Para o teimoso, a coisa só fica clara quando se sofre as últimas consequências de seus atos. Esses atos tem gênese no pensamento: um sistema de crenças e valores; uma maneira de ver o mundo; um conjunto de experiências e sentimentos e meio físico e cultural em que se viveu. Tudo isso irá ditar o nível de teimosia de um indivíduo. E o seu grau de consciência será o fator mais determinante no momento dos resultados finais.
Quem superou a cegueira humana nada mais espera exceto a Lei cumprir seu trabalho.
Fonte: analogicus.
Para um conjunto de teimosos vale a mesma regra. Só que nesse caso, por serem muitos, há muitas conexões, a escala é incomensuravelmente maior, a imprevisibilidade também. De modo que todos acabarão por sofrer as consequências dos atos de um grupo. Mas aqueles que sofrem e tem poucos débitos para com leis morais, o sofrimento será menor. Vale sobretudo saber sofrer.
Huberto Rohden já dizia que o sofrimento somente acabaria na humanidade quando não houvesse um único pecador (isto é, indivíduo mal intencionado ou ingênuo inconsciente). Enquanto houver uma só pessoa em débito com a Lei de Deus, haverá sofrimento coletivo. Isso pode parecer injusto apenas na superfície dos efeitos. Na profundidade das consequências finais, cada um sofrerá apenas o que deve sofrer para despertar sua consciência.
Todos sofremos na jornada. Mas quando se fecha um ciclo e se resume uma jornada, uma vida, um plano de vida, fica evidente quem é joio e quem é trigo: pessoas que se transformaram, buscando ir mais à fundo nos fenômenos; procurando reconhecer suas falhas; adquirindo experiências e difundindo sem temor pensamentos e sentimentos que emergem do íntimo, essas pessoas estarão salvas. Poderão continuar sua jornada evolutiva neste planeta.
Aqueles que insistem em permanecer numa ignorância nefasta - completamente incompatível com o nível de vida de uma nova civilização planetária - terão de continuar sua escola em mundos compatíveis com o seu nível. É o momento de seleção.
Não é preciso ser um santo, anjo, herói ou gênio para estar no grupo que permanece. Fosse assim estaríamos todos perdidos. Nem adotar uma dieta plenamente natural; nem abdicar de seus bens; nem grandes renúncias. Mas o grau de consciência deve ser compatível com uma humanidade que quer evoluir.
O mundo sofre cada vez mais porque a maioria da humanidade possui baixo grau de consciência. Apesar de haver uma hierarquia nefasta, com um grupo de poderosos no controle de praticamente todos setores da mídia, das finanças, da energia, dos alimentos, da construção, da tecnologia, da educação e etc., essas pessoas apenas refletem o que o grosso da humanidade é (nem todos mas muitos): pessoas sedentas de poder, de consumir, de escapar dos temas centrais; pessoas que não tem coragem de conceber um novo modo de vida; pessoas que acreditam nessa estrutura, mas ao mesmo tempo vivem criticando os eventos insalubres e amargos de sua vida pessoal, de sua família, de seu grupo.
Percebam a insanidade do indivíduo: através de gestos, atos, indiretas e planos de vida ele demonstra que detesta o mundo. Ao mesmo tempo, quando apresenta-se as soluções para o mesmo, de forma clara, sincera e coerente, ele vira as costas e ignora. Ou pior: zomba, ataca e rompe laços com aquele que oferece o roteiro para a solução. Essa contradição interna está corroendo a humanidade e não poderá se sustentar por muito tempo. A crise financeira de 2008 foi um prelúdio: ela demonstrou a insustentabilidade de um sistema financeiro meramente virtual; uma economia sem vínculos com a realidade, com a produção, com o desenvolvimento, ou seja, financeirização da economia. E a pandemia de 2020 é apenas a continuação dessa contradição humana. Ela apresenta outro defeito humano: invadimos ecossistemas sem nos preocuparmos com a quebra de relações de equilíbrios entre as espécies, sejam elas animal-animal, vegetal-animal, vírus-animal, etc. Relações dos mais diversos tipos, que se construíram ao longo de milhões de anos. Uma maturação lenta e sábia, visando trazer à luz um ambiente saudável e propício para o convívio.
não será o retorno de um homem, mas o nascer de uma nova consciência.
