
[7] https://pt.wikipedia.org/wiki/Vandana_Shiva
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Alan_Turing
[7] https://pt.wikipedia.org/wiki/Vandana_Shiva
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