Alguns anos atrás (dois ou três), no ambiente de trabalho, me encontrava na sala dos professores - haveria a reunião semanal. Houve um assassinato a tiroteio numa escola. Em Suzano se não me engano. Um homicídio cometido por um aluno armado. Numa escola - coisa comum nos EUA. Uma pessoa soltou um comentário, que ia mais ou menos assim:
"Isso não é coisa da família, da sociedade, do governo, etc...a pessoa é que tinha problema psicológico."
Eu ouvi o comentário e, como foi proferido em alto e bom som sem se direcionar a ninguém, fiz uma breve observação, expressando uma opinião que poderia ajudar todos a irem um pouco mais à fundo nas causas:
"Na verdade a sociedade e o governo também influenciam o clima que pode gerar essas coisas."
Eu não queria por um ponto final - apenas queria mostrar que o problema não se resumia a compartimentalizar um indivíduo e rotulá-lo de acordo com conveniência pessoal. Eis que essa criatura, ao ouvir, olhou para meu rosto. Sua face transmitia insegurança, medo, um pouco de raiva e coisas do tipo. Parecia não saber lidar com aquela situação, em que ou as pessoas não comentavam o que foi dito ou simplesmente reforçavam exatamente aquilo. Então, após dois ou três segundos demonstrando esse pavor facial, vira seu rosto pro lado oposto ao meu e pergunta para outra pessoa (longe da conversa):
"Fulano, que horas começa a reunião?"
Fui cortado, como de costume. E aí, ao longo dos dias, me dei conta de que não era possível desenvolver assuntos com pessoas que simplesmente não desejam sair de seu mundo.
Esse caso, em sua forma geral, ocorre em todo o planeta, a todo momento, de diversas formas.
Nós sempre fomos de defender pontos de vista particulares. Visões de mundo que são produto de nossa vida pessoal; o(s) meio(s) cultural(is) que crescemos; o(s) local(is) geográfico(s) que habitamos; e sobretudo o nosso grau de consciência. Mas no momento atual, com tanta tecnologia, informação, potência e dinamismo nos processos, esse modo de se comportar adquire características doentias que estão nos levando a um abismo - em termos de civilização.
A lei da polaridade está descrita extensivamente, com vários exemplos, no livro A Grande Síntese. Ela atesta que a realidade é unitária, mas que essa unidade (cada unidade) é composta por dois pólos. Eles podem ser visto como antagônicos a se combaterem - ou complementares a se coordenarem e evoluírem ao longo do tempo, através de interações progressivamente profundas.
A Física até hoje não conseguiu encontrar fenômenos tripolares ou multiploares, ou unipolares. Divide-se uma ímã em dois, separando os pólos norte e sul. O que obtém-se? Dois ímãs menores, cada qual com seu pólo norte e sul. Essa divisão poderia ser replicada indefinidamente até anos perdermos infinitamente pequeno - e continuaria a ocorrer o mesmo fenômeno. O que ocorre? O que isso significa?
A natureza está fora de nós e dentro de nós. Ela tem seu aspecto exterior (bem conhecido por nós através da ciência) e interior (investigada pelos aspirantes a iluminação de todas religiões). Não podemos alterar suas leis. Apenas ignorá-las, se não somos capazes de lidar com uma determinada realidade. Essas leis no entanto, apesar de constituírem o íntimo dos fenômenos, podem ser superadas.
Começamos a superar uma lei quando percebemos a sua inexorabilidade. Após esse estágio, passamos a usá-la a favor de nossos interesses, como indivíduos e espécie: aprendemos a evitar determinadas coisas a fim de nos preservarmos; estudamos coisas novas baseadas nas leis; criamos coisas que se sustentam baseado nas leis; criamos nossas próprias leis, inspirados numa verdade universal e em nossas relações sociais; e por aí vai.
Após muito exercitar esse domínio das leis físicas e químicas, passamos a conhecer novas leis, de planos superiores. Leis mais sutis, que se manifestam no campo biológico, psíquico, coletivo humano, e espiritual. Dentro de cada desses níveis há outros subníveis. Há uma continuidade que se expressa através de incontáveis degraus, formando uma corrente ascensional que revela a estrutura do Universo e a dinâmica de sua evolução. O ponto é que passamos a investigar gradativamente essas leis, observando, experimentando, constatando e aplicando.
A superação de uma lei se dá quando vive-se intensamente num plano tão mais elevado que a própria constituição do indivíduo se transforma em algo capaz de não estar preso ao campo de determinadas leis. Todo o ser se sutiliza, integralmente. E começa a poda dos seus aspectos mais grosseiros.
A gravidade não é ruim. Basta sabermos usá-la. O mesmo vale para a lei de transmissão de calor, de refração da luz, de afinidade química, da homeostase, da osmose, da telepatia e etc. Leis que regem fenômenos.
Voltemos à questão da polaridade.
Tudo é dipolo. Logo, trata-se de algo que se reproduz em todos os níveis, incluindo o humano das relações sociais (profissionais e entre colegas), familiares e afetivas. Então a existência dessa polaridade, no nível humano, seria a interação entre as visões distintas para cada extremo ir trabalhando sua perspectiva, tornando-a mais completa, complexa e flexível. Isso leva a uma aproximação dos pólos - e aumenta a frequência de trocas e a qualidade das mesmas.
Muitos (se não todos) dos problemas da humanidade seriam resolvidos se as pessoas estivessem dispostas a escutar o outro e a compreender à fundo as coisas. Criar um ambiente receptivo, agradável e (sobretudo) centrado num sistema conceitual capaz de unificar todas as contradições humanas é o passo seguinte. Esse sistema conceitual é (a meu ver) o monismo. Em especial, o de Pietro Ubaldi porque ele consegui sistematizar, de forma magistral, os grandes princípios que regem a vida. Isso não excluí todas outras crenças, teorias, pensamentos, culturas, mas antes reordena todas elas, iniciando uma unificação.
Foi dada a plataforma conceitual sobre a qual podemos apoiar nossas investigações. E um ser, através de seu exemplo de vida, nos mostrou como isso pode ser feito no mundo moderno. Sua inspiração: Cristo.
Começa a ficar cada vez mais claro o significado de tudo isso aqui sendo feito ao longo de mais de oito anos. Cada caminho trilhado pela existência do autor ganha um novo significado, que se enquadra numa ordem universal predeterminada, cujo planejamento pode ter sido feito em conjunto, com outras almas.
Compreender as leis que regem tudo, em seu aspecto mais profundo, é o caminho para a libertação.
É preciso avançar para o próximo degrau - pois o atual está desabando.
Quanto mais claro isso ficar para uma massa crítica, mais seguros estaremos.
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