Fonte: analogicus.
As doenças sempre estiveram presentes, incubadas, em estado de germe. É energia potencial - energia que não se manifesta no mundo macroscópico, mas está lá, com toda sua capacidade, esperando por um evento específico que a libere. Essa energia começa a se mover em trajetórias abertas, para todos os lados, assim que é liberada. Ganha movimento macroscópico. Se torna energia cinética. Essa é a analogia entre o mundo complexo dos ecossistemas e a física elementar. Nossa atividade econômica interfere onde não deveria. Não pensou nas consequências. Mas ela é apenas um produto da mente coletiva - que deseja consumir mais coisas, mesmo que desnecessariamente, apenas para viver de novidades.
Nós estamos doentes e não é por causa do vírus. Essa pandemia é apenas um alerta inicial do que está por vir. Porque de nada adianta vacinar velozmente, pesquisar novas vacinas, conter variantes, fazer isolamento, usar máscaras se toda a lógica de "desenvolvimento" econômico permanecer inalterada. Virão outras. Cada vez piores. E o capitalismo tenta inovar, criar novas soluções. Sempre foi assim. Mas esse ciclo se esgota e chega em seus dias finais: é preciso fazer mudanças profundas.
É um paradoxo: as pessoas apenas fariam uma verdadeira revolução para um mundo melhor se elas tivessem consciência profunda. Mas se elas fossem detentoras desse grau de consciência, elas jamais teriam permitido as coisas chegarem a esse ponto. Isto é, o (anti-)sistema ter se desenvolvido dessa forma, com uma estrutura hierárquica desigual e deletéria; uma vida sem valores e repleta de aparências; uma vida em que para se conseguir o mínimo indispensável para sobreviver demanda a prostituição dos valores mais queridos, do precioso tempo e das energias vitais. Toda criatividade morre numa jornada sem sentido e imbecil, que produz muito mais problemas do que soluções.
Não se enganem: o caminho é a revolução. Mas antes, deve haver um despertar interior. Mas eu sinto que o tempo passa e a ação é muito lenta. Em resumo: quando o ser se recusa a seguir a lei, a lei toma o controle e começa a agir.
Esse agir é dor. Por quê? Porque há muito tempo fazemos as coisas do jeito errado. Há muito tempo capengamos na evolução. Estamos sendo teimosos muito além da conta. E portanto devemos pagar o preço. Pelo bem do Universo, do planeta, e de nós mesmos...
Ou seja, todas as catástrofes que esparramam pelo mundo são apenas a resultante da inércia ou involução da sociedade. E o Brasil parece querer tomar a dianteira desse processo.
Fig. 3: Estamos passando da mentalidade de expansão inconsciente para a mentalidade de seletividade consciente. Selecionaremos melhor tudo para nossas vidas. E isso nos fará verdadeiramente plenos por dentro e por fora.
Futuramente posso entrar em particularidades. Mas apenas para dar uma visão clara, aí vai:
Baixa consciência = ignorância = falta de visão
Falta da visão é ansiar o alto mas gozar e defender o baixo, o que leva a paradoxos internos que se combinam, formando um paradoxo sistêmico.
Pegue as eleições de 2018: um candidato demonstrava claramente inaptidão para o cargo; o outro (apesar de críticas que possam surgir) demonstrava responsabilidade e competência. O inapto ganha. Por que? Porque as pessoas, no geral, queriam mudança. E de fato houve mudança. O que foi prometido é um mundo paradoxal. Um mundo em que se retiram os meios de vida e se promete o progresso humano.
