segunda-feira, 8 de setembro de 2014

IMPULSOS VIRTUOSOS

Algumas pessoas podem se interessar pelo fenômeno do meu processo de escrita. Aliás, podem se interessar pelo de qualquer pessoa que admirem. De onde surgem as palavras, as combinações das mesmas, os temas, o tempo, a energia, a inspiração? E mais: Por quê? A interrogação mais fundamental, e portanto mais difícil de responder de forma satisfatória. Não por falta de vontade, mas por incapacidade de trazer na forma de palavras a miríade de sensações captadas (quase) intuitivamente, de forma sintética. Modos de conceber o mundo que ainda carecem de ferramentas suficientemente concretas para convencer grande parte das pessoas. Seres com capacidade racional aguçada e exigentes de explicações lógicas e sustentadas pela ciência.

Não posso responder pelas pessoas que escrevem de forma interessante temas interessantíssimos (ou vice-versa, ou de forma equitativa, o que constitui a maior das capacidades). Posso apenas responder por mim, pois este é o único ser que conheço relativamente bem. E que portanto posso avaliar. Não se trata de exaltação, e sim de uma tentativa de recapitular a gênese e o desenvolvimento de um processo que todo ser humano pode reproduzir nos mais diversos campos. Experiências, dores, auto-análise, coragem e vivência.

A princípio miraculoso, o ato de escrever bem temas importantes – como tudo – jamais deve ser forçado. O desejo ardente de simplesmente seguir uma moda, ou buscar uma recompensa (amor carnal, dinheiro, fama,...), pode ser, a princípio, elemento ignitor do processo. E pode até haver uma produção com certa substância. Mas se aquele que escreve não encontrar um novo elemento de sustentação imaterial, afirmo com segurança que sua substância vai se esvair inexoravelmente. Alguns podem objetar: mas muitos se prendem ao dinheiro e à fama e com isso ficam cada vez mais ricos, famosos e felizes. Então eu concordo, mas digo que sua verdade é parcial e encerrada na forma mental dominante. Feito isso, o desafio é lançado ao meu ser: mostre-me então o que há de mais importante a ser considerado. E amplio a visão, convidando o leitor a um giro, elevando-o a um patamar mais elevado, donde é possível ter concepções mais vastas dos fenômenos e suas causas.

Uma pessoa que é conduzida pelo sucesso material tende a agir de acordo com a materialidade que lhe possibilita tal sucesso. As relações de sucesso são bidirecionais. Você dá o que o mercado pede do jeito certo na hora certa, o mercado te devolve o que você deseja (do jeito que lhe agrade e imediatamente). É uma equação que se encerra na horizontalidade. Logo, o escrever bem é apenas relativo à sua época e ao seu meio. Ou melhor, o valor de suas palavras dependem da forma mental dominante.

Um ser conduzido por um impulso íntimo, intangível, desinteressado, é capaz de buscar inspiração nas condições mais inóspitas para a média, e a partir daí transmitir – baseado em suas experiências - idéias vindas de planos mais elevados. O que lhe vem de fora pesa pouco. Muito pouco. O sucesso é recebido de forma simples e humilde. O fracasso é aceito sem represálias. O exterior pouco influencia seu espírito criativo. Seu foco é tão intenso no interior que alguns (poucos) começam a se perguntar o que há de tão PODEROSO dentro daquele ser. Esse é o Deus imanente, que reside em TODAS as formas de vida. A diferença é que ele ainda está inacessível para a grande maioria dos seres, que se revestiram tanto de materialidade que deixaram sua essência divina enterrada.

O ser se torna cada vez menos egoísta à medida que o incêndio criativo o consome. O foco é imune à indiferença e opinião alheia. A partir daí é possível ter uma ideia, ainda que muito vaga, do místico. Sua ligação não é com este mundo, apesar de seu exemplo influenciar o íntimo dos habitantes deste, que anseiam por algo além da mecanicidade do cotidiano, e por isso são arrastados por um desejo ardente de descobrir verdades insondáveis.

Não há planejamento na minha escrita. Os temas surgem de acordo com o alinhamento do trinômio VIVÊNCIA-CATARSE-IGNIÇÃO. Ou seja, as experiências adquiridas na trajetória de vida (vivência), aliadas ao processo de exteriorização ordenada de emoções armazenadas (catarse) e a um evento que ativará a expressão (ignição). Não há segredos. Nem vontade em tê-los. Eles são contraproducentes e somente darão trabalho desnecessário.

O objetivo é despertar a potência espiritual em todos os seres, de forma que o processo de sensibilização orientada da humanidade se dê de forma mais rápida, evitando menos dores.

E por último: teoria sem prática nada vale. A vivência é MUITO mais importante do que a teoria. Sem aquela esta não passaria de uma elucubração acadêmica sem sentido para a vida. E a vida rejeita tudo que não lhe acrescenta um mínimo. Porque ela é sábia. As teorias só valem se forem apoiadas numa vivência – ou pelo menos numa observação profunda. As ferramentas (todo conhecimento) só serão úteis para dar a devida orientação.

Eis o segredo que nada tem de tal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário