sábado, 30 de agosto de 2014

O TIPO BIOLÓGICO DO FUTURO

Neste ensaio pretendo ramificar a ideia desenvolvida anteriormente a respeito das três inteligências (instinto, razão, intuição). Para ser mais específico, o intuito é explicar e exemplificar porque a intuição será a característica predominante do ser humano do futuro - um ser que vive na mente de muitos, ansiosos pela concretização de um ideal tão intenso que abale os conceitos vigentes (sim, no fundo queremos ser provocados).

Aquele ditado de que muitas (não todas) crianças só aprendem com o erro é uma verdade profunda. Tanto que podemos estendê-lo para a humanidade sem problemas. Guardadas as devidas complexidades e proporções, a essência é a mesma: o aprendizado pela dor.

Sabemos que o tipo de aprendizado mais eficaz é a educação formal, geralmente dada pelos pais (ou parentes) até uma certa idade, e pela escola a partir daí. Mas muitas pessoas sentem - e algumas sabem - que essa educação formal poderia ser muito mais eficaz. São pessoas que provavelmente já passaram por essa experiência e sentiram que todo seus "fracassos" podem ter sido causados - em boa parte - devido à falta de adequação dessas instituições (família e escola) à sua natureza. Mas o misto de culto e emergência às normas impostas ao longo da vida nos conduz a julgamentos muito severos de nosso ser. Devemos acreditar um pouco mais em nossas potencialidades.

Somos diferentes. Merecemos oportunidades iguais. O que isso quer dizer concretamente? Isso significa, a meu ver, que o sistema educacional deve propiciar todas vivências e experiências possíveis de forma a atender a pluralidade dos sonhos e idéias que povoam a mente de cada ser vivo. Trata-se de um ENORME DESAFIO. Especialmente hoje, com uma série de distrações sedutoramente divergentes.

Grande parte das metodologias educacionais não atendem aos anseios das novas gerações. Não que a partir de um ponto só comecem a nascer crianças com uma concepção de vida mais ampla. Mas percebe-se uma tendência ao longo do tempo. E acredito que boa parte dos problemas internos que jovens enfrentam hoje em dia se deve ao fato de nossas escolas (e sociedade, e mercado de trabalho) serem incapazes de PERCEBEREM potencialidades (futuro). Como um todo engessamos no tempo. Mas felizmente a petrificação do sistema não impedirá o inexorável marchar da humanidade rumo ao progresso intelecto-moral.

Muitos tem falta de vontade em aprender. E não é fácil responsabilizar unicamente o aluno ou o(a) professor(a) por esse insucesso. É provável que ambas partes tenham sua parcela de responsabilidade. Mas o modo como muitas coisas estão estruturadas (relações, regras de conduta, modos de conceber a existência,...) pode ser poderoso agente indutor de deslizes, afastando-nos do ideal. Faz-se necessária uma nova abordagem, completamente diversa. Aí entra o ser intuitivo.

O ser intuitivo é SÍNTESE. O racional é ANÁLISE.
O primeiro é conduzido pelo imponderável. O segundo pelo tangível;
O primeiro compreende o modo de pensar e agir do segundo, mas este não compreende o primeiro. Porque o primeiro é capaz de atingir as profundidades da alma e se foca nas causas, enquanto o segundo sente e age pela superfície, não compreendendo o brotar dos fenômenos e as reações.

Não se tratam de mentalidades mutuamente excludentes, e sim COMPLEMENTARES. A questão é o peso que se dá a cada uma delas. Para o ser do futuro, o centro de gravidade de sua trajetória estará mais à frente, com campo da intuição e da síntese, que apoiarão a mente racional-analítica.

O ser intuitivo procura ter uma visão global e perceber as interconexões dos fenômenos naturais e humanos. Sua mente trabalha em todas escalas de espaço e tempo, sendo assim capaz de perceber que acontecimentos ruins no presente são necessários para sua evolução espiritual. Por perceber o sentido da vida em sua plenitude, ele mais procura adequar-se às Leis do Universo do que criar sistemas e criar tecnologias para burlá-las. Não que estes e estas sejam ruins, mas ele não se encanta com isso. Para esse ser trata-se apenas de meios para atingir fins muito mais elevados. Nada mais, nada menos.

O ser intuitivo abraça o estudo em todas suas formas. Cada instante é passível de alçá-lo a uma nova compreensão, tornando-o mais apto para cumprir sua tarefa evolutiva e auxiliar a unificação de toda humanidade. Ele é movido por esse ideal. Está disposto a se arriscar, ser ridicularizado, e até morrer por ele, sem no entanto jamais envolver outros nessa empreitada “suicida”.

Trata-se sobretudo de um processo biológico comum a todo ser vivo. TODO. Passaremos por isso algum dia. Não há com o que se preocupar. O privilégio é de todos.

O único pré-requisito: abrir a mente.

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