domingo, 25 de julho de 2021

Vencer é perder - e perder é vencer

Vincere è perdere - perdere è vincere

É tudo muito simples para quem sofreu o suficiente e teve tempo para pensar com calma. Simples de compreender - porém dificílimo de resolver

Fig.1: Quando Jesus é morto e sepultado pelo AS, revela-se o Cristo que estava em sua pessoa.
Cristo que retorna ao S e serve de guia a uma humanidade decaída que terá o mesmo glorioso destino.
Fonte da imagem: [1]

Vivemos no AS. Mas concomitantemente, todos estamos sob o domínio do S - e retornaremos a ele. Não apenas nós, humanidade em estado de transição planetária, mas todas coisas e criaturas do universo, incluindo aquelas avançadas em relação a nós. É claro que, para quem já percebeu o esquema geral e passou pelo ponto crítico universal (que chamo de decisivo), o processo de retorno ao S é muito diferente daquele de quem ainda está numa fase em que a matéria predomina sobre o espírito - e faz suas últimas tentativas de se manter como pólo diretor. 

Diariamente recebo alguns artigos do Medium. Como se sabe, a gente recebe mais daquilo que a gente tem o hábito de buscar e baixar. Há um algoritmo mapeando tendência de cada pessoa atualmente, de modo que isso possa ser usado para interesses particulares a grupos, que tem uma visão de mundo - que não coincide com a Lei. Mas o ponto é: há vantagens (se soubermos não ficar presos ao que nos é apresentado). É preciso sempre refletir sobre tudo; pensar; ponderar; sentir até que ponto aquela ideia (ou teoria, ou ideologia, ou tecnologia) é coerente e/ou útil. Tendo esse filtro evoluído podemos sair pelo mundo e aproveitar o que ele nos oferece.

De qualquer forma...leio muitos artigos de três ou quatro pessoas - que favoritei - porque julgo seus pensamentos muito em sintonia com o que está ocorrendo e com o que sempre senti. São outras pessoas, de realidades geograficamente distintas, idades e formações diferentes, dizendo exatamente a mesma coisas (com suas palavras e simbolismos) sobre aspectos do mundo. E num desses artigos o título me chamou a atenção:

We Can’t Afford for Everyone to Have Their Own Opinion Anymore 

It’s getting us killed. [2]

Traduzindo: 

Não podemos mais nos dar ao luxo de que cada um tenha sua própria opinião

Isso está nos matando.

À primeira vista pode parecer que o texto será recheado de opiniões que reforcem o autoritarismo, a falta de liberdade, a imposição do fascismo e coisas do tipo. Mas trata-se exatamente do oposto.

Conhecendo a alma da autora e como ela vibra, já sabia do que se tratava, dos exemplos que ela levantaria, da forma de desenvolvimento e das conclusões - que se alinham com aos princípios pronunciados por Sua Voz em AGS. Então, antes de iniciar aqui as conexões e desenvolvimentos, é importante colocarmos em evidência os trechos de A Grande Síntese que fundamentam todo o posicionamento da autora (e meu).

"Hoje, o Estado só pode ser povo, enquanto o povo só pode existir organizado como Estado. A progressão das unidades e consciências diretoras continuará a dilatar-se na evolução, até atingir uma unidade e consciência que abranjam toda a humanidade, para prosseguir daí em direção a uma unidade e consciência cósmica, compreendendo todo o universo. A luta é um esforço de transição e, por isso, cessa quando a meta, que está numa unificação mais elevada, é atingida. Esta é a tendência constante, constituindo o significado das grandes tentativas de formação de impérios na história. O ser busca a unidade política, científica e espiritual."

AGS, Cap. XCVII (grifos meus)

O Estado moderno nasce no Séc. XVI, paralelamente à formalização teórica de sua função (Thomas Hobbes). Sua gênese - como todos inícios - é marcada por uma manifestação rudimentar, centralizada, em que a coordenação se expressa mediante uma autoridade que excede os próprios princípios universais que levaram à sua formação. Mas de uma humanidade involuída não poderia nascer um organismo evoluído.

Com o fluir do tempo, experiências vão marcando essa nova superestrutura, e assim ela vai se modificando. O Estado que era eminentemente controlador, visando a conquista de territórios, rotas comerciais, riquezas, torna-se uma plataforma ideológica. Com isso o instinto de dominação não cessa, porém se torna mais sofisticado. 