É melhor permanecer num continuísmo firme e ordenado do que numa mudança profunda e destruidora.
Mas, por outro lado, esse continuísmo firme e ordenado estava sufocando as pessoas. Elas queriam dar o próximo passo; entrar num novo patamar; melhorar de vida além do sentido material: queriam melhorias intangíveis. No entanto, não faziam a menor ideia de como isso deveria se dar. Resultado: apoiam qualquer pessoa que grite alto "mudança!". Caíram na ilusão e sofrem as consequências.
Há momentos em que as pessoas devem se unificar em torno daquela alternativa que é mais civilizada, e a partir dela, continuar a luta, colocando contra a parede essa alternativa civilizada com sua mobilização consciente, dizendo:
"queremos mais que trabalho - queremos jornadas menores e trabalhos elevados"
"queremos mais que comida - queremos eliminar as causas da fome e alimentos orgânicos"
"queremos mais que bens - queremos bens eficientes, baratos e funcionais, que durem"
"queremos mais que carros - queremos viver uma vida que não dependa de carros"
"queremos mais que dinheiro - queremos um mundo que opere na base de recursos"
"queremos mais que instrução - queremos conscientização e vivência"
"queremos mais que planos de saúde - queremos um sistema de saúde que nos torne independente dos planos de saúde mafiosos"
"queremos mais que entretenimento - queremos lazer que aponte para cultura. cultura que desemboque em espiritualização"
Queremos tão mais que os melhores nos oferecem que isso até assombra a nossa psique. Uma psique habituada a viver de modo limitado por tantos milênios...
Isso não foi feito na eleição de 2018...
Percebam: a "alternativa civilizada" não é a solução final. Muito longe disso: ela é apenas o primeiro de uma série de passos a ser dado para construirmos um país (e planeta) verdadeiramente civilizado.
Construir um mundo melhor, uma nação realmente inovadora, desenvolvida, em progresso, é uma cadeia de processos na qual cada etapa é vivenciada plenamente; na qual o caminhar é consciente e todos dialogam, aceitando o novo, mesmo que abstrato.
Mas...não estamos nesse caminho. Essa visão apresentada aqui é partilhada por uma ínfima minoria.
Veremos mais à frente quem estava certo: a ínfima minoria ou a esmagadora maioria...
Concluindo:
Existe uma hierarquia de culpas que atinge até mesmo aqueles que mais combatem essa loucura. Porque apesar de tudo, raríssimos são aqueles que veem os problemas de forma integrada. Essa visão parcial - mesmo que mais abrangente - peca por omitir um pequeno saber, uma experiência vital, uma técnica, um autor, uma perspectiva. O próprio desenvolvimento dos eventos atesta isso: microbiologistas inicialmente apolíticos começam a tomar postura política, revelando que não se soluciona o problema sanitário sem combater nesse campo; algumas pessoas (raros) no campo da revolução percebem que um ser humano inconsciente não permitirá o nascimento e permanência de um sistema social mais justo e eficiente; materialistas percebem que a ciência não avançará sem a incorporação do espírito e suas realidade; cosmólogos reencontram a necessidade de proferir a palavra "Deus" (nem que com outros nomes) para dar coerência ao seu castelo conceitual; e todos esses e outros, em múltiplas combinações, começam a tangenciar aspectos das realidades dos outros grupos. Realidades ignoradas por séculos.
Nossa era clama por integração. Somente ela forjará seres conscientes. É preciso ser integral na visão, no pensamento, nos sentimentos e na vivência.
Se as pessoas não despertarem a Lei tomará conta do processo evolutivo.
Como crianças que não aprenderam a usar as ferramentas dadas, teremos o remédio amargo para nos corrigir e evitar que causemos mais mal a nós e ao mundo.
A humanidade irá evoluir, não se preocupem.
Por bem (ela despertar) ou por mal (a Lei atuar).
Infelizmente estamos optando por evoluir da pior maneira...
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