A prova mais cabal de que vivemos num universo emborcado reside no fato de que o Direito é usado - na imensa maioria dos casos - para adquirir algo que não é merecido. Toda estrutura jurídica do mundo, por mais bem estruturada que seja, é incapaz de lidar com as astúcias que ocorrem na mente das pessoas. Os motivos reais não são analisados pela ciência jurídica - incapaz de mergulhar e interferir no âmbito das intenções, em que ocorrem as maquinações e se movimentam os esquemas do involuído. Elas (intenções) simplesmente escapam do poder de julgamento, e assim a lei humana mais trava o evoluído do que freia os instintos do involuído.
O autor, como professor, observa de tempos em tempos como se dá o (não) funcionamento das relações legais dentro do âmbito escolar/acadêmico. Tudo é baseado na lei. E a atuação do ser menos consciente é usar dos mecanismos legais para obter o que não foi capaz de conquistar - nem que essa conquista seja na realidade um simples procedimento que deveria ser feito, simples, trivial, e com toda ajuda e orientação possível. O desespero vem na última hora, quando tudo que poderia ser feito pelo caminho reto não o foi - e tudo que pode ser feito pelo caminho sinuoso da astúcia pode ser feito.
Toda essa experiência deve servir a um propósito maior. É o único motivo pelo qual o autor suporta essa cruz. Cruz que representa o grito de criaturas imersas no lodo da ignorância. Criaturas que agem guiadas por desespero desmedido. Um desespero que reflete a falta de visão da vida e da Lei (da Lei de Deus). E com isso quem aqui escreve vai concluindo que não vale a pena se desgastar por algo tão sem sentido - especialmente porque as leis humanas, com suas brechas, abrem caminho para que aquele que não participou de um processo de aprendizado, que não tenha se esforçado nem buscado se adequar à dinâmica de um curso, obtenha os meios para que seja possível obter o que deseja: aprovação. Mas...aprovação pelo quê, de fato?
Não há justiça de substância numa conquista baseada na força da lei humana. Isso representa que posteriormente, à medida que os eventos da vida individual e coletiva de desdobram, ocorrem coisas que vão tomando o tom de ação corretora. Uma ação que age por vias diversas, através de personagens distintos, - aparentemente não relacionados - que executam as coisas de acordo com seus interesses pessoais. Mas esse conjunto de interesses, concatenados no espaço, no tempo e na relatividade de nosso universo, acabam por brindar cada ator de uma trama inicial com a justa recompensa pela sua atitude e atos nos momentos decisivos de suas vidas. Assim perfaz-se o efeito real da verdadeira Lei.
Com os acontecimentos o autor vai aprendendo cada vez mais sobre a psicologia do involuído. Ele, como um involuído também, se destaca pelo fato de que reconhece a sua natureza e já não aceita certas coisas; ele, como involuído, se destaca pelo fato de que começa a ver as coisas de sua vida sob a ótica monista de Pietro Ubaldi. Isso é começar a ir além da compreensão intelectual - é adentrar na grande compreensão. Uma compreensão experimentada e vívida.
Então chega-se à conclusão de que o candidato a evoluído deve dançar conforme a música que o AS apresenta. O S aceita as regras do AS porque sabe que essas regras, por partirem de uma coletividade menor, irão trabalhar a favor da Lei - só que de modo mais doloroso. De forma sinuosa, e não reta. De maneira lenta e dolorosa - ao invés de rápida e eficiente. É o caminho de uma coletividade (ainda) involuída.
Aqui não há julgamentos, apenas constatações. É difícil esse processo de adaptação para se tornar uma criatura mais tranquila, presa ao que realmente interessa. O AS oferece vários desafios que devem ser superados. Até mesmo aqueles com uma vida em boas condições devem estar no turbilhão dos dramas de um mundo atrasado. O ser com um bom carma e consciência capaz de compreender qual a finalidade da vida irá receber (e perceber) o que lhe acontece. Os desafios serão leves comparados às de outras pessoas. Bem leves. Mas para quem vibra nas altas atmosferas de um mundo inimaginável, isso é um verdadeiro tormento. No entanto - e isso é o que mais impressiona - graças a esses dramas que brotam visões fantásticas, capazes de esboçar meios que nos levem a novas formas de vida; capaz de despertar outros seres que vivem catástrofes de vários tipos; que possuem dores abissais enterradas em seu subconsciente.
Trata-se de melhorar nossa 'máquina interna' de conversão. Conversão de quê? De dores externas em visões profundas que se materializam em produções fantásticas. Esse é o troco que o ser mais adiantado pode dar àquele que ainda não percebeu sua função no cosmos. E ao fazer isso ele se livra da ação da Lei. Sua vida fica mais leve, sem nenhum rancor por dentro; sem nenhum traço que possa se desenvolver ao longo dos anos e se materializar num câncer. E com isso vibra numa frequência diferente, que não perturba seu ambiente próximo.
Os dizeres de Cristo vão ficando cada vez mais cristalinos. Trata-se de uma verdadeira revolução da forma mental que está se dando.
"Dai a César o que é de César - e a Deus o que é de Deus"
Mateus 22,15-21
Quando percebemos o que realmente tem valor deixamos de brigar por coisas sem significado. Todas as coisas do mundo passam a ter seu devido valor, cuja preocupação só deve ir até certo ponto. Há uma reestruturação da hierarquia de valores interna do ser, que acaba por transformar completamente sua natureza.
Se um abutre deseja ávidamente um pedaço de carne podre, não devemos impedir que ele tenha acesso a ela. Porque nós podemos fazer muito melhor, cozinhando uma diversidade incrível de alimentos frescos, saudáveis e gostosos, montando um verdadeiro banquete. Tendo isso em mente, deixamos a cada um o que cada um almeja.
O grau de consciência irá ditar o grau de riqueza daquilo que o ser deseja ávidamente.
Ao involuído a carne podre - ao evoluído o banquete celestial.
Até um momento em que, após muito sangrar, morrer e renascer, aquele que julgava estar conquistando o mundo percebe que alcançou uma compreensão profunda do universo e da evolução através de uma via mais tortuosa. Esse é o caminho rumo ao S das criaturas decaídas no AS.
Quanto mais cedo se percebe o que realmente é importante - significando que vislumbrou-se a estrutura e funcionamento do universo - abandonam-se os métodos do mundo e alcança-se a salvação muito mais suavemente. O caminho trilhado sinuosamente se retifica.
De modo que, ao retificar algo que é substancialmente não merecido sem preocupação, o ser aspirante a evoluído se aproxima um pouco mais do grande objetivo, retificando o seu caminho e glorificando o seu destino.
Graças a Deus.
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