O princípio de liberdade econômica e política explode na Revolução Francesa (1789). Inicia-se uma onda que se arrasta por toda Europa. Napoleão Bonaparte é a ferramenta usada pelas forças evolutivas para que a nova ideia se espalhe pelo Velho Mundo, fecundando povos de diferentes culturas, locais geográficas, histórias, desenvolvimento e tendências. Todo esse movimento, escopo das ciências humanas, é acompanhado por outro, de foco mais das ciências exatas/naturais e econômico, que é o nascimento e expansão da indústria, iniciado com a Revolução Industrial (Séc. XVIII). O século XIX matura essas duas linhas paralelas, produto da civilização moderna, trazendo outros aspectos importantes da vida coletiva que ainda não foram postos à mesa.

Ao longo de todo século XIX, marcado pela Era Vitoriana em que a Inglaterra dominou o mundo do ponto de vista da industrial, econômico, comercial e naval, muitos surtos houveram pelo Velho Mundo. Estes logos se espalharam para o Novo Mundo e eram assimilados pelo Extremo Oriente. Tratava-se das revoltas sociais, movimentos trabalhistas e novas ideias nascendo a respeito do sistema que se consolidava de forma global, o capitalismo.

O desenvolvimento de aspectos importantes de uma civilização traz em si o germe para a gênese de novos aspectos, que ainda não haviam sido abordados - por desinteresse de quem coordena o processo aliado ao baixo grau de consciência das massas. Não à toa brota no Séc.XIX as teorias sociais que apontam para uma novas formas de organização da sociedade, implicando numa mudança completa do sistema econômico (geração e distribuição da riqueza) e político (poder de decisão das pessoas). Nasce o ideal de Justiça Social.

O Séc.XX traz os maiores movimentos da História: o Estado se torna social, investindo em áreas de interesse geral - mesmo que por motivos de domínio. Dois pólos de formam: capitalismo e socialismo. Ambos assumem forma material, sendo encabeçados por povos com perspectiva materialista. De um lado, o capitalismo estadunidense amplia a liberdade do indivíduo às custas de um aumento da desigualdade social; de outro, o comunismo russo cria uma igualdade (de superfície) às custas da supressão das liberdades individuais. A bandeira que um pólo levante faz o outro mitigar seus defeitos. No entanto, devido ao ritmo natural da humanidade nesse século e arranjos específicos, um modelo desmorona e o outro prevalece. Isso não significa, de modo algum, que o ideário de justiça social morre - mas sim que assume novas formas, mais aptas aos tempos.

O Estado, nesse momento, caminha para uma nova forma. De controlador e absolutista passou para ideológico e fornecedor de serviços. Agora, pessoas começam a perceber sua importância, apontando para o imenso papel que o mesmo irá desempenhar na jornada humana. De modo direto: o sistema atual, através do Estado, deve imperiosamente colocar freios no ímpeto egoísta das pessoas. O vídeo do Eduardo Moreira deixa muito claro o papel dessa superestrutura para garantir a coesão e progresso da humanidade.


Percebem? Estamos chegando num ponto em que tudo e todos (bem intencionados) começa a se unificar. Pessoas que estão lutando as batalhas titânicas no campo da ciência (descobertas), da filosofia (atitudes), da religião (significados), da política (organização coletiva), da economia (organização da produção), da arte (expressão da alma), da educação (formação do cidadão), das tarefas manuais (operação dos serviços e produção de bens). Todas, com o aumento da tensão que gera absurdos inomináveis, estão se dando conta da real batalha sendo travada. Uma batalha que assume várias formas e é muito sofisticada, mas pode ser sintetizada num embate decisivo entre Sistema e Anti-Sistema.

Percebam as palavras de Sua Voz: o ser busca a unidade política, científica e espiritual.

Para haver unidade é necessária a coesão

Fig.2: A coesão gera uma compreensão plena - o esforço em compreender o outro leva à unificação, 
que nada mais é do que a formação de um corpo coletivo coeso.

Continuemos.

"Como todos os outros, o campo político também é constituído de verdades relativas e progressivas, razão pela qual um povo constitui uma unidade em contínua evolução e o conceito de Estado está em constante progresso. Cada geração, assim como vive, por momentos sucessivos, a sua verdade artística, científica, ética e religiosa, vive também, a cada momento, um gradativo desenvolvimento da verdade política do próprio povo."

