Existe
um comportamento sintomático do ser humano que o torna suscetível a
males dos mais variados tipos. Trata-se do espírito de competição.
A
princípio não há nada errado em competir. O problema está quando
o espírito competitivo permeia em excesso a mente, permitindo que um
assunto, guiado por esse instinto, invada diferentes esferas da vida,
atrapalhando o desenvolvimento das mesmas de forma saudável. E
também das relações sociais com nosso entorno. Trata-se de dar um
peso além do recomendável a algo. Esse excesso de valorização
pode ocorrer por diversos motivos. Um deles (talvez o principal) é o
medo do indivíduo em se distanciar do rebanho do qual ele faz parte.
Mas a questão central é que nos preocupamos mais em vencer o outro
– em alguns casos a qualquer custo, mesmo em detrimento de nosso
bem-estar – do que vencer a nós mesmos.
Vencer
a si mesmo não é se destruir. É se renovar. É se TRANSFORMAR. É
evoluir com o tempo. É uma postura de vida que não se interessa em
estabelecer comparações com os outros a todo momento. E muito menos
se lamentar ou se achar superior a outro baseado nessa comparação.
Vencer
a si mesmo é uma meta sem prazo que, para ser atingida um dia, deve
fazer uso de meios criativos e buscar estabelecer COOPERAÇÃO com as
outras pessoas interessadas em vencerem – a si mesmas.
Desde
que surgiu, a humanidade sempre teve suas ações (individuais e
coletivas) voltadas para o aspecto competitivo. Se um povo ou um
indivíduo não consegue algo a qualquer custo, seus desejos e rezas
se voltam para atormentar aquele povo (ou indivíduo) que buscam e
tem mais condições de conseguir esse algo. E geralmente, quanto
mais próximo (culturalmente, historicamente, linguisticamente), mais
chances de ser o primeiro alvo. Passa-se a querer o fracasso do outro
mais do que seu próprio sucesso – que geralmente é obtido à
custa dos outros. E o mais tragicômico: nos preocupamos muito pouco
em buscar as causas de nosso fracasso e nos reorientarmos. E
(principalmente) em desejar o sucesso dos outros. Tensão,
desentendimento e conflito. Puro desgaste gerado por falta de estudo,
pesquisa e amor.
Somos
setas afiadas orientadas umas contra as outras. Os possíveis
alinhamentos (grupos) se dão em grande parte por motivos egoístas.
Tanto é que logo que um objetivo seja atingido por uma, ou um
desentendimento se dê, o paralelismo construtivo se torna num
cruzamento desacelerador. E assim caminha a humanidade: a passos
lentos e árduos. Tendo a necessidade de errar mais do que o
necessário.
O
dia em que nos conscientizarmos que devemos nos orientar
paralelamente, ajudando o outro ao invés de “vencê-lo”, tudo
transcorrerá de forma suave e eficiente. Isso não significa perder
nossa individualidade. Cada um de nós é uma seta com
características e modos de comportamento singular. Apenas a
orientação deve ser alinhada. Orientação vem com conscientização.
Conscientização vem com reflexão.
Não
devemos cooperar conosco no sentido de acreditarmos que todas nossas
atitudes e idéias e sentimentos sejam o ideal. Devemos competir com
nós mesmos, expondo nossas idéias a uma arena (com mentes que
operem predominantemente no plano de idéias).
Logo,
o modelo “Vencer os outros – Cooperar consigo”
Deve
ser invertido pelo “Vencer a si mesmo – Cooperar com os outros”
Porque
estamos todos INTERCONECTADOS.
A
seguinte analogia fará o leitor adquirir uma melhor compreensão do
que quero dizer.
Não
somos detentores de todas verdades. Cada ser possui uma ou algumas.
Uns mais do que outros. Mas isso não é fácil identificar nem é
passível de julgamentos, uma vez que outros ainda podem estar numa
fase de aprendizado que induz a mais erros.
Não
sendo detentores de todas verdades – e considerando o somatório
das verdades a chave para alcançarmos a salvação – devemos NOS
ABRIR para as outras verdades (pessoas, grupos). E para isso se
efetivar, muros e armas não terão o efeito desejado. Isso leva a
pessoa a adotar a seguinte linha de pensamento: estudar, relacionar,
conversar e se conhecer são ferramentas úteis para o crescimento
individual. E isso leva a pessoa a buscar teorias formuladas por uns,
idéias propagadas por outros, experiências vivenciadas por outros
ainda e compartilhar seus próprios sentimentos e idéias nos meios
receptivos a isso.
O
fluxo cooperativo inter-seres na horizontalidade cria uma REDE. Cada
ser deve pôr sua ideia em pauta (nos ambientes adequados!) e
explicar o porquê de segui-la e após uma série de rodadas de
observações do meio alterá-la, melhorá-la ou reformulá-la. Isso
é um processo individual, que requer MATURIDADE e PERSEVERANÇA. É
uma atitude que visa vencer os próprios redutos mentais que estão
se tornando engessados.
Quem
sobe sozinho sobe na ilusão.
Quem
sobe com todos sobe na realidade.
A
vitória só pode ser de todos quando todos se ajudam.
A
derrota só pode ser de todos quando todos vencem isoladamente.
A
transformação mental do ser humano há de comprovar essa máxima.
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