Quantos sonhos jamais se realizam...Mas ao mesmo tempo, quantas realidades foram sonhadas. Aliás: existe uma realidade presente que jamais foi sonhada? Todas grandes criações humanas, seja invento, teoria científica, corrente filosófica, organização coletiva, obra de arte, forma de expressão, entre outras, tiveram sua gênese no pensamento. As grandes criações começam na psique, em que a imaginação domina.
Fig.1: O crepúsculo do capitalismo moribundo sinaliza a aurora de algo novo, muito melhor.
Algo além da imaginação de muitos; algo contido em sonhos belos; algo um pouco mais próximo do divino.
Para criar algo é necessário que não haja nenhuma barreira. Por isso tudo começa pela imaginação. Não há restrições materiais, energéticas, de tempo; não há um formalismo a ser seguido ou norma a ser obedecida. Cada um de nós possui seu próprio 'método' de inspiração - apesar de muitos ainda não o terem desenvolvido minimamente. Há uma multiplicidade de maneiras de se atingir um estado inspirativo, em que a criatividade floresce e os conceitos brotam como uma nascente de rio. Assim, há incontáveis modos de se fazer verdadeira ciência e arte. Arte que eleva e inspira - Ciência que revela e expande.
O método pelo qual grandes mentes e corações atingiram grandes feitos e verdades já vem sendo difundido há um bom tempo. Frases de gênios e santos que mostram qual é a essência das coisas. Com a criação da tecnosfera - essa rede de intercâmbio de informação riquíssima...inimaginável há um século - as possibilidades de expansão da consciência são enormes. Infelizmente, devido ao atavismo, muitos ainda usam de forma inadequada essa grande ferramenta da civilização: uns perdem tempo com assuntos pouco densos; outros ficam demasiado tempo em temas que devem ser superados; outros ainda se refestelam em entretenimento sem sentido; e outros se afogam numa superficialidade de informações mal elaboradas e interpretadas, aderindo a atitudes de ódio e combate; outros se perdem na vida particular de famosos, gastando sua própria vida pessoal para observar a dos outros. Apenas uns poucos começaram uma busca orientada, filtrando conteúdo, coordenando sua busca e construindo um edifício conceitual. Essa construção, se sólida, requer uma vivência genuína.
Nas ciências da natureza (infra-humanas) há consenso nas questões clássicas. Não há debates sobre o funcionamento da lei de condução de calor, ou da geração de campos eletromagnéticos, ou da lei da gravidade, ou da lei da conservação, ou da lei da entropia. O que pode haver de discussão é a respeito do porquê de alguma lei/fenômeno se dar de tal modo: o que a 2ª Lei da Termodinâmica (entropia) diz a respeito da evolução, do tempo, do nosso destino? Por quê a substância não pode ser destruída, apenas conservada? (1ª Lei da Termodinâmica, lei da conservação) Por quê observamos analogia entre todos fenômenos do mundo tangível (elétrico, magnético, mecânico, pneumático, hidráulico, térmico, químico,...). E por aí vai. Mas os 'comos', de forma geral, já foram bem desvendados. A questão hoje são os 'porquês' - que por sua vez irão influenciar os 'comos'.
Nas ciências humanas (que também são algo natural...só que de natureza mais complexa), há divergência - especialmente quando adentramos no campo da coletividade. Nesse campo o arcabouço matemático se vê impotente para abordar a solucionar os mecanismos de funcionamento em sua plenitude. Não por ser incompleto, mas por não levar em consideração outros elementos. O determinismo do mundo material e mesmo biológico (orgânico) é temperado com um livre-arbítrio psíquico. Uma liberdade ainda pequena, que se caracteriza por ensaios de pouco alcance, sem controle e cujo conhecimento nos escapa.
Quando nos deparamos com as grandes questões da sócio-econômicas (produção e consumo de riqueza) e da política (distribuição da riqueza e participação da coletividade) há muitas divergências - especialmente em sociedades em que predomina um grau de consciência abaixo da média global. Como resultado, essas sociedades retrocedem além da conta, gerando com isso dor para todos - apesar de quem está mais acima na pirâmide social não ver dessa forma. O Brasil é um belo exemplo - mas ele não está sozinho.
A nossa luta é por ascender. É por criar uma forma de organização que permita às pessoas se coordenarem de forma mais harmônica e verem mais sentido na execução de suas tarefas. Para isso é imperativo criar tarefas (empregos) dignas, que atendam aos interesses da humanidade e - acima de tudo - satisfaçam os imperativos da vida, que é evoluir. Um emprego digno é aquele que:
a) dê ao indivíduo as condições de viver uma vida decente (bem-estar);
b) dê possibilidades para que ele cresça ao exercer sua função (se especializar);
c) dê liberdade para que o indivíduo se expresse em todas suas multiplicidades de gostos e inclinações.
Percebam que encontrar um emprego que satisfaça esses requisitos no regime atual é muito difícil. Uns poucos estão em ocupações realmente gratificantes que permitem verdadeiras criações; que realmente ajudam o mundo a se tornar um lugar mais sustentável, mais igualitário, mais esclarecido, mais eficiente, mais focado e etc. O problema é que ainda há uma barreira: alguns (ou muitos) que estão em boas condições utilizam ela para reproduzir a lógica do mundo. Só colhem os benefícios da renda (gozo da vida terrena) e da posição social (domínio dos outros), pouco produzindo para a transformação (=evolução) do mundo. Uma transformação cada dia mais necessária.
Se a mudança não vem pelo bem (=opção da criatura), ela virá pela Lei (= ação corretora do Criador). E a Lei, quando toma rédeas, fará o que deve ser feito para que nós não desviemos de rumo, gerando um atraso gigantesco. O mal vem para o bem, como diz o ditado popular. Esse determinismo férreo da Lei só atua em último caso, quando as criaturas persistem no caminho errado. A inércia na horizontalidade supérflua á tanta que o engessamento é um perigo alarmante. Por isso é necessário adquirir consciência de como o cosmos funciona.
O determinismo que circunscreve nosso livre-arbítrio é mais sábio - por isso o circunscreve. Cabe a nós descobrirmos - através das ciências, das filosofias, da teologia, do convívio, do diálogo, da reflexão, do afeto, da arte - os mecanismos de atuação desse determinismo superior. Por ora descobrimos leis no campo infra-humano. Começamos a descobrir lei que são típicas do campo humano. São as leis morais.
O reino moral também possui suas leis. A precisão delas é nanométrica. Com o conhecimento da estrutura da personalidade humana será possível calcular os efeitos de causas em nossas vidas. Cálculo preciso, matemático, sem erros. Para isso é mister expandir nossa forma mental. Não se trata de trazer revelações por milagres (que os materialistas e céticos continuarão refutando) ou de desenvolver argumentações longas e complexas (que o homem de fé continuará ignorando). Ambas abordagens não irão unificar a humanidade. Para mudar a forma mental de todos é necessário que o próprio ser expanda sua consciência - por experiência íntima.
Esse ensaio, portanto, não visa fazer a pessoa aderir a uma ideologia - mas se propõe a mostrar o que ela significa para o autor, que a interpreta de um modo mais profundo.
Enquanto no campo político e econômico a humanidade possuir uma pluralidade de visões de mundo que não se completam, não haverá solução para a civilização. É preciso que iniciemos um processo de filtração: cada grupo, cada pessoa, cada família, cada ideologia, possui uma fração (que pode ser minúscula ou pequena ou média ou mesmo boa) da verdade - mas nenhuma possui a verdade absoluta. As pessoas, insistindo em seu sistema de crença e valores, se encastelam e buscam desenvolver o intelecto apenas para argumentar a favor de seus interesses particulares - ou a aderir a religiões que tenham normas adaptadas a sua cultura e forma mental específica. É preciso abandonar esse método.
Se queremos chegar a uma forma de vida evoluída é necessário que abandonemos o método da luta - seja ela física, econômica ou intelectual. É preciso adotar o método da retidão e sinceridade. Isto é, partir da premissa de que o bem do outro é, de certa forma, um bem para mim; e que o meu bem é também um bem para o outro. Não há uma relação simples de 1 para 1, mas a rede de relações nos permite perceber de que o organismo (humanidade), para funcionar bem, deve ter todos elementos constituintes satisfeitos.