AGS, Cap. XCVII (grifos meus)

Se temos um conceito fixo (estático) de Estado, cristalizado por experiências históricas, não conseguimos captar qual a função substancial dessa entidade - ou melhor, qual seu destino. É um erro grave que a humanidade atual está pagando a cada dia, com mortes e doenças e miséria (de todos os tipos) que poderiam ser reduzidas em grau muito alto. Até mesmo quem está no poder e controle paga o preço, com uma vida perturbada, repleta de preocupações em aumentar infinitamente algo finito e dar finalidade a excessos que transbordam de lixo o planeta. Os males materiais se distribuem desigualmente - porém, a perturbação espiritual é praticamente igual e generalizada.

O monismo não foi compreendido porque ainda pouco difundido. Ubaldi iniciou um movimento que tomará proporções gigantescas. Minha vida se revela cada vez mais alinhada com um objetivo: apresentar da melhor forma possível, através do estudo, da divulgação, da pesquisa e do exemplo de vida, esses novos princípios. 

Relacionar apenas para unificar - não para gozar. ou distrair.

Agora estamos prontos para apresentar algo mais impactante:

"Compete à autoridade central do Estado, como personificação integral da ética humana, inocular no fenômeno econômico doses cada vez mais enérgicas do fator moral, estabelecendo constrições e correções que purifiquem a atividade econômica e a riqueza, para canalizá-las em direção a objetivos mais elevados. Compete ao Estado intervir e corrigir, introduzindo um mínimo ético cada vez mais elevado no fenômeno econômico, dirigindo, interna e externamente, o árduo equilíbrio das permutas para um regime de colaboração, que não é apenas compensação, mas sim unificação de egoísmos; não apenas coordenação, mas sim fusão num organismo econômico universal."

AGS, Cap. XCII (grifos meus)

Qualquer alinhamento com a visão de Eduardo Moreira não é mera coincidência. Percebem? As pessoas estão despertando para a grande verdade. Verdade de que há o absoluto e o relativo; Deus e Universo; ciência e espiritualidade; sentimento e razão; evolução e criação. E que tudo se relaciona e há um telefinalismo. 

Agora vamos a trechos do artigo da moça que citei:

"You know that feeling when you say something that sounds reasonable, and everyone thinks you’re 'acting irrational?' So you just shut up and quietly follow your intuition. A few days later, or a few weeks later, it turns out you were right the whole time. Then instead of apologizing or promising to listen better, everyone pretends they were always on your side."

Fonte: [2]

"Você conhece aquele sentimento de que quando você fala algo que parece razoável, e todo mundo pensa que você está 'agindo irracionalmente?' Então você simplesmente cala a boca e segue sua intuição por conta própria. Alguns dias depois, ou semanas, fica evidente que você sempre esteve certo. Então, ao invés dos outros se desculparem e prometerem que irão ouvir você com mais atenção, todo mundo finge que sempre esteve ao seu lado."

Tradução (adaptada) minha

Não sei se está ficando claro, mas o fenômeno relatado pela autora é profundo - se movimenta no campo das ideias e dos sentimentos - como os textos do apóstolo de Gubbio. Ela pinça um aspecto que é evidente para quem leu, estudou e compreendeu a obra de Pietro Ubaldi

As pessoas dançam de acordo com sua constituição íntima. Seguem seu ritmo evolutivo. No nível presente, essa dança é desengonçada, ou melhor, é ditada por um determinismo que impede às pessoas tomarem rédeas de suas vidas, afetando a formação de um corpo coletivo coeso. Mas há graus diversos de sociedades.

No caso da autora - que vive no deprimente EUA - boa parte das pessoas está completamente cega à realidade. Trata-se de um país que sempre glorificou o aspecto individual; aumentou os prazeres a um grau além do concebível; sustenta mais fortemente a ideologia que todo o mundo segue (a ideologia do capital). Resultado: nenhum serviço social, nenhuma preocupação com as formas de vida e com o vizinho, famílias destroçadas e conflitos incessantes. O autoritarismo assume forma neoliberal. 

E eis o método como prevalecem determinadas opiniões:

"There’s only one opinion that really matters in America, and it’s the loudest one. The loudest ones tend to get their way.

You don’t have to use logic or evidence. You don’t need reasoning. You don’t need common ground. You just have to keep interrupting and repeating your beliefs until your opponents give up."

 Fonte: [2]

"Só há uma opinião que realmente importa, e esta é aquela que fala mais alto. Os mais barulhentos tendem a impor seus métodos.

Você não precisa usar lógica e evidência. Você não precisa raciocinar. Você não precisa estabelecer um campo comum (premissas). Basta você interromper constantemente e repetir suas crenças até o ponto em que seus adversários desistam."

