domingo, 24 de agosto de 2014

COMO VIVEM OS ANJOS*

Os anjos tem uma vivência muito peculiar. Eles se assombram com algumas coisas – como nós humanos. No entanto, as causas dos assombros (e preocupações) são completamente diversas. O mesmo podemos dizer do que consideram sério ou fútil: questões que humanos veem como fúteis são tidas como sérias para os anjos; e assuntos vitais para (a maioria dos) humanos são uma mera quimera do ponto de vista angelical. É claro que existem casos particulares nos quais esse contraste é reduzido (e às vezes, quase imperceptível).

Anjos tem uma fase CONTURBADA seguida de uma fase PLENA em sua vivência. Na conturbada, o anjo, recém-nascido, sente-se pouco à vontade com a sua condição, e faz esforços – às vezes colossais – para mimetizar comportamentos e (falta de) sentimentos humanos, numa vã tentativa de se sentir menos apartado do meio. Ele ainda não reconhece que adentrou num mundo interior diferente, cujas leis são completamente diversas daqueles das quais ele estava habituado. É natural o sentimento de deslocamento. Mesmo porque ele recém-adquiriu sensores que ainda não estão regulados para captar a presença de outros iguais.

Por mais que se tente retornar ao estado anterior, se houver algum sucesso nessa empreitada, ele é temporário. O que leva o ser a imaginar que existe uma lei que o proibe de voltar a ser o que era. Irreversibilidade. Isso porque o sentido da evolução é um só, e tentar desfazer uma obra divina é um atentado contra a Lei de Deus.

Após um período de turbulência o anjo passa a ter consciência do que se passa dentro dele. Auto-conhecimento, auto-aceitação. Paz e (finalmente) capacidade de atuar no meio usando métodos e ferramentas completamente diversas – e poderosas.

Anjos são DISCRETOS, agem pensando na TRANSFORMAÇÃO DA SUBSTÂNCIA; não encarnam (são espíritos que não mais necessitam nascer como humanos, ou seja, não os veremos em carne e osso pelas ruas); trabalham os SENTIMENTOS dos humanos; às vezes CHORAM ao ver o estado da humanidade; se ALEGRAM tremendamente com um gesto divino oriundo de um ser não-divino (nós); são profundamente REFLEXIVOS e DETERMINADOS.

Anjos nunca se enjoam de seu trabalho, pois este parece ser infinito – transformar as pessoas. fazê-las despertarem para seu Eu divino. Eles estão sempre no 'front' de guerra.

Qualquer local onde nós não queiramos estar, ELES ESTARÃO.
Qualquer sentimento que nós não queiramos demonstrar, ELES DEMONSTRARÃO.
Qualquer esforço que não queiramos fazer, ELES FARÃO.
Qualquer verdade que nós queiramos revelar, ELES REVELARÃO.

E assim nossa insensatez humana é contrabalançada pela sensatez divina.

E no dia em que todos positivos dos anjos não forem anulados por todos negativos da gente, o mundo escapará de sua inércia.

A soma não será zero.
Será maior que zero.
Será positiva.


* as descrições presentes nesse ensaio e no outro – intitulado “Como Nascem os Anjos” – são meramente ficcionais, não contendo nenhum tipo de fundamento científico. Trata-se primordialmente de um exercício (prazeroso!) da criatividade. Mas não uma criatividade infundada, e sim aquela baseada num desejo de como as coisas poderiam (ou deveriam) ser.



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