Há três predicados no monismo:
1º) A ordem;
2º) A proporção;
3º) A individuação.
A ordem garante que as funções de cada um sejam usadas de acordo com os interesses do Todo e do indivíduo. Ou seja, haverá uma hierarquia na qual cada um estará posicionado adequadamente;
A proporção garante o equilíbrio no desenvolvimento de cada um; que ele seja compatível com sua posição: quanto mais evoluído, mais eficaz serão os atos. E todos vão evoluindo;
A individuação permite a especialização (=diferenciação) dos elementos, pois num sistema é necessário que haja diversidade, que é sinal de resiliência e poder de atuação.
Isso é muito interessante, pois é um conceito sistêmico que pode (e deve) ser aplicado em cada aspecto de nossa vida - e civilização. Logo, uma ideologia que se propõe sanar problemas fundamentais humanos deve possuir em sua lógica de funcionamento esses três predicados. Mas deve-se tomar muito cuidado: devemos lembrar que ordem não é imposição de uma ideia de um grupo; que proporção é algo relacionado a oportunidades de desenvolvimentos de cada ente; e que individuação não é sinonimo de individualismo. De forma mais clara:
Ordem = organização inteligente em prol de tudo e todos, garantindo sustentabilidade do modelo.
Proporção = equilíbrio de forças e oportunidades, justiça no processo evolutivo coletivo e pessoal.
Individuação = possibilidade de especialização (liberdade), gerando seres únicos e indispensável.
O significado de cada termo precisa ficar bem claro na mente e coração das pessoas.
Os pressupostos para que a nossa espécie atinja uma organização social verdadeiramente humana são os seguintes:
1º) Partirmos todos das mesmas premissas;
2º) Sermos todos bem intencionados e claros em nossos discursos e atos;
3º) Possuirmos uma gramática comum.
Sem esses pressupostos, não há sentido em discutir modelos econômicos e formas políticas.
Por quê?
Porque se desejamos, no fundo, coisas diferentes (premissas distintas), é óbvio que à medida que desenvolvemos as ideias, mais fortes tendem a ser os choques entre as mesmas; Porque se nossos discursos e atitudes e atos tiverem sempre segundas intenções, trabalhar de forma coordenada, com a satisfação de todos, será muito difícil (se não impossível); Porque se, além disso, não tivermos uma gramática comum, isto é, uma compreensão mais profunda das palavras (textos, teorias, ideias, conceitos), agiremos baseados numa interpretação literal, presa à letra (que mata), não percebendo a essência (espírito) que vivifica.
Fig.3: Alysson Leandro Mascaro. Esse homem fala simples, direto e profundamente sobre a questão coletiva.
Homem bom e competente ao extremo. Destemido e polido. Sincero e trabalhador. Sua proposta para iniciar a
transformação: os Centros Socialistas.
Portanto, o que eu entendo como socialismo?
Trata-se de uma ideologia político-econômica baseada na sociedade. Nela, a coletividade é eixo central que deve ser nutrido adequadamente. Acima e dominante dos interesses financeiros e em harmonia com a geosfera e biosfera. Isso não significa que a coletividade pode ou deva esmagar as individualidades - individualidades riquíssimas que devem ter o direito de se recolher em seu canto e se desenvolver por conta, caso o ambiente momentâneo não seja capaz de nutrir seus interesses evolutivos (legítimos). É claro que o enquadramento se faz necessário de forma cada vez mais bruta à medida que se desce na escala de consciência do ser. Explico: um ogro só poderá ser coordenado com um estímulo forte. Ele exige ameaças e forças para não dilacerar indivíduos à sua volta. Ele necessita de estímulos fortes. Por isso muitos inconscientemente recusam um regime político e econômico que aponte para metas mais belas. Ele não se sente digno de viver num sistema assim, e o nega afirmando - de modo a transferir seus instintos para a coletividade da qual faz parte - que os outros iriam se aproveitar de condições tão boas. Eis porque o que falamos dos outros tende a ser uma revelação de nossa própria natureza.
Mas chegamos a um ponto em que as condições ecológicas e os rearranjos sociais fervem. Nossa tecnosfera está em ebulição, com interações a todo momento, de todas formas. Uma tecnosfera que começa a gerar (sem sabermos) uma noosfera - isto é, uma esfera de pensamento puro, independente dos meios materiais (ondas eletromagnéticas ou mesmo fibra óptica). Essa noosfera é o próximo estágio de desenvolvimento humano, em que se cria uma 'atmosfera' de conhecimento, acessível para as almas sensibilizadas, que atingiram uma capacidade de captar 'ondas' distintas, de frequência vibratória diferente. A intuição está mais desenvolvida nesses seres. E à medida que esse fenômeno for se evidenciando, a humanidade, tomando conhecimento dele, por experiência de familiares ou repetidas frustrações, irá seguir a onda evolutiva, crescendo em saber - mesmo que se destroçando em materialidade e recursos.
A única coisa que interessa no Universo é se desenvolver. O espírito cresce às custas das experiências. Quanto mais consciente, menos desgastante as experiências que edificam. Percebe-se a Lei, compreende-se a Lei, segue-se a Lei. A vida tem um único objetivo: evoluir. O ser deve ouvir o canto da história e com isso mergulhar nos mistérios que sempre lhe esconderam.
O socialismo é um sistema que já foi captado como sendo o próximo estágio evolutivo humano. Estamos na fase em que acabamos de ter a primeira experiência dele (século XX), permeada de contradições e dores. E a propaganda também tem suas culpas em causar confusão. Como de costume, a primeira aproximação de um conceito elevado traz resultados decepcionantes. Por quê? Porque nossa capacidade de assimilar está aquém da grandiosidade do conceito.
Jamais fizemos práticas tão ousadas a nível global. Mas é no seio do próprio capitalismo que começam a brotar as sementes de um mundo socialista:
- A criação de sistemas de saúde públicos, universais, de qualidade e gratuitos, como o NHS da Grã-Bretanha, ou no Canadá, e até mesmo o SUS do Brasil (de forma deficiente ainda), atestam que sem um sistema público robusto a sociedade sofre e os sonhos de corrompem;
- A educação pública, da creche à pós-graduação, com inclusão de todas faixas sociais independente da raça, credo, renda, patrimônio, ideologia, sexo ou orientação sexual, salva muitos países da desigualdade cultural total, viabilizando (pouco ou muito) aos pobres terem as mesmas condições dos ricos;
- O sistema tributário progressivo, com taxação de grandes fortuna ou rendas, de lucros e heranças descomunais, permite financiamento de políticas públicas como creches, previdência, criação de infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, cultura, arte, escolas, universidades, hospitais, postos de saúde, vacinas, parques, espaços de convivência, projetos. Garante que o instinto humano de acúmulo seja controlado de forma saudável, sem impedir que o trabalho honesto e benéfico seja prejudicado - ou seja, é possível juntar 5 ou 6 ou 8 milhões de dólares ao longo da vida, com trabalho de verdade, bem pago (ex.: $20 mil por mês) e uma vida ordenada, sem ser punido nos tributos ou socialmente numa sociedade igualitária;
- O sistema previdenciário público garante que o indivíduo possa descansar quando o corpo e a mente não poderem funcionar de acordo com os ditames do mercado, garantindo que a exclusão do indivíduo do mercado não significará sua exclusão da sociedade.
A liberdade deve ser total se o indivíduo estiver utilizando-a de forma a gerar sinergia, e nenhum germe de exclusão esteja contido. Muitas megacorporações trabalham a propaganda visando incitar os instintos multimilenares das pessoas, alimentando a obsessão por consumo. Não pode haver liberdade para instituições que violem princípios humanos. A propaganda alimenta nossas características do AS e escondem as do S. Por quê? Porque a lógica do capitalismo é essa. E sim...o ser humano sempre foi assim. Mas a questão é que agora, além de termos um indivíduo ainda egoísta, possuímos um sistema operando a pleno valor que está em ressonância com esses instintos.
