Nós
aprendemos constantemente. Nós, seres vivos. Qualquer forma de vida,
em qualquer estágio evolutivo orgânico e psíquico. Isso significa
que existem inúmeras maneiras de assimilar um conhecimento. E após
um processo de estudo que leva à compreensão, uma série de ciclos
infindáveis de automatismos se dão. Ciclos responsáveis por
internalizar o novo saber e transformá-lo em instintos e faculdades
inatas posteriormente.
O
processo de aprendizagem é lento. Se o ser já atingiu estágio
evolutivo capaz de lhe trazer uma sensibilidade nervosa aguçada,
perceberá quão vagaroso e firme é esse processo. Um fenômeno
natural, conduzido para uma finalidade superior, com uma Lei
universal – que assume várias formas no campo físico, dinâmico e
psicológico – servindo como guia. Se a Lei é desobedecida, um
alerta é dado em forma de dor. Em seu mais amplo significado.
A
Lei é UNA, isto é, redutível a um princípio único. Mas assume
uma multiplicidade de formas em nosso Universo. Os seres humanos vão
descobrindo cada uma delas, passo-a-passo. Século a século.
Tentativa por tentativa. Assimilação por assimilação. Buscam
explicação para o que ocorre à sua volta à medida que ganham
sensibilidade e exaurem ciclos já saturados. Alguns são pioneiros e
trazem novos conceitos, teorias, invenções e sistemas. Artistas,
gênios, místicos, santos,...Cada um a seu modo, trabalha para a
evolução da humanidade. Seres dispostos a enfrentar tudo e todos em
nome de um ideal ou teoria.
Um
ciclo não se inicia sem que o precedente esteja em vias de exaurir.
Nem poderia ser de outra forma. Antes de fazer faculdade vamos ao
colégio, e antes disso ao ensino fundamental. Um casamento surge de
um namoro, este de uma amizade, e esta de um coleguismo – me refiro
a casos ideais.
Partimos
da superfície e rumamos para o íntimo. O modo de criarmos segue o
sentido
CAUSA
→ EFEITO (1)
Mas
descobrimos os fenômenos e as pessoas no sentido inverso, isto é
EFEITO
→ CAUSA (2)
Nem
poderia ser diferente. Em nosso estágio atual, percebemos pouco.
Nossa memória se atém – em sua maior parte e na maioria das
pessoas – a eventos de pouca real utilidade. É claro que ainda
assim é um fato da vida e (portanto) esse comportamento tem um
objetivo maior. Mas os caminhos poderiam ser mais suaves. E o serão,
à medida que despertarmos a consciência.
À
medida que nos depuramos vamos (re)adquirindo a capacidade de
enxergar as causas primárias desde o primeiro momento. Dessa forma
torna-se muito mais fácil identificar uma pessoa (relações
afetivas, sociais,...) ou um fenômeno (físico, químico,
econômico,...). Porque nossa mente já é capaz de captar desde o
princípio as potencialidades latentes e em vias de florescer,
baseado num potencial de observação ímpar. Eis o mistério dos
profetas.
As
relações (1) e (2) são apenas uma simplificação. Na verdade uma
causa leva a diversos efeitos (tidos como causas para o posterior).
Trata-se de uma longa cadeia.
CAUSA
1 → CAUSA 2 → ... → CAUSA N → EFEITO (3)
Da
mesma forma, o mesmo vale em sentido contrário.
EFEITO
→ CAUSA N → ... → CAUSA 2 → CAUSA 1 (4)
Assimilação. O despertar da curiosidade. |
E
as descobertas consolidadas pela ciência seguem uma cadência. Vão
sendo feitas em camadas, conforme a relação (4). Essa é a única
forma do coletivo da humanidade assimilar racionalmente e poder
aplicar em sua vida as novas descobertas. E a partir delas inventar
(máquinas, novas teorias, novos conceitos, novos sistemas, etc). O
mesmo vale para a relação entre seres humanos, que são como
cebolas. Isto é, possuem camadas que vão se revelando para quem
possui os sensores adequados.
Finalmente,
é possível falar sobre o processo de construção da personalidade
divina. Ou, em outras palavras, do florescer do ser espiritual preso
dentro de nossa vida orgânica. Trata-se de algo que pode ocorrer
simultaneamente e em ciclos sucessivos. Vale para tudo. Trata-se de
um processo em três etapas, na qual a predecessora apoia a seguinte.
ASSIMILAÇÃO
→ REPRODUÇÃO → CRIAÇÃO (5)
Como
exemplo imaginemos a música. Antes de aprendermos a tocar um
instrumento musical precisamos ouvi-lo repetidas vezes. E fazemos
isso porque gostamos da música. Nos tornamos ouvintes, e passamos a
nos regozijar com a harmonia sonora. Essa é a fase de assimilação.
Reprodução. A alegria de experimentar os efeitos da criação. |
A
seguir, se as condições estiverem alinhadas, a maturidade
desenvolvida e a coragem presente, passa-se à fase de reprodução.
Nessa fase toda experiência adquirida passivamente, aliada à
teorização mental, se lança no terreno da prática. Aí o ser
começa a engatinhar no campo experimental, realizando tentativas por
conta própria, com (muitos) erros e (poucos) acertos. E isso é
muito bom, porque a internalização do erro contém o germen dos
futuros acertos. Eis o porquê da máxima “a burrica é a base da
inteligência” é pura verdade.
Quando
o traquejo reprodutivo estiver consolidado, passa-se à fase da
criação. É a coroação de um ciclo. A glória que é tanto maior
quando mais elevado for o ciclo. Um estágio em que se encontram os
grandes compositores, escritores, cientistas, estadistas e demais
gênios, santos e místicos. Nela o ser é capaz de abstrair uma
música (por exemplo), passando-a ao papel – sem nunca tê-la
tocado, mas sabendo da sua divindade. Na verdade o ser passa a ser
uma ferramenta em contato direto com uma entidade elevada, capaz de
se elevar para o Alto e receber correntes de pensamentos
sobre-humanas, e passá-las ao papel.
A
relação (5) é de uma generalidade absoluta. Vejamos o processo em
que um garoto conhece uma garota.
Primeiramente
(assimilação), há a troca de idéias, conversas, troca de
experiências, avaliações baseadas em critérios pessoais e
aproximações sucessivas; Depois (reprodução), a vivência
conjunta, na qual haverão diversas visões de mundo que se
encontrarão pela primeira vez com uma intensidade fora do comum,
exigindo paciência e soluções criativas; Finalmente (criação),
se a etapa anterior for lidada com habilidade, haverá um intercâmbio
de ideias e ideais construtivo, alçando ambas as partes a um novo
patamar de existência.
Criação. Inspiração causada por pensamento profundo. Pura emoção. |
Um
projeto de engenharia funciona da mesma forma.
Quando
desejamos construir uma máquina (ou modelo de simulação), primeiro
devemos compreender o que se deseja (requisitos para máquinas /
representatividade para modelos). Ou seja, assimilar; A seguir,
reproduzimos. Isto é, iniciamos o processo de criação (que ainda
não é a dita cuja), utilizando ferramentas e métodos passados.
Experimentamos criações antigas para nos (re)familiarizarmos; E
finalmente, juntando componentes, sistemas (ou conceitos) diferentes,
criamos algo novo.
E
assim se dá a evolução do Universo em suas múltiplas facetas.
Social, afetiva, sexual, científica, política, filosófica,
religiosa, entre outras.
Passo-a-passo.
Ciclicamente. Ascensorialmente. Magistralmente. Divinamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário