De alguns
tempos pra cá fui percebendo várias coisas interessantes na minha
vida - e na vida das pessoas. Detalhes importantes do dia-a-dia.
Acontecimentos banais e breves, mas cheios de verdades profundas por
trás. Sou muito mais paciente em lidar com reações de pessoas após
soltar alguma ideia ou pergunta. Porque passei a compreender o que
leva muitas pessoas a reagirem de tal forma ao ouvirem algo de
alguém.
Cada ser
humano tem uma bagagem de experiências - sua história. Além disso,
o meio em que as pessoas vivem influenciam suas atitudes. Digamos que
são limitadores de liberdade virtuosos ou viciantes - o que
caracteriza um ou outro será abordado futuramente em outro texto.
Existem ainda as conexões feitas por essa pessoa, que irão brotar e
se manter (ou não) baseado em suas crenças e valores. Conhecendo
verdadeiramente a fundo esse quadro (HISTÓRIA-MEIO-CONEXÕES) é
possível prever as possibilidades de conexão profunda com essa
pessoa e saber como conduzir uma conversa com ela.
Agora
começa a se esboçar em minha mente o seguinte: em geral, quanto
maior o número de conexões, menos seletivo o critério de seleção
das mesmas; e (também em geral) vice-versa. Não se trata de uma
verdade absoluta porque podem haver pessoas com poucas e más
conexões. Como por exemplo gente que constantemente rompe amizades
ou é incapaz de fazê-las porque tem pouca tolerância às
diferenças e ainda não aprendeu a lidar com o mundo porque não o
compreendeu.
Alguém
pode refutar dizendo que é ou conhece pessoas cheias de boas
amizades que sempre querem estar próximas e comparecem às suas
festas e conversam e dão conselhos e ouvem e etc. No entanto, essa
observação me parece muito vaga porque provavelmente está sendo
feita baseada em aparências. Experimente por exemplo perguntar a
essa pessoa sobre a posição social, renda, herança, atributos
físicos, comunicabilidade, antepassados, etnia, religião,
orientação política e formação desse indivíduo "abençoado",
e ele lhe dará - se estiver disposto a isso - uma série de
respostas que derrubará sua afirmação. Isto é, por trás dessa
quebra de regra (qualidade com quantidade) reside uma série de
aparências. Em camadas. Expor detalhes desse tipo no dia-a-dia
provavelmente trará uma horda de inimigos. Mas ao mesmo tempo eles
podem trazer amigos - de verdade.
Ser
doentiamente sozinho é uma atitude causada pelo desejo de exclusão
dos outros, que leva à própria exclusão.
Quem é
saudavelmente sozinho dificilmente sofrerá de solidão.
Quem é
doentiamente sozinho dificilmente sentirá plenitude.
E os
conectados?
Quem é
hiperconectado sente uma necessidade de sê-lo (caso contrário não
seria). Partindo do pressuposto de que todos somos diferentes, então
criar um grande leque de "amizades" significa que a pessoa
terá de assumir uma personalidade camaleônica, omitindo opiniões
em eventos sociais, na escola, no trabalho e (ás vezes) na família
e na cama, para manter as possibilidades externas e não ter
amolações. Os valores são esquecidos gradativamente. Nada que
possa "manchar" sua imagem é emitido. Tudo é calculado,
avaliado, ponderado. Infelizmente no sentido egoístico. Ou seja, não
fazemos o mal porque estamos convictos de que não é certo. Não o
praticamos por fora porque queremos manter uma boa imagem perante o
mundo. Mas sempre que possível, quando ninguém vê - ou achamos
isso - deixamos nossos instintos fluírem sem rédeas.
Quando
agimos em função do mundo perdemos a identidade e o próprio mundo.
Porque o que é externo, o que é aparência, está se transformando
e nossa capacidade de acompanhar algo além de nós é limitada.
Quando
agimos seguindo nossa consciência, o mundo pode nos condenar, mas
SEMPRE estaremos em paz conosco, porque nosso SER divino é imaterial
e repleto de verdades. A independência externa é mínima,
conduzindo a uma vida mais orientada e feliz.
A arte da
vida consiste em saber fazer suas coisas sem deixar de conviver com o
mundo. E expor suas idéias em ambientes receptivos a ela. É uma
busca incessante. Experiências que desmascaram ilusões aqui e ali,
tornando-nos mais experientes no viver. Com o tempo passamos a saber
como e quando agir. Saberemos de antemão se vale ou não a pena
começar a tocar num assunto com um grupo ou uma pessoa. Perderemos
menos tempo e menos energia com o que nada nos acrescenta. Nos
sentiremos cada vez menos presos a grupos, – sejam de qualquer
espécie – nos limitando a cumprir obrigações por mera questão
de subsistência.
O futuro
está escondido nos pensamentos que o nosso mundo tem como
insignificantes. Ele está nesse baú secreto, misturado com diversas
idéias travestidas de promissoras e resolutoras. Idéias semelhantes
em sua forma, mas que se revelam frouxas à medida que um
investigador começa a estudá-las. São teorias feitas apenas para
satisfazer um grupo. E infelizmente esse fato faz com que verdadeiras
teorias sejam deixadas de lado, com medo de ser uma perda de tempo se
aprofundar. Mas quem ousa adentrar nesse campo e abraçar uma idéia
desse tipo começa a perceber que não existem contradições. Tudo
se encaixa em substância. Há unificação de saberes e grupos. A
complementariedade suplanta a segregação. Revela-se que os
desentendimentos se devem pela falta de uma visão global e longo
prazo. Pela ausência de uma orientação. Esta só pode ocorrer com
um sentimento de que tudo concorre para uma finalidade. Quando a
humanidade tomar posse desse sentimento começará uma grande
revolução na humanidade. Uma revolução mental, que conduzirá a
um novo sistema e a implantação de uma justiça social, diversidade
cultural e produtividade vinculada não apenas à economia, mas antes
de tudo às necessidades evolutivas de cada ser humano.
Nesse
ínterim devemos aceitar a realidade presente e buscar formas
criativas de nos distrairmos construtivamente ao invés de buscarmos
vencer grupos ou pessoas. Isso vale para tudo e todos. Priorizando as
coisas simples por tempo suficiente é possível que comecemos a ver
seu real valor. E com isso o modo de vida passe a ser cada vez menos
dependente do exterior. Porque rico no interior. E com isso nos
libertamos, aos poucos, de meios insalubres, que nos obrigam a adotar
uma forma mental restrita ao universo das finanças. Mentalmente,
depois economicamente. Em ciclos. Aos poucos.
E todo o
poder (carnal, material, bélico, financeiro) do mundo deverá se
adaptar cada vez mais a uma nova forma mental. Mais consciente, mais
sensível, mais sábia.
Como
dizia Vitor Hugo,
“Existe
uma coisa mais poderosa do que todos os exércitos do mundo: uma
ideia cujo tempo é chegado.”
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