Percebe o ponto a que que quero chegar?
A mudança vêm com a reforma íntima (=transformação interior = conscientização). Mas ao mesmo tempo o sistema dominante se tornou tão pervasivo e fundido com as mentes e corações que a atuação deve ser simultaneamente exterior e interior.
Não há reforma íntima que não culmine em luta por justiça social.
Não há justiça social que não se apoie em reforma íntima.
Isso é o princípio monista aplicado à evolução da coletividade em nível humano. Por isso eu venho afirmando de modo forte, com muita segurança, que não daremos um passo como espécie se não mudarmos nossa forma mental. Passo de verdade...não passo aparente, com criação de parafernálias eletrônicas mirabolantes, viagens fantasiosas e colônias em Marte; sexo fácil; guloseimas acessíveis e fartas; robôs supridores de carências ou coisas do tipo.
O socialismo não é extinção da propriedade privada. Muito pelo contrário: seu foco é garantir que todos que realmente produzam (e até os improdutivos) tenham condições dignas de vida. Isto inclui moradia, saneamento, água, alimento, saúde, educação, previdência, assistência, cultura e coisas do tipo. Coisas indispensáveis à vida humana, certo?
O ponto é: a propriedade deve cumprir função social - independentemente de seu tamanho. Isso significa que, se você possui uma fábrica de (por ex.) calçados e fatura $200 mi por ano líquido, você poderá manter a administração dela contanto que essa riqueza toda gere empregos decentes, esteja alinhada com o ambiente, não engane as pessoas (empregados e consumidores), faça produtos de qualidade a preços acessíveis, pense no futuro, pague os impostos, se reinvente de tempos em tempos e coisas do tipo. Tudo bem amigo. Sua propriedade está garantida. Pois vocês está fazendo excelente uso dela. Caso contrário...ela deve se sujeitar a uma análise cuidadosa. Porque a única coisa que enriquece às custas do ambiente e da sociedade é um câncer - e não queremos isso em forma de empresas certo? Então, para isso é necessário uma consciência coletiva que gere um Estado socialista que evite a exploração de um pelo outro e a submissão da vida e da Terra à ganância humana.
Temos de ser ambiciosos no espírito e conservadores na matéria. Francisco (o santo) já dizia: apenas o necessário.
Já falei de propriedade, de imprensa, de bens públicos e coisas do tipo. Uma outra questão importante é inserir um terceiro elemento no dualismo Estado e mercado: o público (ou comunidade).
Fig. 4: Cooperativa Mondragón, na Espanha. Uma implementação de um grande princípio.
É possível termos uma empresa que não seja nem estatal (controle da instituição-mor) nem privada (controle de um grupo ou família). Ela pode ser gerida pela comunidade, com liberdade grande que não a torne sujeita ao Estado nem a grupos ricos do mercado. Isso é o que ocorreu na cooperativa de Mondrágón na Espanha [1]. Se trata da maior cooperativa de trabalhadores no mundo. Há liberdade de decisão (democracia) e justiça econômico-social (igualdade) nela - pelo menos comparado ao resto das empresas do mundo. É um caso de sucesso. Num mundo socialista isso também seria abundante - pois socialismo não é estatismo. É antes social do que estatal - apesar do Estado ter um papel de coordenação vital.
Eu não sou uma pessoa formada em economia política ou sociologia. Os termos específicos me escapam. Os formalismos acadêmicos não fazem parte de meu intelectual. No entanto, capto os princípios e desenvolvo as premissas até seu grau mais prático. Para quem deseja saber melhor sobre o que é, formalmente, o socialismo, recomendo o vídeo abaixo, de Sabrina Fernandes [2]:
Tudo que apresentei de exemplos ainda não constituem de fato o que é um mundo socialista: eles apenas indicam princípios desenvolvidos em certo grau pelo mundo capitalista. Ou melhor, pela parte desenvolvida deste mundo - que abarca uma parcela de 15% da população mundial. Ao resto cabe a exploração, de forma mais branda ou menos branda.
É claro que existem subdivisões dentro dos locais ricos e pobres: há pobres e ricos na Europa, Canadá, Japão, assim como há pobres e ricos no Brasil, na Índia, na África, e etc. Mas há uma hierarquia de domínio.
