sábado, 9 de agosto de 2014

DOIS TIPOS DE UTOPIA

Muitos realistas aparentes são utópicos de fato. Isto é, utópicos no mal sentido. Eles acreditam que é possível organizar uma sociedade pacífica com sistemas falidos e indivíduos desagregadores - como eles próprios. Por outro lado, muitos utópicos (aparentes) são realistas de fato. São pessoas que compreendem o estado calamitoso em que se encontra a humanidade, e tentam demonstrar que a única forma de atingir uma convivência menos dolorosa é transformando a substância das pessoas - que por sua vez levará a um novo sistema coletivo.

Enquanto o pseudo-realista (tido como realista em nosso mundo) crê que o elemento material é tudo que existe e se resolve em si, o realista (tido como utópico em nesse mesmo mundo) crê - e no fundo sabe - que o elemento espiritual é o que importa, sendo portanto capaz de reorganizar o material. Esse simples modo de conceber a vida e seus fenômenos gera um tipo biológico completamente diverso do comum. E ambos convivendo se revelam altamente contrastantes. Mas ao mesmo tempo relacionados.

O ser que atua objetivando desenvolvimento espiritual passou por inúmeras existências dolorosas, experimentando os prazeres efêmeros e ilusórios da matéria. É um ser mais - digamos - antigo e sofrido. Ele compreende o porquê de seu irmão "realista" buscar fervorosamente a matéria como um fim e rejeitar a vertente espiritual da existência. Enquanto o primeiro já passou por essa fase o segundo a vivencia. Este ignora o futuro e se espelha no passado. Aquele sente (e sabe!) que existe novidades à frente, e dá o devido peso aos três tempos, de modo que sua existência seja um FLUXO.

Utopia: rever os conceitos baseado na substância.
Internalizar erros para preparar a ascensão.
O ser espiritual passou a barreira do auto-conhecimento. Ele percebe claramente a dinamicidade da vida e a interconexão dos fenômenos do Universo. Isso agiliza seu pensamento e aflora seus sentimentos. Esses novos patamares são inconcebíveis para o mundo terrestre. E portanto, diagnosticados como doença pelo “establishment”.

O que torna a mudança lenta é o simples fato de sermos incapazes de vislumbrar um modo de vida mais elevado. É acreditarmos que vivemos numa era que atingiu seu máximo e só nos resta construir o Paraíso com os nossos sistemas, as nossas ferramentas e a nossa mentalidade. Isso sim é uma utopia. Na forma mais ingênua e nociva.

As experiências contemporâneas comprovarão que os utópicos do presente tem mais verdades do que ingenuidades. Mais ciência do que suposições. Mais amor do que ódio. Mais ordem do que caos. Mais salvação do que perdição. Mais verdades do que mentiras.

Nessa conclusão (firme, mas não definitiva) cheguei graças a uma série de constatações. Minuto a minuto. Em todos os ambientes e em todos os estudos. Isso simplesmente relacionando diferentes saberes. Aplicando uma teoria em uma prática inesperada, e observando os efeitos lentos mas consistentes, comprovando assim a unidade do Universo.

Creio que chegou o momento de redefinirmos os conceitos que enraizamos ao longo da vida (ou, para quem crê, das vidas).

Para nos libertarmos.


De nós mesmos...

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