Tradução (adaptada) minha - grifos meus

Num mundo em que impera a lógica do involuído, a intensidade e frequência do grito estabelece o que é certo ou não. Mas o evoluído não gritam jamais - e os involuídos em busca da evolução não desejam gritar além de certo ponto. Mas os astutos e ogros do mundo vão até o fim com esse método: os primeiros de forma sofisticada - os últimos de modo bruto. Mas tanto um quanto o outro colaboram para a destruição de um modelo pútrido.

Admitir que se está errado se tornou uma coisa pior do que a morte. Isso está fazendo a ruína dos EUA (e do mundo). Mas é lá que isso se manifesta da forma mais cruel. 

"We’ve turned something as simple as changing your mind into a fate worse than death. That’s how a large slice of Americans feel. They’d rather die than admit they were wrong. Losing an argument carries a special form of stigma in this country. I think it’s because nobody simply tries to change your mind anymore. They have to insult and embarrass you first. They have to mock your opinion, and then talk to you like you’re a child. The funny thing, they’ll do this while accusing everyone else of the same thing. And yes, we do see this attitude in liberals and conservatives, but the worst of it comes from the right, as far as I’m concerned. It’s the far right who want to own the snowflakes. It’s the far right who’s willing to sacrifice everything on the altar of their own personal rights and liberties."

 Fonte: [2]

Nós tornamos algo simples como mudar a mente num destino pior do que a morte. Assim é como uma grande parte dos estadunidenses se sente. Eles preferem morrer a admitir que estivessem errados. Perder um argumento carrega uma forma especial de estigma nesse país. Eu penso que é porque ninguém simplesmente tenta mudar sua própria mente mais. Eles precisam insultar e envergonhar você antes. Eles precisam gozar de sua opinião, e depois falar com você como se fosse uma criança. A coisa engraçada é que eles fazem isso enquanto acusam todos os outros de fazerem o mesmo que eles. E sim, nós vemos essas atitudes em liberais e conservadores, mas o pior vem da direita, pelo que eu sei. É a extrema direita que quer ser o máximo. É a extrema direita que está disposta a sacrificar tudo no altar de seus próprios direitos individuais e liberdades.”

Tradução (adaptada) minha - grifos meus

E com isso começamos a chegar ao ponto inicial:

Não podemos mais nos dar ao luxo de que cada um tenha sua própria opinião

A sociedade atingiu um grau de conhecimento compartilhado, memória coletiva e tecnologia que não permite progresso a não ser em forma de organização sistêmica minimamente coesa. Para isso o Estado é vital. Se não compreendermos isso, isto é, não ditarmos os rumos da humanidade segundo a Lei, iremos sofrer consequências desastrosas. Aí que entra a questão da ordem e da liberdade.

Num mundo involuído, vencer equivale a perder - e perder equivale a vencer. Mas como realidade e querer não estão alinhados, gera-se choques. Apenas a visão trará salvação.

"Nossa concepção biológica dos fenômenos sociais e nosso conceito evolucionista do Estado nos levaram, naturalmente, a esta visão atual de um Estado cada vez mais unitário, que fica, assim, logicamente colocado no quadro da fenomenologia universal, enquadrando-se no caminho da evolução coletiva para o ápice da fase α."

AGS, Cap. XCII (grifos meus)

E logo mais adiante, a coroação do pensamento, que julgo de importância central:

"Nenhum sistema político jamais soube justificar-se mediante uma filosofia científica que remontasse à gênese da matéria, da energia e da vida. Trata-se de conclusões que, estreitadas num encadeamento férreo de racionalidade, são espontâneas e inevitáveis num organismo de conceitos e de fatos, como o são também no universo e nesta Síntese, que o descreve"

AGS, Cap. XCII (grifos meus)

Qual o segredo para alterarmos essa realidade? Maturação evolutiva. Com ela, conquistaremos a intuição - única consciência que pode vencer o mal presente.

Fig.3: Todos, de todos campos, chegarão à mesma visão.

Referências:

[1] https://www.arquidiocesedearacaju.org/post/2018/03/31/o-t%C3%BAmulo-est%C3%A1-vazio-jesus-ressuscitou

[2] https://jessicalexicus.medium.com/we-cant-afford-for-everyone-to-have-their-own-opinion-anymore-1ef575b22540

[3] UBALDI, Pietro. A Grande Sìntese.

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