O socialismo é uma superação do capitalismo - não uma substituição.
O que isso significa em português claro?
Significa que ele (socialismo) contém elementos basilares comuns ao capitalismo (ex.: globalização, comunicação, coordenação, controle, hibridismos, geração de riqueza, etc.) mas desenvolve-os de uma forma muito mais alinhada aos interesses humanos.
No socialismo a globalização será mais que econômica: será cultural, científica, religiosa e social;
No socialismo a mídia terá papel de informar e gerar público crítico- e não de omitir ou distorcer ou apenas relatar eventos;
No socialismo o Estado será elevado à função de coordenar almas - que deverão despertar em si o ímpeto de se recriar continuamente;
No socialismo haverá sexo, mas ele será cada vez menos doentio e mais afetivo;
No socialismo haverá propriedade, mas ela será cada vez mais servidora do que impositora;
No socialismo haverá liberdade, mas ela será cada vez mais praticada nos atos do que proferida apenas pela boca, e será liberdade de trabalhar com o que se deseja e expressar da forma mais criativa;
No socialismo haverá diversidade de verdade, isto é, uma multiplicidade de opiniões se manifestando livremente - sem que sejam ofensivas aos princípios basilares da vida;
No socialismo haverá ordem e arte - porque a arte irá apontar para o melhor do ser humano;
Superação é ir além dos germes que já estão presentes.
Substituição é trocar algo por uma coisa completamente diferente.
Estou despejando da forma mais ordenada os conceitos monistas para o público. Para que as pessoas possam compreender melhor o que de fato significa essa ideologia. Para compreenderem o porquê do ímpeto apaixonado e criativo, servidor e intelectual de Alysson Mascaro ser tão importante para o mundo atual.
O sonho é justo. O ideal é nobre. A intenção é das melhores. O desafio é mudar a forma mental. É nos libertarmos do medo. É percebermos que em nosso nível, para continuar o desenvolvimento, é necessário a alteração do sistema. Para isso, as pessoas devem perceber à fundo. Pois somente agimos com determinação e persistência quando realmente percebemos que o objetivo é justo.
Um artigo da revista Kosmos também aponta para essa mudança sistêmica da espécie [3]. Uma leitura à fundo perceberá que o socialismo que percebo está completamente alinhado com os imperativos da ecologia integral.
Uma entrevista recentemente dado por Fernando Haddad a Gabriela Prioli no GPS Político [4] destaca vários pontos importantes a respeito do que é um socialista libertário. É uma visão que está alinhada com um desenvolvimento saudável da sociedade. É uma visão em que não há preto ou branco - e sim um híbrido entre as várias vertentes (público-privado, Estado-mercado, etc.). É uma visão que respeita a liberdade acima de tudo (vejam no trecho final de sua fala...mas assistam o vídeo todo).
Para algo mais radical, - no sentido de transformação completa - a proposta de Alysson Mascaro é mais adiante: pretende efetivamente transformar a sociedade a partir de uma mobilização popular. É uma forma de conscientização política. Através dos chamados Centros Socialistas [5]. A proposta, se colocada em prática, pode iniciar algo interessante no Brasil. A meu ver, é necessário que haja um tempero espiritual. Mas o princípio da boa intenção já pode ser visto como um germe de esperança.
Termino por aqui, mas deixo minha visão, desejo e ideia.
O socialismo é um sonho - e será o nosso destino, se quisermos superar os atuais impasses.
Tudo depende de nossa abertura para um novo mundo...
Referências:
[1] https://cooperativismodecredito.coop.br/cenario-mundial/expressao-mundial/cooperativismo-de-credito-na-espanha/o-case-de-mondragon-na-espanha/
[2] https://www.youtube.com/watch?v=zP_Rta9B-3s
[3] https://www.kosmosjournal.org/kj_article/awakening-to-life/
[4] https://www.youtube.com/watch?v=p9trilZCJ08
[5] https://blogdaboitempo.com.br/2021/03/05/alysson-mascaro-sobre-os-centros-socialistas/
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